July.

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Clarke Griffin.

Poderia dizer que o meu maior sonho sempre foi me tornar uma fotógrafa. Não importa se eu fizesse sucesso ou não, contanto que estivesse feliz, fazendo e praticando o que mais amava. Só que, ao passar dos anos, percebi que amava outra coisa também: Estradas. E por que não juntar o útil ao agradável? Poderia muito bem sair por aí com a July — Sim, minha moto. — e conhecer o mundo, enquanto faço fotos de tudo que vejo por aí. Lembro-me de quando contei aos meus pais por telefone que iria mudar minha vida de uma hora para outra, minha mãe quase me fez desistir só pela sua gritaria do outro lado da linha, enquanto meu pai tentava acalmá-la.

Acho que não é tão fácil para pessoas que vivem uma vida monótona, largar tudo e sair pela estrada à fora. Óbvio que deixar o Kansas, minha pequena e aconchegante casa não foi nada fácil, então percebi que eu amava minha simples e boa vida por ali. Trabalhando em uma pequena empresa, fazendo fotos para os jornais ou revista das cidades. Mas, também pensava que não era só isso que eu queria pra minha vida. Virar um robô e trabalhar só para me sustentar e me contentar com isso me assustava, e muito. Foi aí que me dei conta que não gosto de rotinas, e muito menos de coisas que me prendam. No auge dos meus vinte e nove anos, mudei minha vida completamente. Peguei um pouco do dinheiro que tinha no banco e fui atrás de uma moto usada. Foi aí que July entrou na minha vida.

Um ano desde que deixei o Kansas para trás. Mas levava comigo que uma hora voltaria, ou iria recomeçar em um outro lugar. Não queria viver na estrada para sempre também, só queria conhecer mais pessoas, criar histórias e ver coisas que nunca achei que veria.

Desci da moto assim que estacionei em frente à uma loja de roupas. Meu rumo agora era Charleston, minha cidade natal. Fazia uns dias desde que recebi o e-mail da antiga escola que estudei me convidando para ir ao reencontro de formatura. Obviamente não estava indo para lá só por isso, fazia meses que meus pais imploravam para que eu passasse um tempo com eles, e bom, esse dia tinha chegado. Não negaria que rever meus amigos me deixava muito feliz, na verdade, estava bem animada para abraçar todo mundo e beber umas. Eu ainda tinha contato com Bellamy, Octavia, Jasper, Monty e Lincoln, então sempre que conseguíamos, acabávamos marcando de nos encontrar. Quer dizer, isso foi há mais de um ano atrás. Finn eu não contava mais como um amigo, não depois do mesmo ter me traído. O pior é que o nosso relacionamento durou três anos depois da formatura, e quando finalmente decidimos morar juntos, eu o pego na cama com uma mulher desconhecida. Queria poder dizer que sofri, mas percebi que pessoas assim não merecem nem um pouco da nossa tristeza.

Pensava muito em Lexa, às vezes me pegava perdida nas inúmeras memórias que criamos quando ainda estudávamos na mesma sala e morávamos perto uma da outra. Confesso que revê-la estava no topo dos meus planos, era a pessoa que eu mais ansiava em encontrar novamente. Lembro-me de quando perdi seu número, a única forma que eu tinha de contato com a mulher. Entrei em desespero, ligava para todos os nossos amigos próximos, mas nenhum deles tinha nem sequer alguma rede social dela. Até tentei contato com seus pais, mas foi em vão. O telefone ficava mudo sempre, como se ninguém o usasse mais.

Passei pela porta com o celular em mãos, meu pai me ligava, eu deduzi que fosse para ter certeza de que já estava chegando.

Fala, coroa. — Brinquei, enquanto olhava os vestidos pendurados em cabides.

Oi minha filha, ainda bem que você atendeu. Sua mãe estava quase tendo um treco por eu ter te ligado várias vezes e você não atender.

Eu estava dirigindo, não tinha como atender. Mas eu estou bem, mãe. — Falei, já imaginando que estava no viva voz. — E já estou chegando, só parei aqui para comprar um vestido pro reencontro da escola.

In My Head.Onde histórias criam vida. Descubra agora