Palavras duras, machucam..

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Assim que Yibo entrou no apartamento e viu Xichen, ele sentiu as lágrimas voltando, uma avalanche de sentimentos represados durante tanto tempo. O olhar preocupado do primo foi suficiente para quebrar a última barreira que o sustentava.

—"Yibo, o que houve?" — perguntou Xichen, notando de imediato o quanto o primo estava arrasado.

Yibo tentou resistir, tentou manter a pose, mas seu coração estava despedaçado, e o esforço em manter aquilo tudo dentro de si foi inútil. Sem dizer uma palavra, ele começou a chorar de forma descontrolada. As lágrimas desciam em soluços profundos, e Xichen o segurou, acolhendo-o em seus braços. Ele conhecia Yibo o suficiente para entender que aquela dor não era só por hoje; era um acúmulo de mágoas, perdas e um peso que parecia insuportável.

—"Está doendo, Xichen... está doendo demais, por favor, faça parar" — sussurrou Yibo entre lágrimas.

Xichen apertou o abraço, passando-lhe uma mão carinhosa pelas costas. Ele sentia cada tremor do primo, como se a dor dele fosse também sua. Depois de algum tempo, esperou que Yibo respirasse fundo e disse:

—"Ninguém sabe, Yibo... ninguém sabe os fardos que você carrega, as noites que você passou em claro, tentando lutar contra o que parecia invencível. Ninguém viu os momentos em que você quase desistiu, mas escolheu seguir adiante, ainda que seu coração estivesse partido." —Ele fez uma pausa, segurando o rosto de Yibo e olhando fundo em seus olhos.— "Só você sabe. Só você sentiu."

As palavras de Xichen penetraram fundo em Yibo, tocando nas feridas abertas que ele mal sabia que tinha. Ele sabia que Xichen entendia, sabia que ali estava alguém que o amava e o conhecia, mesmo quando ele mesmo se sentia um estranho em sua própria vida.

—"Eu... não sei como me sinto",— Yibo sussurrou, a voz quase sumindo. —"Já faz tempo que eu parei de sentir certas coisas, mas com ele... com Xiao Zhan, foi como se tudo o que estava adormecido voltasse à vida. Mas aí... ele disse coisas que me machucaram, e agora estou vazio, perdido, magoado..."

Xichen segurou os ombros do primo com firmeza e gentileza. —"Yibo, entendo que você esteja machucado, mas se você quer que algo verdadeiro nasça entre vocês, precisa abrir o coração, deixar que ele veja quem você é, com suas feridas e tudo."

Yibo ouviu as palavras, sentindo um peso estranho, entre alívio e medo. Ele sabia que era verdade, mas o passado ainda o atormentava, e ele temia que tudo pudesse ruir de novo.

—"Sempre esperei encontrar alguém a quem pudesse confiar meu coração de novo, mas parece impossível agora..." — confessou Yibo, os olhos vagos, perdidos no passado.

Xichen o olhou com seriedade e ternura. —"Yibo, você não pode esperar que alguém cure suas feridas se você não se permite ser vulnerável. Antes de amar alguém, você precisa fazer as pazes com o que passou."

Xichen respirou fundo antes de continuar. —"Não deixe as vozes dos outros determinarem o que você sente. Não permita que uma dor antiga estrague algo novo, que pode ser bonito. As pessoas cometem erros, Yibo, todos nós. Ninguém é perfeito. Mas isso é o que nos faz humanos, o que nos faz precisar uns dos outros."

Essas palavras penetraram fundo no coração de Yibo. Pela primeira vez, ele começou a ver que talvez o que sentia por Xiao Zhan fosse um presente, uma chance de começar de novo, mas que isso dependia de sua própria escolha.

Xichen se aproximou e colocou uma mão gentilmente sobre o peito de Yibo. —"Há um coração batendo aqui dentro. Um coração que merece ser amado e respeitado, mas que também precisa confiar de novo. Não seja prisioneiro do passado, Yibo. Dê a si mesmo a chance de viver algo verdadeiro. Pense no que você realmente quer. E faça isso por você."

Com um beijo suave na testa do primo, Xichen se afastou, dando-lhe espaço para refletir. Yibo sentou-se sozinho na sala, deixando as palavras do primo ecoarem. Ele sabia que tinha uma decisão a tomar. O amor que ele sentia por Xiao Zhan era real, mas seria forte o suficiente para enfrentar os fantasmas do passado?

Só ele poderia responder.

( Pensamento de Yibo) ---- Dezesseis anos. Essa ideia surgiu em sua mente sem explicação, mas com uma clareza absoluta. Por dezesseis anos, ele havia carregado uma sensação de vazio que ele mal sabia que tinha, uma expectativa que nunca pôde nomear. Até agora. Era como se algo em seu coração reconhecesse o outro, como se suas almas já tivessem se cruzado antes, em um tempo distante, em um lugar além do entendimento humano.

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Beijinhos, até o próximo capítulo!!✨🩷

O filho do Patrão Onde histórias criam vida. Descubra agora