Corte de Laços e Amor

Capítulo 2

Azriel estava com raiva, isso era fato. Mas o macho o illyriano não sabia se tal raiva, que crescia a cada passo que ele dava em direção ao escritório do irmão, era devido ao sonho que teve recentemente e que ainda estava impregnado em sua mente ou devido ao irmão tê-lo acordado no meio da noite, uma das únicas noites em que ele conseguiu se entregar ao sono.

Ele caminhava a passos largos até o escritório, sua feição estava fechada, sua postura ereta e as longas e grandes asas estavam juntas e fechadas em suas costas. Mesmo com o sentimento de raiva crescente e muitos outros sentimentos desconexos, Azriel obrigava-se a não transparecer qualquer tipo de emoção, mas todos os seus esforços foram em vão, pois assim que ele passa pelo vão da porta todos, que estavam naquele escritório, notam que o Encantador de Sombras não estava com um bom humor. E que a notícia que estava prestes a ser anunciada apenas iria piorar o seu estado.

— Não serei eu que irei dizer a ele. — Sussurrou Cassian a Rhysand que olhava para Azriel com o cenho franzido. Provavelmente pensando em como dizer o que tinha para dizer sem fazer o irmão entrar em estado de fúria.

Azriel, assim que entrou no escritório, não sentou na cadeira que Morrigan havia lhe oferecido e muito menos olhou para a família que o encarava com nervosismo, antes de dizer, ainda expressando seu aborrecimento com uma feição fechada:

— Desembuchem.

Nestha soltou uma risada anasalada enquanto olhava para Rhysand com expectativa e diversão. Ela, mesmo não precisando estar ali, estava ali apenas para presenciar o show que iria se desenrolar. Afinal, uma briga nunca era chata, pensou ela.

Amren, que estava ao lado de Nestha, encarava tudo com um tédio visível, ela queria acabar com aquilo do jeito dela, mas sabia que se fizesse tal coisa iria apenas piorar algo que já estava ruim o suficiente.

— Seria melhor que você se sentasse, Az... — Disse Feyre com calma, enquanto dava tapinhas no ombro de Rhysand, como um aviso para que ele dissesse logo o que tinha pra dizer.

Azriel, que olhava para um ponto fixo na janela, levou a atenção para a família e então percebeu o olhar vacilante que Morrigan tinha toda vez que olhava para ele, notou o modo entediado de Amren agir diante da situação dos amigos, notou o olhar de desculpas que Feyre lhe lançava, notou a feição inexpressiva que Rhys carregava e também notou a expressão temerosa de Cassian.

Azriel franziu o cenho diante do clima pesado que estava instalado no escritório.

— O que quer seja que vocês tenham para dizer... digam logo! — disse ele cruzando os braços, permanecendo em pé e olhando com impaciência para Rhysand.

O Grão-Senhor da Corte Noturna se colocou de pé e então colocou as duas mãos na mesa, se escorou nela com naturalidade e então fincou o olhar firme nos olhos cor de âmbar de Azriel. E então com uma voz calma ele disse:

— Poderá rejeitar se quiser, mas quero que saiba que não estaria te pedindo isso se não fosse extremamente necessário. — O Grão-Senhor começou mantendo o máximo de cautela — Az, preciso que me acompanhe em uma pequena e simples missão na Cidade Escavada, não será nada...

— Eu rejeito — Disse Azriel interrompendo o irmão. — Se quer espiões eu mando, se quer acompanhante mande Cassian, mas eu não piso os pés lá. — Azriel complementou. Seu tom firme foi suficiente para fazer Rhysand interromper a própria fala.

— Eu disse que era melhor esperar até amanhã. Acordá-lo no meio da noite nunca é um sinal de que ele será compreensivo. — Disse Mor, fazendo Amren revirar os olhos e Feyre lhe lançar um olhar de repreensão.

Azriel decidiu ignorar o comentário. Seu humor estava longe de melhorar e toda aquela situação só estava fazendo ele querer se jogar da janela e voar para bem longe e só voltar depois de ter certeza de que havia superado todas as coisas que o faziam ter uma constante batalha interna, especialmente uma, que ainda era uma ferida que, provavelmente, demoraria séculos para cicatrizar, se ela fosse cicatrizar.