Capítulo 8 - Irene

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Este lugar é lindo à noite. Tem tantas luzes. O vento gelado em meus cabelos me faz sentir que estou realmente viva e o som da natureza me dá a força que preciso para continuar.

Até quando precisarei ser forte, quando tudo o que quero é chorar e gritar para o mundo todo que não aguento mais?

Me sento perto de um jardim, sentindo o cheiro das flores e me curvo até colar meus joelhos em meu peito. preciso me abraçar para me consolar e me dar forças.

Como a minha confidente desapareceu, perdi meu sono e decidi correr um pouco para aliviar a ansiedade. Vou passar por sérios problemas se for demitida. Também sei que vou perder um bom dinheiro se eu pedir demissão, mas já tomei minha decisão: chega disso tudo!

Se Anderson não me demitir, vou quebrar o contrato e buscar outra agência. Há alguns meses o irmão do Dante, o Dominique, se ofereceu para pagar a minha multa, caso eu fosse para a agência dele. Será que esta proposta ainda está de pé?

Sei lá, melhor não fazer isso. Sei quão perigoso o Anderson é, então é melhor eu ficar quieta por um tempo e depois tentar voltar ao mercado. Não posso deixar mais ninguém em perigo e, certamente, o Dominique será atacado por minha culpa.

— Não deveria estar aqui fora, sabia? — Nícolas quase me mata do coração e coloca uma grossa coberta sobre meus ombros. — Quer beber algo?

De baixo para cima ele é ainda mais fofo. Esse ruivinho deve ser um bom namorado. Pensa em um homem cuidadoso...

— Água... ardente. — sorrio, tentando disfarçar meu sofrimento.

— Tenho chocolate quente, mas posso colocar pimenta para ficar ardente. — Max chega em seguida, com um copo fumegante. — Não tem muito açúcar.

— Não importa mais. — Aceito a caneca e lhe dou o melhor sorriso que consigo. — Obrigada, vocês são os melhores.

Não menti. Eles são uns fofos. Dá vontade de guardar em um potinho...

Um deles dá vontade de guardar embaixo da minha coberta, mas vamos deixar essa parte para depois. Né?

— Nossa brincadeira fez o senhor Anderson ficar bravo, não foi? Desculpa, achei que você fosse assim, divertida, o tempo todo. — Nick olha para Max, que apenas confirma e abaixa os olhos.

— É o meu jeito. Sempre brinco assim, mas pelo visto, as pessoas que costumo brincar me levam mais a sério que as que não brinco. Enfim, o que fazem fora da cama? Vocês precisam acordar cedo, não se atrapalhem por minha culpa.

Eles se sentam, cada um de um lado e me sinto a poderosa das galáxias. Estou cercada de gatos e não estou pegando nenhum... do céu ao chão em uma frase... oh, vida cruel!

Dramática...

— Somos responsáveis por seu bem-estar. Enquanto estiver aqui, seremos sua equipe de apoio. — Pensa na vontade que tenho de morder o Nick...

O problema é que sou capaz de morder mesmo... Acho que estou um pouco carente.

Acha, é? Nossa! Nem notei, migona!

Preciso de tratamento. Urgente! Estou sofrendo de faltadebeijoagudoedesesperador. É um mal seríssimo... pode até matar! Você morre de ilusões com todo gatinho que passa na sua frente.

Como diz o carinha de Todo Mundo Odeia o Cris: "Trágico!"

— Só não te daremos coisas que engordam... Depois desse chocolate. — Max ri de si, por achar ter feito coisa errada.

Ainda me pergunto de onde ele tirou que sou namorada do Andy? Quem falou isso para ele?

— Então me levem para cavalgar? — Minha voz saiu tão manhosa, que nem me reconheço.

— Não podemos usar os estábulos... E agora, Max?

Os dois se olham e logo nasce um sorriso nos lábios carnudos que estou louca para beijar...

Como eu sou sem vergonha. Misericórdia!

— Podemos usar o bugre. — Max aponta para um carro baixo e aberto, que me faz sorrir. — Vamos dar uma volta?

O futuro genro da minha mãe estica a mão para receber a chave, mas o ruivo parecia estar com medo.

— Se acontecer algo vou ser morto. Não tenho como pagar outro para o tio da manutenção. — Nick olhava para mim e para o carro.

— Eu pago. — Me levando e tiro as chaves da mão do Nick. — Vocês foram induzidos por mim, então tomarei a responsabilidade.

 — Vocês foram induzidos por mim, então tomarei a responsabilidade

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Acordo em minha cama, não sabendo como ou quando fui parar ali. Camila me olhava apreensiva e a mala ao seu lado mostrava que a retaliação já tinha começado.

— Andy cancelou?

— Não, só me mandou para uma sessão da Lívia. — Cami revira os olhos, mas não me olha novamente. — É boicote, mas não vai ficar barato, amiga.

A Camila estava sendo mandada para a modelo mais insuportável da agência e que vive dando em cima do Andy. Ele fez de propósito e sabemos disso. Não é à toa que ela está com essa cara de enterro.

— Ainda vale a pena te dar bom dia? — Rio, porque Camila riu primeiro. — Vá, minha amiga. Você é importante para agência.

— Você também! É a modelo mais rentável. Gente que não sabe separar o pessoal do profissional é uma merda, sinceramente.

Nisso Camila sempre foi melhor que o Anderson. Ela pode estar morta por dentro e dominada pelo ciúme, mas nunca, em dia nenhum, deixou que isso afetasse a nossa amizade. Às vezes ela fica mais mordida, some, mas logo volta e se desculpa.

"Não posso deixar um homem atrapalhar o que vivemos desde que nos conhecemos." Ouvi bastante esta frase e sempre dou uma nova chance a ela.

— Vou ter que voltar de ônibus, né? Acho que ele não mandará ninguém para me levar.

— Tentarei vir te buscar, mas não posso garantir. — Cami vai até à porta, mas aponta para uma muda de roupa no cabideiro. — Faça as melhores fotos da sua vida. Mostre que você é a nossa Irene.

Pode ter certeza, Camila... pode ter certeza...

Ela me olha de um jeito que me deixa um pouco assustada e muito triste. Dava para sentir tristeza e dor em seu olhar. Ela também parecia assustada, mas por que eu sentia uma boa dose de ódio vindo dela?

— Cami... está tudo bem mesmo?

Irene - Sob a Lente do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora