2. Despedidas

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[N/A: Eu amei a recepção a esse primeiro capítulo! Obrigada, obrigada, obrigada pelo carinho! Esse é o último capítulo antes do (primeiro) salto no tempo! Espero que curtam, e até já!]

"Não acredito que realmente vai fazer isso." Ethan disse apoiado na porta do quarto de Steve, enquanto o mais velho fechava o zíper da penúltima mala. Suspirando, se virou para encarar o irmão. A expressão beirava o choro, mas Ethan estava mais indignado do que qualquer outra coisa. Sentindo um formigamento no couro cabeludo, Steve desviou os olhos.

"O que posso fazer? Se o papai está comido de remorso por ter nos deixado e quer me mandar para Cambridge, não serei eu a dizer não."

Ethan rolou os olhos, alisando a camiseta com o rosto de Woody, do Toy Story. Os cabelos loiros cortados bem curto ainda remetiam ao verão que findava.

"Não seja um vendido, Steve."

Mordendo os lábios por dentro, ele voltou a dobrar as roupas que ia dentro da enorme última mala.

"Não é questão de ser vendido. Eu sempre quis ir para Cambridge."

Ouviu o irmão sussurrar "tanto faz" sob a própria respiração e sair do quarto, descendo a escada fazendo barulho desnecessário. Tirou os óculos e esfregou os olhos.

Fazia um ano e meio que o pai deles tinha traído a mãe com uma mulher bem mais nova, e como não podia deixar de ser, o maior escândalo do mundo tinha se armado. Sarah tinha colocado Joseph para fora de casa, e o divórcio tinha sido uma bagunça. Não por parte dele, que, talvez pela vergonha, não fez resistência alguma a nenhuma das exigências da ex. Mas, bem, Ethan tinha apenas doze anos, e Steve dezesseis. O mais velho tinha discernimento o suficiente para entender o que tinha acontecido, mas o caçula não, e tudo aquilo se transformou em ódio.

Não que Joseph fosse a pessoa preferida de Steve. Mas quando o pai se voluntariou para pagar o curso de Música e todo o resto, ficou difícil dizer não. Nem mesmo Sarah julgou o filho por ter aceitado - era um sonho que ela não tinha condições de pagar. Não mais, pelo menos. Não com o salário de professora do Ensino Fundamental enquanto o pai era um arquiteto de renome em toda a região do Vale.

Ouviu o portão de madeira se abrir no andar de baixo e uma voz estridente que conhecia bem dizer "Oi, Senhora Rog- Sarah!". Balançando a cabeça num movimento negativo para si mesmo, sabia que era hora de descer as escadas e cumprimentar Natasha.

Ao chegar no pavimento inferior, viu a amiga com os cabelos soltos e os indefectíveis óculos pretos. Vestia uma camiseta larga demais para ela, com a cara da Marge Simpson estampada. Nada fora do comum.

Natasha tinha acabado de entregar uma torta de maçã para Sarah, que estava agora de costas para os dois.

"Hey, vendido." ela disse, exagerando o tom, claramente debochando de algo que Ethan já tinha contado. Rolando os olhos, Steve a trouxe próxima de si em um abraço.

"Sua mãe fez torta de maçã?"

Natasha riu irônica.

"Claro que não. Eu que fiz, a pirralha me ajudou. Minha mãe está correndo para entregar todas as encomendas que tem."

Melina era uma boa costureira, mas não tinha todo o equipamento nem a ajuda necessários para dar conta de todas as encomendas das interessadas do Vale. Por conta do longo tempo de espera, muitas clientes acabavam desistindo. Dessa forma, ela trabalhava quase dezesseis horas por dia para dar conta de tudo e pegar o máximo de pedidos possíveis. O pai de Natasha, Alexei, tinha voltado para a Rússia. Ela nunca tinha explicado direito o motivo; quando perguntada se os pais eram divorciados, respondeu com um simples e sonoro não, sem dar espaço para mais questionamentos.

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