Capítulo 19 - Irene

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Estava na salinha reservada, esperando o resultado do julgamento, quando a porta se abre e o homem mais lindo do mundo se aproxima de mim.

— Obrigada por trazer a Cami. Nem sabia que ela tinha acordado. Me senti em uma novela mexicana ou em episódios de Lei e Ordem, mas foi muito legal.

Rio, abaixo a cabeça e fico totalmente sem jeito. Nunca imaginei que ficaria assim, mas sou surpreendida com um calor delicioso me dominando. Como amo esse abraço.

— Você é a maluquinha mais linda deste mundo, sabia? Estou muito orgulhoso do que você fez. Tinha tudo para destruí-lo, mas não deixou a raiva e coisas pessoais te cegarem. O certo é certo.

Confirmo, me aconchegando ainda mais em seu peito e ouço sua risada gostosa, antes de receber um beijo na testa.

— E aqui, nadinha? — Olho para cima, fazendo biquinho, mas ele nega e eu me balanço irritada. — Como você pode ser tão ruim assim comigo?

— Eu não posso fazer isso sem te contar a verdade, Irene. Não quero começar nada mentindo para você.

Me afasto de seu abraço e duzentas mil coisas passam pela minha cabeça, mas o pior era pensar que ele já era casado.

Me senti uma devassa e aquilo me deixou com nojo de mim mesma.

— Não é nada do que você possa estar pensando, Irene. Me escuta... Eu precisei fingir ser outra pessoa, para me esconder do meu pai. Eu não queria ser quem meu pai queria, eu tinha que ser fotografo, como minha mãe foi, mas meu pai não queria.

Fico mais calma, não parecia tão ruim quanto achei que seria.

— Alguém viu o Duncan? Ele estava aqui agora! — Escuto a voz do Dante e tento chegar até a porta, mas sou interceptada.

— Não vai, me deixa contar primeiro.

— Preciso achar este Duncan. Esse sem-vergonha não trabalha direito.

Por que o Max está rindo? Por que ele está batendo na testa de novo? Ai, gente! Por que todo mundo faz isso agora?

— Maxwell Duncan Debbouze, como você me deixa sozinho com a Camila? Ela vai jogar aquela cadeira de rodas na minha cabeça!

Vocês ouviram este barulho?

Foi o som do meu queixo batendo no chão.

Socorro!

O Duncan é o MAX?

O Max é o DUNCAN?

Quanto tempo eu dormi?

Ele me encarava e seus olhos diziam tanto. Ele pedia desculpa e que sentiu minha falta em um só grito, mas não emitia som algum.

Puxei meu fotografo para meu peito, porque o doente do Dante bateu nele, e o ameacei com o copo descartável — foi a primeira coisa que achei — e fiquei entre os dois.

— Não encosta no meu mentiroso, safado, ordinário... — Dante arregalou os olhos, encarando o primo, que devia estar rindo. — Porque tenho que matar ele primeiro.

Giro em meu eixo e ainda consigo ver o sem-vergonha parar de sorrir e ficar apavorado.

Todas as nossas conversas, desde que comecei a dar em cima dele, passam pela minha cabeça e só aí entendi porque ele sempre dizia que era complicado, que não queria me enfiar em suas confusões e que não podia ficar comigo no momento.

ELE NÃO QUERIA MENTIR PARA MIM...

Mas mentiu... não, ele omitiu... mas não gostei... mas ele foi honesto em sua desonestidade... aí, tô tonta...

Irene - Sob a Lente do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora