Sex Education | NOANY |

● Capítulo 50 ●

Any

Aulas vagas eram raridades, mas sempre bem vindas. O professor de história havia faltado, e como não havia ninguém para substituí-lo, nos deram um horário livre.

Estava andando em direção a quadra, onde os meninos treinavam futebol. Não iria assistir, futebol americano não era muito minha praia.

Mas era um dia ensolarado e queria tomar sol. Olhei a arquibancada que estava um pouco cheia.

Decidi me sentar ao lado de uma garota ruiva, com um pote de cookies e um livro.

Ela me olhou e sorriu. Sorri de volta.

- gosta de futebol? - ela perguntou.

- não muito, mas é um ótimo lugar pra tomar sol. - brinquei.

- e um ótimo pra ler. - apontou para o livro.

- prazer, Any. - estendi a mão.

- prazer, Kate.

Ela apertou minha mão e sorrimos.

- quer? - me ofereceu o pote de biscoitos.

- claro. - peguei um e comi.

Ficamos um tempo em silêncio.

- você namorava aquele garoto né? - apontou para Bailey que treinava.

Assenti. Ela mordeu os lábios, não a julgava, Bailey estava sem camisa e com o cabelo bagunçado, muito gato.

- como você sabe que terminamos? - a olhei.

- vocês andavam grudados pelos corredores, agora ele anda grudado com Alana. - comeu um pedaço de biscoito.

- terminamos a um tempo, mas ele superou rápido. - sorri, sem me importar muito.

- mas algo melhor vai aparecer pra você. - tentou me alegrar.

- já apareceu. - fechei os olhos com vergonha.

- uii! Quem é o sortudo? - perguntou curiosa.

Ergui os ombros e mordi os lábios. Não iria falar sobre Noah para outras pessoas, que não fossem meus amigos, até ser sério.

Olhei para ele, disfarçadamente, e percebi que ele corria ao redor do campo.

- entendo se não quiser falar. - disse compreensiva.

- mas e você? Está gostando de alguém? - mudei o foco.

- ah, é complicado... - ela abaixou a cabeça.

- por que? - a encarei.

- o garoto que eu gosto é complicado. - peguei mais um biscoito e mordi. - ele fica me mandando sinais confusos.

- como assim? - perguntei confusa.

- ele terminou comigo a um tempo atrás, mas ontem me ligou e... nos ficamos. - parecia envergonhada. - estou com medo de...

- de ser a segunda opção? - presumi.

Ela assentiu.

- garoto nenhum vale isso. Eu fui um tapa-buraco e lhe afirmo que é uma sensação horrível. - cocei a cabeça.

- é que ele é tão legal, gentil e meu deus como ele é lindo. - enfiou o biscoito inteiro na boca.

Senti minha boca coçar aos poucos, mas ignorei e bebi um pouco de água.

- ele não pode ser tão perfeito pra valer isso... quem é? - perguntei.

Ela apontou para alguém no campo e eu segui seu dedo.

Indicava Noah.

Senti meu estômago fechar na hora.

Tive um milhão de pensamentos em um segundo.

Eu havia brigado com Noah uma noite e ele havia corrido para os braços de outra?

Comecei a tossir muito e senti minha língua e garganta queimarem.

- você tá bem? - ela perguntou e eu neguei com a cabeça.

Comecei a tossir mais alto e algumas pessoas começaram e me à olhar.

- o que tinha... o que tinha nessa biscoito? - perguntei com dificuldade.

- ah... bom leite, ovos, pasta de amendoim, gotas de chocolate... - coçou a cabeça tentando lembrar. - e baunilha.

Respirei fundo. Devia ter perguntado o que tinha no biscoito antes, eu havia comigo uma boa quantidade de baunilha.

Senti meus olhos pesarem. Minha boca pegava fogo. Olhei em volta e quase todos ali me olhávam.

- so..u alérgica. - senti muita dificuldade para falar. - bau...nil..ha.

Estava morrendo de vergonha. Vi Noah se aproximar correndo, mas apaguei antes que ele chegasse.

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