Alexandria Woods.
A única coisa que consegui fazer, foi chorar. As coisas que Clarke disse me acertaram em cheio e era realmente verdade quando as pessoas diziam que as palavras tinham poder. E dependendo desse poder, elas poderiam te machucar como nunca. Eu estava machucada. Não fisicamente, mas parecia muito, porque tudo estava doendo. Meu coração doía, como não doía há muito tempo.
Mas estava cansada. De sempre sair como a errada, de ser idiota e completamente impulsiva. Cansada daquela cidade, cansada daquele bairro, cansada daquela casa e cansada de ficar ali, completamente sozinha. Tudo tinha chegado no limite e a única reação que tive, foi levantar e subir as escadas como se tivesse uma pressa enorme de ir embora sem olhar para trás. Peguei a mala em cima do guarda-roupa e comecei a jogar todas as minhas roupas ali dentro. Não conseguia parar de chorar e por um momento de raiva, comecei a socar as roupas, como se fosse adiantar alguma coisa. Pensava também que tudo isso tinha acontecido por culpa minha. Pelo o momento que não consegui me aguentar e simplesmente fiz o que deu vontade. O engraçado era que eu consegui segurar isso por tantos anos, por que não fiz o mesmo ontem? E então veio a resposta no mesmo instante: porque também estava cansada de só esperar e não fazer nada. Pelo menos não fui covarde. E daqui pra frente, não seria mais.
Talvez tenha sido um sinal para que eu finalmente seguisse em frente. Já tinha ficado em Charleston por muito tempo, mais tempo do que eu deveria. Não tinha mais minha família, nem motivos para continuar em um lugar que só me trazia lembranças ruins. Por mais que todo aquele acontecimento tenha me prendido ali, como se eu estivesse devendo algo aos meus pais. Mas eu sei que eles não iriam querer isso pra mim, nem que eu permanecesse sozinha, muito menos que eu ficasse em um lugar que sempre lembraria uma fase ruim da minha vida. Foi aí que tive o choque de realidade. Ali não era o meu lugar. Precisava recomeçar, conhecer outros lugares e pessoas novas. Ficar presa ao passado nunca faria com que eu me sentisse melhor, pelo contrário, só me puxaria mais e mais para o fundo do poço. Eu estava me afundando e demorei dez anos para perceber isso. Depois de guardar as roupas e colocar os sapatos em outra mala, peguei algumas caixas e simplesmente comecei a guardar documentos e livros importantes pra mim. Me sentia liberta. Uma parte de mim estava feliz por ir embora, por mais que não tivesse um rumo decidido. E a outra estava triste e com o coração partido por saber que aquela foi a última vez que tinha visto Clarke.
Coloquei todas aquelas caixas e malas no parte de trás do carro, fechando a porta em seguida. Nunca que eu iria embora sem ao menos avisar Raven, ela tinha o direito de saber. Foi a minha única companhia durante todos aquelas anos. Mas por que era tão difícil? Encarava a tela do celular com um aperto no coração tão grande. Respirei fundo e apertei em ligar, sem demora para que ela atendesse.
— Lexa? Ei, como você tá? — Sem tom era de preocupação. — Eu estava quase te ligando pra saber como andam as coisas aí.
— Ei, eu estou bem. — Menti. — Bom, nós discutimos e ela me disse umas coisas que me chatearam muito.
— O que ela disse? Olha, nós vamos resolver isso! Nem que eu e a Octavia tenhamos que amarrar vocês duas em uma cadeira.
— Raven... — Abaixei a cabeça e senti um nó na garganta. — Eu estou indo embora.
— C- Como assim indo embora? — Agora eu conseguia escutar um "O quê?' de Oc no fundo, meio incrédula. — Lexa, não faz isso, vamos conversar primeiro.
— Todas as minhas coisas já estão no carro.
— Eu estou indo aí.
— Não! Eu não quero ter que me despedir de você, tá entendendo? — Foi impossível não começar a chorar. — Não quero que seja um adeus.
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In My Head.
FanficO medo que existe entre uma amizade de um ensino médio é que tudo acabe. De repente mesmo. Como um clique. E tinha acabado, tão rápido, que quando Lexa se deu conta, haviam se passado dez anos desde à última vez que viu Clarke, sua melhor amiga. Se...