Somebody Else

29. New York

[N/A: Mais um! Enjoy!]

New York, 4 de julho de 2019, 08h37

Steve acordou primeiro, mas não teve coragem de se levantar. Natasha estava deitada sobre ele, a respiração serena e o corpo quente, com a perna enroscada na dele. O lençol de algodão macio cobria só metade dos dois, revelando as peles ainda marcadas pela noite anterior. Steve deixou a mão escorregar suavemente pelo braço dela, acariciando-a em movimentos preguiçosos.

Era a primeira vez em muito tempo que ele se sentia completamente em paz. Não havia viagens, compromissos, ou a presença constante de amigos e familiares. Ali, naquela manhã, eram apenas eles dois, vivendo uma rotina pequena e perfeita, como se estivessem em uma espécie de lua de mel eterna. Natasha abriu os olhos devagar e encontrou os dele já a observando.

"Bom dia, aniversariante," ela murmurou, a voz ainda rouca de sono, os lábios curvando-se em um sorriso preguiçoso.

Steve a beijou devagar, sem pressa de sair daquela bolha. "Bom dia."

Eles ficaram ali por mais alguns minutos, trocando beijos preguiçosos e carícias, o dia todo à disposição. Quando finalmente saíram da cama, a transição foi quase coreografada — Natasha foi direto para a cafeteira, enquanto Steve se posicionou na cozinha para preparar os ovos mexidos. Tudo feito naturalmente, como se tivessem ensaiado essa rotina por toda a vida. Steve a roubava para beijos rápidos entre mexer a frigideira e servir o café, e Natasha sorria como se nunca fosse cansar disso.

O apartamento deles era o reflexo perfeito da nova fase que viviam. Localizado em um andar alto no SoHo, o espaço era sofisticado e minimalista, com design contemporâneo e toques sutis de personalidade que revelavam as experiências e gostos do casal - e obviamente, o dinheiro absurdo que tinham à disposição para contratar arquitetos e decoradores ao bel-prazer - alguns deles indicados pelo pai de Steve, que recentemente tinha voltado a ter contato recorrente com os filhos, após Ethan finalmente perdoá-lo. As janelas iam do chão ao teto, permitindo uma vista ampla da cidade — um mar de edifícios icônicos e luzes que brilhavam mesmo à luz do dia.

As paredes eram pintadas de uma cor clara, criando um contraste elegante com o piso de madeira escura que se estendia por toda a extensão do apartamento. A sala de estar era mobiliada de forma intencionalmente minimalista: um sofá modular cinza, uma mesa de centro em mármore preto, e poltronas de design escandinavo. Ao centro, uma lareira linear embutida na parede, rodeada por nichos discretos que exibiam poucos objetos: fotos, um livro de arte vintage e uma taça decorativa.

As cores neutras e texturas suaves criavam uma atmosfera de tranquilidade, mas havia detalhes inesperados que davam personalidade ao espaço: uma tela grande abstrata de tons vermelhos pendurada sobre a lareira e uma escultura em aço na mesa lateral, um presente que Natasha havia trazido de uma viagem à Europa.

O cômodo preferido de Natasha, no entanto, era a cozinha aberta, com bancadas de quartzo branco e eletrodomésticos embutidos. Ali, ela gostava de cozinhar pequenas refeições para os dois — não porque precisasse, mas porque havia um prazer especial em partilhar algo tão mundano com Steve, na intimidade tranquila daquela rotina que não compartilhavam com mais ninguém. A ilha central servia tanto para preparar comidas quanto para conversas casuais com uma taça de vinho à noite.

O quarto principal, por sua vez, era um santuário. Sem excessos, apenas uma cama king-size com lençóis de algodão egípcio e uma paleta de cinza claro e bege. Um tapete macio cobria parte do piso de madeira, e as janelas ofereciam uma vista panorâmica do skyline de Manhattan, perfeito para as noites em que se deitavam juntos e assistiam ao espetáculo silencioso das luzes da cidade.

Além disso, ainda havia o studio de Steve, onde ele passava boa parte do dia trabalhando; o escritório de Natasha, onde ela fazia o mesmo... E um outro quarto. A princípio, era um quarto de hóspedes. Steve e Nat nunca tinham de fato comentado para quê tinham aquele cômodo a mais - ficava implícito que se um dia quisessem aumentar a família, poderiam, mas nenhum dos dois jamais tocou no assunto.