Ámbar estava mais do que confortável enquanto lia um livro qualquer de romance, um tipo de livro que ela julgou ser razoavelmente interessante. Sentada em uma das aconchegantes poltronas da enorme e rica biblioteca de sua mansão, Ámbar fingia doar toda a sua atenção ao livro que tinha em mãos enquanto vigiava a filha pelo o rabo do olho.
Ravenna, que estava sentada de frente ao piano, tinha uma expressão entristecida e sonhadora enquanto dirigia um olhar espirituoso para a janela. Vez ou outra ela dedilhava com certa distração as várias teclas do piano, sua mente viajando para os diversos voos que fazia enquanto planava o céu como uma águia em liberdade.
— Ravenna, querida, se está tão entediada assim pegue um livro e leia-o, mas por favor não fique apenas dedilhando o piano.
Ravenna soltou um suspiro enraivecido. Ela até podia estar com o tédio, mas com certeza não seria um livro que iria ajudá-la naquela situação. Naquele momento a única coisa que Ravenna mais queria era planar no céu e dar diversas cambalhotas enquanto atingia o ponto mais alto do céu azul.
— Mamãe, quanto tempo mais terei que ficar aqui? — Perguntou a menina, com um tom de monotonia e irritação, enquanto fechava o piano e olhava para a janela com os olhos dourados brilhando de esperança.
Ámbar notando o quanto a filha estava agoniada com o seu temporário "trancafiamento" sentiu-se tentada a permitir que a filha voasse para onde quisesse, mas então lembrou-se do pedido que o pai havia feito para ela — um pedido que ele fez quase se ajoelhando para implorar — Ámbar sempre burlava as regras que o pai lhe impunha, mas no momento em que o pai implorava ela via que as coisas eram realmente importantes.
Deixando o livro de romance de lado, Ámbar andou até a filha e abraçou-a por trás com carinho. Ravenna mesmo irritada com a situação agarrou os braços da mãe que a rodeavam, como forma de retribuir o gesto de carinho.
— Oras, meu ouro, um dia só dentro de casa não irá matá-la. É apenas um dia, meu ouro, um dia. Vamos lá... não é tão chato ficar em casa! — Disse Ámbar dando um beijo estralado na bochecha da filha, que soltou um pequeno resmungo de discordância..
— É chato sim, muito chato mesmo... eu não posso voar dentro de casa, não posso correr dentro de casa, não posso andar a cavalo dentro de casa, e tudo isso é proibido porque a vovó e a Sra. Mason só faltam infartar quando veem qualquer tipo bagunça! — Exclamou a menina olhando por cima do ombro o rosto da mãe, que estava expressando o mais puro divertimento — Mamãe, eu não quero mais ficar aqui sem fazer nada de divertido! Até parece que virei uma prisioneira dentro da minha própria casa!
Ámbar soltou uma sonora risada enquanto ouvia os lamúrios dramáticos da filha, eram naquelas horas em que a fêmea se perguntava se o drama era uma das coisas que Ravenna tinha adquirido do pai ou dela, mas Ámbar não era dramática, bom, ela não se considerava dramática.
— Ravenna, filha, é só um dia! Um único e pequenino dia!
— Se é um único e pequenino dia comum, por que eu simplesmente não posso ir aproveitá-lo lá fora? — Perguntou Ravenna se soltando dos braços da mãe e pulando do banco onde estava sentada.
A garota olhava para a mãe com os braços cruzados e uma expressão que expressava o mais puro desaprovamento com a situação na qual estava inserida.
— Porque não é um dia comum. Acredite, se fosse por mim você já estaria solta lá fora, mas seu avô me implorou para que eu mantivesse você, senhorita, dentro de casa. — Disse Ámbar apertando o nariz de Ravenna, que estreitou os olhos e soltou um som de desagrado.
— É a treva mesmo! Tudo isso apenas porque iremos receber convidados? E quem são esses convidados, afinal? O próprio Grão-Senhor da Corte Noturna?! Uma rainha de uma nova corte que está ascensão?! — Disse Ravenna, alterada, jogando os braços para cima.
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Corte de Laços e Amor
FanfictionÁmbar quer fugir do Mestre Espião, quer tentar negar tudo aquilo que sente! Mas como ela conseguiria resistir ao belo Encantador de Sombras? Como resistiria aqueles beijos? E como ela resistiria aos próprios sentimentos, que já haviam se mostrado t...