Saímos do tal quarto improvisado — mas que achamos uma gracinha — e fomos para a tão esperada festa que eles fizeram para me receber.
Por que esperada? Claro que é para ver o cabritinho... ou o homem que o carregava... ah, vocês sabem bem porque quero ir para a festa.
Às vezes acho que já vi aqueles olhos em algum lugar. Outras acredito que estou pensando demais em alguém que acabei de conhecer. Tem horas que tenho certeza de que já ouvi aquela voz... daí eu penso: como, se nunca vi o Max na vida? Como eu esqueceria daquela beleza totalmente exótica e chamativa?
Impossível. Tenho certeza de que seria impossível.
Tá... então por que eu já conheço essa voz? Como meu cérebro insiste em dizer que eu já conversei diversas vezes com ele?
Isso tudo é tão confuso, assustador e instigante ao mesmo tempo. Nunca fiquei assim por homem nenhum. Por mais que eu seja do tipo que se apaixona fácil, nunca fiquei desse jeito por causa de um homem. Ainda mais estando em um lugar repleto de gente bonita.
Caminhamos alegremente — enquanto Camila falava sozinha, porque eu estava pensando no Max e não dando atenção a mais nada. — Até que chegamos ao local da festa e nos surpreendemos com tudo o que fizeram. Estava tudo tão lindo!
Transformaram uma carroça em mesa e colocaram sobre ela bolos, pães, sucos, frios, alguns girassóis para ornar e muitas frutas. Certeza de que as frutas e os sucos Detox eram para mim, mas vou fingir que não vi.
Fomos recebidas com olhares de surpresa e gritinhos histéricos vindos de pessoas que eu ainda não tinha visto. Eu só ria e fingia surpresa também, por estarem me olhando com tanta admiração.
— Tem algum famoso aqui? — Olho para os lados, ouvindo risadas por causa de minha atuação exagerada. — Me conta, também gosto de dar gritinhos.
Nícolas se aproxima, com seu jeito gentil e me apresenta a alguns professores.
Meu Deus, quanta gente bonita! Sinto que vou morrer de ilusão nesse lugar. Porque cada um que vejo, já nos imagino indo adotar um cachorrinho no abrigo, para completar a nossa família de sete filhos, dois gatos, um peixe dourado e uma tartaruga chamada flash. Nada de cabritos, porque isso é exclusividade do Max.
— Irene? — Olho para trás achando ser a pessoa que não saía da minha cabeça, mas era meu chefe, me fazendo perder o sorriso imediatamente. — Esperava alguém? — Dava para ver o amargor em seu sorriso, mas não estou nem aí.
Se aproximou, cumprimentou as pessoas, olhou com um pouco de desdém para os homens a minha volta e abraçou minha cintura. O que me incomodou bastante.
Saio do abraço, deixando claro que não gostei daquela intimidade e não estou nem aí para a surpresa e comoção que meu jeito brusco de me defender causou. Anderson sabe bem que detesto que ele me toque, principalmente perto da Camila, mas ele também sabe ser inconveniente.
— Esperava não te ver, mas nem tudo é perfeito. — Respondo e rio, vendo ele achar que eu estava brincando... ou não, mas, como era de se esperar, não ligo.
A vida difícil que levo por causa deste homem e da minha carreira, me fez perder um pouco da piedade. Ele se aproveitava da minha gratidão para aprontar, mas já passou da hora disso parar. Eu quase morri, há uns meses, por causa de distúrbios alimentares e isso me fez ver que eu tenho muito o que mudar em minha vida.
Anderson me perseguia, eu comia para matar a irritação e o complexo de culpa por causa da Camila. Daí eu ganhava peso. Depois eu precisava fazer regimes loucos para continuar sendo — o que ele chama de — perfeita.
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Irene - Sob a Lente do Amor
RomanceIrene Campos, hoje conhecida como Irina Campelo, renomada modelo da agência Andystar, tem fixada em suas lembranças o primeiro passo dado rumo à profissão de modelo. Quem diria que uma competição em seu antigo bairro, lhe renderia um título e, como...