Uma quase despedida.

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Mas isso não é justo! Combinamos que eu iria junto com a Lexa, não foi? — Eloá bateu o pé no chão, cruzando os braços e fazendo uma careta em minha direção, suspirei e me abaixei para ficar na altura dela.

Filha, lembra do que eu te falei, hum? Sua prima não está em um bom momento. Os seus tios foram morar no céu e isso deixou a Lexa muito triste, ela não vai querer conversar com ninguém agora. — Passei as mãos calmamente pelos ombros da pequena, notando que aquilo havia a deixado pensativa. — Por isso estou pedindo para que vá com o seu pai no outro carro, pode ser?

Eloá balançou a cabeça em afirmação e eu sorri levemente, deixando um beijo em sua testa. — Mas quando estivermos no velório, você pode dar um abraço nela. Seria um grande conforto para Lexa, afinal, quem não gosta de receber abraços? Ainda mais os seus? — Fiz uma rápida cócegas na barriga dela, qual arrancou algumas risadas dela.

Tá bom, mamãe. Eu vou dar um abraço muito forte nela! Ela nem vai conseguir respirar. — Dizia com uma confiança que só. Aquilo me fez rir em meio a um momento delicado e triste.

Tudo bem, agora vá com o seu pai. Nos encontramos lá.

Esperei que Eloá fosse ao encontro de Edward, antes que eu encarasse Liam no banco de trás. Ele permaneceu a viagem inteira de Florence até Charleston em completo silêncio. Era nítido como a morte de Charles e Margareth havia mexido com ele. Passei meus dedos pelos cabelos castanhos do mais velho, respirando fundo. — Vou chamar a Lexa para irmos, okay? Fique aqui, já volto.

Disse do lado de fora do carro, já que a janela estava aberta. Confesso que esperava uma resposta, mas não foi o que aconteceu e era compreensível. Caminhei até a porta, abrindo com calma e entrando outra vez na casa da minha irmã, passando com pressa pela sala, já que ali ainda era um lugar difícil de encarar e eu nem tinha presenciado. Imagine para Lexa, que assim que eu cheguei em seu quarto, se olhava no espelho sem expressão alguma. Pra ela sim foi doloroso. — Lexa? — Me aproximei da porta, mas não atrevi em entrar no quarto.

Desculpe atrasar vocês, mas já estou pronta. — A voz dela saiu tão calma que chegou a me assustar. — E obrigada por me levarem, não queria ter que ir com a Tia Karen. — Continuou com o rosto virado para o espelho, dessa vez ajeitava as madeixas lisas quase que sem vontade.

Karen era minha irmã, mas eu entendia o motivo de Lexa não querer ir com ela, mesmo depois dela ter insistido muitas vezes por telefone. Sua forma de lidar com as coisas era diferente do jeito que Woods parecia lidar. Karen queria falar o tempo todo sobre o cunhado e irmã, relembrar histórias felizes e até ser um pouco inconveniente quando se tratava de deduzir quem teria matado Charles e Margareth, já que ainda era um mistério. Só que dava para notar o desconforto de Lexa toda vez que ela fazia qualquer uma dessas coisas. A vontade de chorar e a forma pensativa que ficava. Acho que eu costumava ser uma das poucas naquela família que realmente prestava atenção no jeito que ela agia.

Tudo bem, eu sei o quanto ela pode ser meio invasiva às vezes e isso é ruim, ainda mais quando se trata de você. — Falei, com um pequeno sorriso nos lábios. Só ali parei para notar como Lexa estava vestida. Usava um vestido que acabava nos joelhos, de cor preta. Ele era simples, mas sabia que aquilo tinha sido um presente de sua mãe, então era valioso demais para ela, ainda mais por usar em um dia como aquele.

Já podemos ir, tia. Não quero deixar todo mundo esperando tanto, senão iremos chegar atrasados no velório. — Agora Lexa virou para mim, deixando que eu visse seu rosto. Ele estava apático, com os olhos inchados e uma feição de quem não tinha dormido nada naquela noite. Me partia o coração vê-la daquela forma.

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