Ok. Não tinha nem dez minutos que a Bae estava na tal da reabilitação e ela já estava terrivelmente entediada. Não. Melhor. Com raiva de ter aceito o convite de sua mãe, a mulher já tinha tudo programado para esse dia e só esperava mesmo a resposta positiva de Joohyun aparentemente.
Era muito frustrante estar em uma sala com mais algumas pessoas que ela nunca veria em sua vida, ouvindo cada uma de suas reclamações. Joohyun estava bufando silenciosamente.
- O idiota que me atropelou, foi pego uma semana depois, ele estava dirigindo em alta velocidade e bêbado. Passou direto por mim como se nada tivesse acontecido, eu poderia ter morrido naquele acidente.. - Joohyun não era a única nova naquele lugar, Yoo Jeongyeon também e era quem falava agora.
- Quando eu acordei e não senti minhas pernas, foi horrível, a aceitação foi horrível. Diversas vezes eu queimava minhas coxas pra tentar sentir alguma coisa, qualquer dor era bem vinda. - Joohyun agora se perguntava se era saudável dizer coisas como aquela em um ambiente como aquele.
- No meu caso foi uma injeção mal dada. - Uma voz ao lado da Bae começou a falar. - Meu parto foi uma cesariana, era o primeiro dia da enfermeira e ela estava muito nervosa e aplicou a intenção errado. Tive uma depressão pós parto depois disso, foi difícil me recuperar.. Ainda é.
Foi inevitável para a Bae o estalar de língua que ela soltou de modo nem tão audível. Hospitais e seus funcionários inúteis, ela não tinha paciência.
E outra, ela estava cercada de cadeirantes ali? Sua mãe havia lhe dito que ela teria histórias como a dela naquele lugar.
- Eu sou cega. - Uma voz em sua frente pareceu ler seus pensamentos. - Não me lembro de ter visto muita coisa na vida. Quando eu tinha doze anos, estava ajudando minha irmã mais velha a revelar fotos, era em que ela trabalhava na época. Inventei de pegar o revelador, que é o produto químico usado pra revelar a foto, e a tampa estava aberta, o líquido caiu todo nos meus olhos.
E pela primeira vez aquele dia Joohyun sentiu pena, conseguia imaginar perfeitamente aquela cena. Uma criança de doze anos? Era realmente muito triste.
Algumas pessoas ainda falaram suas histórias, mas quando era perguntada, a menor dizia que não queria conversar. A responsável pela conversa achou que era melhor não insistir, aquela ali tinha cara de quem não iria se abrir nem tão cedo.
Quando terminou aquela sessão de uma hora - que mais pareceu quinze anos - Jihyo, que era quem estava responsável pela sessão anterior e também por mostrar o lugar para a nova visitante estava fazendo justamente isso, enquanto tentava manter uma conversa simpática com a novata.
- Sua mãe disse que você dança balé. - Jihyo começou.
- Dançava! Isso foi antes de me tornar inválida. - A Bae respondeu, no mesmo tom grosseiro de sempre.
- Isso não é verdade, você não está inválida. - Joohyun podia jurar que a garota ao seu lado tinha um sorriso idiota no rosto.
- De qualquer forma foi a coisa mais idiota que eu já escolhi fazer, me fez ficar cega.
Jihyo estava feliz em saber como a garota estava se sentindo quanto ao acidente.
- O balé não tem o dom de cegar ninguém, meu amor. - Jihyo riu antes de continuar. - Sua mãe me contou como foi acidente, e isso poderia ter acontecido em qualquer lugar.
Sua mãe e sua boca grande, Joohyun já esperava que toda sua vida tivesse sido contada para aquela mulher.
- Preferiria que tivesse sido qualquer outra pessoa.
E Jihyo preferiu fingir que Joohyun não sorria de um jeito maldoso agora.
- O que você achou daqui? - A Park mudou de assunto.
- Tediante, ridículo... Aceitar sua deficiência? Que coisa ridícula, não tente isso pra cima de mim.
- E não é por isso que você está aqui?
- Estou aqui pra provar para os meus pais que eu não preciso disso aqui, então facilite seu trabalho e o meu dia, só me deixe em paz em algum lugar.
- Tudo bem. - Jihyo sorriu mais uma vez e segurou o braço da Hyun. - Vou te deixar no nosso jardim até o fim do dia tudo bem? Só cuidado pra não murchar as flores com sua negatividade.
Terminando sua fala a doutora ajudou Joohyun a se sentar.
- Caso mude de idéia ou precise de alguma coisa, só apertar esse botão. - Disse entregando um pequeno objeto nas mãos da garota sentada. - Eu vou vir te ajudar, tudo bem? Me promete?
- Tudo bem. Obrigada. - Joohyun agarrou o botão e assentiu para a mulher sem saber que essa já havia se distanciando.
Joohyun estava meio chateada agora, não esperava ter que ficar sozinha pelo resto do dia e também nem sabia que horas eram.
- Que falta de responsabilidade! - Resmungou para si. - Eu não posso ver, e se eu me machucar? - Estalou a língua em reprovação. - Eu estou pagando, deviam no mínimo me tratar bem.
Tateou o banco e percebeu que estava sentada sozinha no mesmo, deixou o objeto repousado ao seu lado e bufou mais uma vez, não achava que era possível ter tanto tédio como estava tendo.
Alguns minutos se passaram e ela se deu por vencida e quis chamar a doutora Park, mas tateando seu lado mais uma vez não conseguia achar a droga do aparelho que ela havia lhe dado.
- Ótimo, eu vou morrer aqui sozinha. Perfeito. - Resmungou mais uma vez, antes de se levantar.
Seu plano inicial era procurar o maldito botão que provavelmente ela deixou cair, mas isso foi antes de uma cantoria baixa lhe chamar a atenção.
Era meio rouca e grave, ela não sabia explicar bem, mas era bom de se ouvir, era como se aquilo pudesse lhe acalmar instantaneamente.
Mas estava tão baixo que ela quis se aproximar para ouvir melhor, deu alguns passos e esbarrou em algum ferro, provavelmente outro banco.
- AI! Desgraça! - Exclamou e ouviu alguém rir baixinho.
- Você tá bem? Quer ajuda? - Uma voz feminina lhe dirigia a palavra agora, tocando em suas mãos.
- Você era quem estava cantando? - Joohyun pergunta curiosa.
- Sim, desculpa. Eu te incomodei? - A voz pergunta sentando a Bae no banco que estava sentada há poucos segundos.
- Não. Claro que não. - Joohyun sorriu para o nada.
- Eu nunca te vi por aqui, você é nova? - A cantora perguntou.
- É a primeira vez que eu venho aqui. - A menor respondeu.
- Ah, prazer, eu sou Seulgi. Kang Seulgi. E você? - Seulgi sentou-se finalmente ao lado da garota.
- Bae Joohyun. - Respondeu a garota.
- É ótimo te conhecer Joohyun. Faço trabalho voluntário aqui então vamos nos ver com frequência. - Sorriu a Kang.
- Na verdade não, eu não vejo. - Joohyun tentou ser o mais gentil que pôde, só não pergunte porque, nem ela saberia dizer.
- Nossa.. Me desculpe por isso, de verdade, eu não quis ofender nem nada. Me desculpa. - Seulgi tentou ao máximo se redimir.
- Tudo bem, Seulgi. Não se preocupe.
Se fosse qualquer outra pessoa não estaria tudo bem, mas, por algum motivo, tudo estava bem por ser Seulgi.
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Just wanna see you - Seulrene
Hayran KurguJoohyun teria uma vida invejável, isso se um acidente não a tivesse deixado cega. Sempre sozinha e com apenas seus pais para chamar de amigos, Joohyun se apaixona ao ouvir sua mais nova amiga Seulgi, cantando pra ela. Fanfic autoral levemente basea...