show; felca

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era quinta feira, os dias da semana passaram se arrastando, provavelmente por causa da minha ansiedade pra hoje. eu ia fazer um show num dos maiores teatros de são paulo, todos os meus amigos e familiares estariam lá, pra me ver, pra ver aonde eu cheguei.

estava entrando no teatro quando notei felipe, ele não me viu e eu agradeci aos céus, mas minha felicidade durou por pouco tempo, ele se virou e começou a me acompanhar pelo caminho até meu camarim, em silêncio. uma hora não aguentei mais e perguntei:

- precisa de alguma coisa ? - disse parando e olhando irritada pra ele, ele gostava quando eu ficava assim, parecia que essa era a missão de vida dele, me irritar.

- não, só tô andando com você, você tem tanta sensibilidade a mim que não aguenta nem uma simples caminhada ? - ele diz com suas mãos no bolso e com aquele sorrisinho que me dá nos nervos.

- felipe, é o seguinte, eu já tô bem nervosa hoje, então você pode ser uma pessoa menos irritante ? - achei que ele ia simplesmente soltar um dos seus comentários sarcásticos e continuar a me encher o saco, mas ele ficou em silêncio e entrou no meu camarim.

- o que foi ? ficou ofendido ? - eu disse imitando o tom irritante que ele usava.

- não, só tô fazendo o que você pediu, mas é bom saber que você sente falta quando eu não tô te zoando. - ele diz e pega uma garrafa de água em cima da geladeira.

- e o que exatamente você está fazendo aqui ? - eu estava estranhando muito ele estar me fazendo companhia, nós éramos amigos e tals, mas não éramos tão próximos, nós não éramos esse tipo de amigos.

- você tá ansiosa, eu sei que se eu sair daqui você vai roer essas paredes de nervosismo, então eu estou aqui pra te distrair, entendeu, meu bem ? - ele disse as últimas palavras de uma forma estranha, quase que carinhosa, ou eu só estava louca, ele nunca falaria assim comigo, provavelmente foi só um sarcasmo que eu não saquei. então ele estava aqui pra me distrair ? quem será que pediu pra ele fazer isso ? provavelmente minha mãe, ela adorava ele, por algum motivo.

- quem te pediu pra fazer isso ? - ele levantou uma sombrancelha e me olhou irritado, acho que eu nunca tinha visto ele realmente irritado, era ele que me deixava irritada. me assustei um pouco com a mudança de humor dele, mas não demonstrei.

- ninguém me pediu (seu nome), eu vim aqui porque eu sei que você iria precisar de alguém, mais alguma dúvida ? - ele já tinha se acalmado mas ainda parecia ofendido, ele não pode me culpar por não esperar isso dele.

- sim tenho algumas, primeira, por que você viria aqui ? mesmo sabendo que eu precisaria de alguém, eu esperaria qualquer outra pessoa, menos você. - ele não reagiu, repousou a garrafa na mesa e me olhou, não acho que "olhou" seria a definição certa, ele me encarou, me olhou MESMO, mudei o peso de uma perna pra outra, incomodada, pelo amor de deus, por que eu estava tímida perto dele ? o que tava acontecendo ?

- porque eu me importo com você, eu me importo que você precise de alguém, e se precisa de alguém, por que não eu ? - ele ainda me olhava, e senti meu rosto esquentar, merda.

- sem problemas, só não esperava mesmo - disse e me virei de costas pra ele, fingindo que tava mexendo em alguns papéis.

- é ? e quem você esperava ? o orochi ? a gabi ? - ele deu um riso cheio de sarcasmo, mas notei que tinha algo mais... ciúmes.

- sim, por que não ? eles são meus amigos afinal. - digo me virando pra ele e cruzando os braços, eu tinha um ar humorado no meu rosto, já ele me olhava com indignação.

- e cadê eles então ?

- ótima pergunta.

- por que você nunca me considera como seu amigo ? como uma pessoa importante pra você ? e afinal, o que eu sou pra você ? - ele diz irritado e fico um pouco surpresa.

- eu não pensei que você se importasse com isso, ou que se importasse comigo, e é claro que você é importante pra mim, eu só nunca disse porque estava ocupada demais pensando em formas de te matar. - ele sorriu com a última parte e eu me aliviei, não sei por que, mas estava com medo que ele ficasse chateado comigo, ou que pensasse que eu não considerasse ele.

- e você achou alguma ? - ele disse se levantando e se aproximando de mim, recuei um pouco para trás, surpresa.

- sim, uma delas é te empurrar na frente de algum carro, acho que vai fazer efeito. - ele ainda se aproximava, agora com um sorriso no rosto.

- bom, então, você pode realizar meu último desejo antes de me matar ? - ele estava cada vez mais perto, em certo momento ele já estava na minha frente, seu corpo quase encostava no meu, e eu sentia sua respiração no meu rosto.

- e qual seria ? - eu disse tentando controlar minha respiração.

- posso te beijar ? - ele colocou a mão no meu rosto, levantando ele, já que a diferença de altura era gritante.

- você é um idiota. - sussurrei enquanto nossas bocas se aproximavam, ele sorriu antes de finalmente selar nossos lábios, que se encaixaram como se nós já tivéssemos feito isso várias vezes.

fomos interrompidos com uma batida na porta, era a hora de entrar no palco.

- pelo visto o seu plano de me distrair funcionou. - eu disse sorrindo e indo embora, deixando ele lá, olhei pra trás e vi ele com aquele maldito sorrisinho, mas agora por um motivo diferente e bem mais agradável.

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