Capítulo 13

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Ele era a calmaria que Luísa precisava. Tudo com Pedro era simples e tranquilo, de uma forma que ela sequer imaginava ser possível. Era sobre cafunés no sofá assistindo filme, aparecer sem hora marcada, sobre a comida preferida dela em um dia difícil. Ele sabia e aprendia os detalhes. Como ela gostava do café, que trocava as toalhas a cada três dias, as músicas que gostava de ouvir.

Na primeira vez que passou a noite na casa dele, Luísa achou que seu shampoo preferido no banheiro era coincidência. Talvez fosse de Bel ou Dina. Mas Pedro fazia disso um hábito. Temperos, vinhos, frutas. Qualquer mínimo detalhe que ela não precisava repetir duas vezes. Pedro se importava.

Se importava com ela, com Dominique, com as filhas. Se importava o suficiente para conhecer Domingos, e havia sido amor a primeira vista. Se importava a ponto de fazer questão de reapresentar Luísa para sua família como namorada dele. E até mesmo se importava para pedir gentilmente que Luísa conhecesse Teresa, já que achava correto que a mãe das meninas conhecesse a pessoa com quem ele se relacionava.

Luísa se apaixonou a cada dia mais, a cada segundo mais. Por todos os detalhes que faziam dele um homem perfeito para ela. Se apaixonou por Pedro e pela forma como ele fazia com que se sentisse. Desejada, importante. Como alguém que fazia diferença na vida dele, assim como ele fazia na dela.

Borbulhava em seu peito a necessidade de dizer que o amava, e se sentia quase boba por não conseguir pronunciar as palavras. Havia tentado mais de uma vez, mas sempre desviava para dizer que ele era importante, que ela estava apaixonada, que Pedro era especial. E foram muitos os momentos.

Quando ele a levou para o primeiro encontro de verdade, segundo ele. Com restaurante, vinho e até uma dança desajeitada. Ou quando eles fizeram uma pequena viagem para a serra. Luísa sabia que o amava e sabia que ele a amava, e pelo sorriso que chegava aos olhos dele, também sabia que ele esperava que ela dissesse.

É claro que ele havia percebido, porque ele percebia tudo. Suas mudanças de humor, suas confusões, suas angústias. Como não perceberia que ela o amava, mas não conseguia expressar? Se sentia quase covarde por isso, porque nunca houve qualquer dificuldade de expressar seus sentimentos antes.

Eles estavam entrelaçados no sofá de Pedro naquela noite. Entrelaçados era a melhor forma de descrever, porque havia uma confusão de braços e pernas. Os adolescentes estavam com os amigos, e eles assistiam a mais um episódio de uma série de época. Pedro intercalava reclamações sobre fatos históricos errados com beijos no pescoço de Luísa.

Pedro sempre tentava desvirtuar aquela programação, o que fazia Luísa rir. Era inerente à ele, o que sempre levava a uma argumentação por parte dela de que poderia perfeitamente assistir sozinha. E então ele dizia que não era aquele o problema, e sim saudade.

- Você sabe que seria mais produtivo eu assistir sozinha e sem distrações? – Luísa disse, distraída, enquanto Pedro mordia levemente sua orelha.

- Que culpa tenho se você é mais interessante do que essa série? – ele resmungou.

- Não é o que você acha quando a gente assiste aqueles filmes de salvar o mundo. – o provocou. – Quer dizer que eu sou menos interessante do que extraterrestres e tsunamis?

- Você é mais interessante do que qualquer coisa. – ele riu. – Mas você só me deixa escolher o que vamos assistir depois de me deixar cansado.

- Coitado de você. – Luísa riu, virando-se um pouco para ele. – Manipulado por mim.

- Eu gosto de ser manipulado por você. – Pedro sorriu sugestivo.

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