Uma mistura de sentimentos...

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Enquanto refletia sobre tudo o que havia acontecido, Yibo percebeu o quanto suas atitudes impulsivas e palavras duras feriram Xiao Zhan. A conversa com seu primo ainda ressoava em sua mente, deixando-o em um turbilhão de emoções. Ele sabia que, em algum momento, precisariam se sentar e resolver as coisas, mas, ao mesmo tempo, desejava que Xiao Zhan tomasse a iniciativa.

Pensando em Xichen, Yibo esboçou um pequeno sorriso. Seu primo era um ótimo conselheiro, mesmo que raramente conseguisse aplicar esses mesmos conselhos à própria vida. Esperava sinceramente que Xichen e Jiang Cheng pudessem encontrar um caminho para o entendimento.

Dia seguinte...

Uma inquietação tomava conta de Yibo. O sentimento de culpa lhe roubara o sono, e ele se sentia exausto e arrependido. “Como pude machucá-lo tão rapidamente?”, ele se perguntava. Afinal, sempre se orgulhara de sua capacidade de ver além das aparências, de ouvir antes de formar opiniões. Porém, naquele momento de raiva, ele falhara completamente em ser justo. “Se ele me perdoar, será uma dádiva, mas se não... terei que aceitar.”

No restaurante, Xiao Zhan avistou Jiang Cheng, que parecia mais sombrio que o habitual.

— Ei, o que há com você hoje? — perguntou Xiao Zhan, preocupado.

Jiang Cheng soltou um suspiro pesado antes de responder, quase num sussurro:

— Por que gostar de alguém é tão doloroso?

Xiao Zhan entendeu imediatamente o que o amigo sentia. Estavam no mesmo barco, navegando em mares desconhecidos, sem saber se chegariam a um porto seguro.

— Não posso te dar uma resposta certa, Jiang Cheng. Mas, talvez, se não continuarmos tentando navegar, jamais saberemos onde esse sentimento poderia nos levar.

Jiang Cheng assentiu, com um sorriso discreto.

— Obrigado, Xiao. Acho que seu conselho serve mais para você do que para mim.

Xiao Zhan sorriu de volta, com um ar melancólico.

— Você tem razão... Eu também preciso tentar, mesmo que as coisas pareçam complicadas.

Jiang Cheng segurou os ombros de Xiao Zhan e o incentivou com firmeza:

— Vá falar com ele, Xiao. Não deixe que o medo te paralise.

Respirando fundo, Xiao Zhan agradeceu e se dirigiu até a sala de Yibo. Cada passo em direção à porta de madeira parecia uma eternidade, e seu coração batia forte. Ele não podia adiar o pedido de desculpas que sentia que devia a Yibo.

Toc, toc, toc...

— Entre — disse Yibo, sem levantar os olhos, ocupado com os papéis que seu pai lhe deixara. Só ao ouvir a voz de Xiao Zhan, ele ergueu o olhar, surpreso.

— Precisamos conversar — murmurou Xiao, sentindo o peso de cada palavra.

Yibo estreitou os olhos, a voz fria e amarga.

— Precisamos?

— Sim, Yibo. Você sabe que precisamos.

A expressão de Yibo endureceu, defensiva.

— Eu não sou obrigado a conversar com você. A menos que seja algo sobre o trabalho.

Xiao Zhan sentiu o coração apertar com a rejeição, mas continuou:

— Me desculpe pela forma como te julguei... Me desculpe pela dor que causei. Eu sei que errei e... se você quiser me perdoar, ficarei eternamente grato. Mas, se não quiser, eu vou entender.

Yibo piscou, surpreso. Sua voz saiu embargada, mesmo que tentasse controlar as emoções.

— Você alguma vez pensou em como eu me sentiria ouvindo aquelas palavras? Foi fácil pra você julgar, porque não era você ali...

— Eu sei, Yibo. Eu sei que agi mal, e por isso estou aqui. Eu não deveria ter dito o que disse — Xiao Zhan confessou, sua voz falhando, os olhos marejados.

A dor nas palavras de Xiao Zhan tocou Yibo profundamente. Ele se virou de costas, incapaz de encará-lo naquele momento. Não queria que Xiao visse as lágrimas em seus próprios olhos.

— Eu preciso de um tempo para pensar... sobre suas desculpas — murmurou Yibo, a voz trêmula.

Xiao Zhan respirou fundo, lutando contra a dor que lhe apertava o peito.

— T-tudo bem... Tchau — disse ele, a voz mal saindo enquanto deixava a sala, sentindo-se sufocado.

Assim que Xiao Zhan saiu, Yibo desabou em lágrimas, finalmente permitindo que toda a tristeza e mágoa escapassem. Ele passara tanto tempo se fechando, mas as palavras sinceras de Xiao Zhan fizeram as barreiras caírem.

Do lado de fora, Xiao Zhan caminhou rapidamente até a saída do restaurante, o coração batendo forte, as lágrimas finalmente escorrendo livremente por suas bochechas. Sentia-se sozinho como nunca, sem saber se encontraria consolo em algum lugar. Vagou até a praia próxima e se deixou cair na areia, observando as ondas quebrando na costa.

— Mãe, Pai... se vocês ainda estivessem aqui, eu não estaria tão perdido — murmurou Xiao Zhan, as palavras abafadas pelo som do mar.

Ali, naquele momento solitário, ele chorou até não restar mais forças. Tentou encontrar alívio no silêncio e na vastidão do oceano, mas a sensação de vazio e perda o consumia. Ele estava mais sozinho do que nunca, mas talvez, ao permitir que suas lágrimas corressem livremente, estivesse começando a abrir espaço para um novo começo.

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Olá amores 💖
Espero que tenham gostado !!

O filho do Patrão Onde histórias criam vida. Descubra agora