In My Head.

Motivos.

Clarke Griffin.

Naquele dia em específico, tinha acordado meio diferente. Era um misto de sensações e sentimentos dentro de mim. Estava irritada, feliz, triste e completamente decepcionada. Queria que toda aquela discussão com Octavia fosse apenas um pesadelo, mas não era e eu nem sei se ainda seríamos amigas depois disso. Confesso que, no momento em que pensei sobre o que tinha acontecido, queria mesmo que não voltássemos a nos falar. Sabia o quão rancorosa eu poderia ser, então era normal ter pensamentos de que tê-la na minha vida não fosse mais uma opção.

Parei em frente ao espelho, com a toalha enrolada no corpo e o cabelo ainda encharcado pelo recente contato com a água. Tinha cansado do meu jeito, de como eu estava e como permanecia com a mesma aparência há anos. Abri uma das gavetas, alcançando ali, uma tesoura. Fiquei um tempo pensando se faria ou não aquilo. Mas com tanta merda acontecendo, era o que me deixaria um pouco melhor. Me ver de outra forma iria deixar o meu humor e autoestima mais em cima.

— Que se foda. — Falei comigo mesma, antes de cortar um punhado da parte esquerda do cabelo.

Olhei os fios loiros caírem na pia e então continuei cortando. Não tinha mais volta. Na verdade, a cada vez que me livrava, me sentia melhor. Já tinha passado da hora de fazer uma mudança em mim.

Entrei no elevador com pressa, já que estava um pouquinho atrasada. Olhei para o lado e vi a secretária que havia me chamado no meu primeiro dia. Para não parecer antipática, acenei com a cabeça e acabei sorrindo levemente. Ela fez o mesmo, só que parecia ser mais simpática do que eu.

— Gostei do cabelo. Combinou contigo. — Disse meio sem jeito, acho que queria puxar assunto ou sei lá.

— Obrigada. — Passei os dedos pelos fios recém cortados e então sorri novamente, sem saber o que falar. O pessoal daquela empresa me intimidava muito.

— Você não é daqui, né? — Virou o rosto de novo, dessa vez abraçando o notebook contra o próprio peito. — Digo, de Nova York.

— Ah, não, não. — Balancei a cabeça em negação, a olhando também. — Eu sou de Charleston. Conhece?

Sua feição era de alguém que estivesse se esforçando para lembrar de algo. — Já ouvi falar, eu acho. — Desviou o olhar para a porta metálica do elevador, que se abriu assim que chegamos ao andar. — Sou de New Bern. — Falou enquanto caminhava para fora do elevador. — Conhece?

— Com certeza. Eu lembro de passar por essa cidade. — A segui, dessa vez andando pelo enorme corredor. — Inclusive, é bem bonita.

— Ah, então você viaja? Isso parece legal. — Disse com entusiasmo.

— Bom, costumava! Fiquei nas estradas por um ano, mas acabei parando depois. — Não queria deixar nítido que sentia falta, por mais que fosse a verdade.

— E por que parou? — Perguntou com inocência.

Tinham muitas respostas para aquela pergunta. Tantas que nem sabia como dar continuidade. Quando ia tentar responder de uma forma genérica, dando qualquer desculpa, vi Indra se aproximar de nós duas com um sorriso no rosto.

— Bom dia, meninas! — Parou em nossa frente. — Fico feliz que esteja se enturmando, Clarke. — Sua voz era suave, dessa vez passava a mão em um dos meus ombros. — Mas a Maya tá esperando na sala de fotografia, hora de trabalhar.

— Pode deixar que levo Clarke até lá, senhorita Moore. — A garota de cabelos castanhos se prontificou, abrindo um sorriso para a mesma.