[N/A: Voltei! Iniciando nosso maratonão! Estamos começando a reviravolta da história! Espero que curtam! Um beijo grandão e obrigada pelo carinho!]
Carol e Ethan paralisaram no lugar. A amiga tinha parado de mastigar no meio. Ele arregalou os olhos de leve, secando a taça de vinho branco num gole só. Natasha se bateu mentalmente por ter dito aquilo. Talvez devesse ter esperado mais?
Só que era uma ideia que já martelava há um tempo - no começo, muito silenciosa. Depois, pouco mais que um sussurro. Depois, foi falando mais alto, e mais alto... A cada vez que ela e Bucky concordavam num programa que, em teoria, agradava aos dois e acabava que nenhum se divertia, aquele pensamento se fazia presente. A cada vez que ela ia passear de iate com os amigos de trabalho do marido e não fazia outra coisa além de beber coquetéis e tomar sol, sendo que nem gostava tanto disso, lá estava a vozinha na cabeça outra vez. A cada vez que Bucky não entendia a empolgação dela pelos novos tecidos e modelos de vestido que faziam os olhos da esposa brilharem, lá vinha...
Natasha detestaria virar uma pessoa cujo casamento se mantém em pé pelos filhos, ou pior - que o único assunto em comum com o marido virasse um possível filho. Sendo filha de pais separados, também odiaria que acontecesse a um dos seus. Além, é claro, de toda a questão da maternidade em si - era muito boa em ser tia, mas não se imaginava mãe, e cada vez que alguém a pressionava naquele sentido a vontade diminuía.
"Elabore." Foi tudo o que Carol conseguiu cuspir depois de um minuto de completa estupefação. Ethan continuava olhando atento para a amiga, claramente curioso, mas havia um leve cerrar de sobrancelhas que mostrava que estava preocupado, também.
Natasha tentou contar da maneira mais fria e expositiva que conseguia tudo o que passava pela cabeça dela e há quanto tempo, também. Ao final de tudo, os amigos se olharam com uma expressão que ela não soube decifrar.
"Já conversou com ele a respeito disso?" Carol perguntou. "Ou qualquer outra pessoa. Não sei."
Nat engoliu em seco, olhando para o próprio prato vazio por um instante e fazendo um movimento negativo com a cabeça.
"Olha, eu nunca fui casado." Ethan finalmente disse. "Mas sou um filho de divórcio. Sempre achei que era uma coisa meio drástica, tipo no caso de uma traição, ou no caso do meu irmão, o gravíssimo pecado de se casar com uma chata tipo a Peggy. Acho que você e Bucky são razoavelmente bem acertados, mas... sei lá."
Carol balançou a cabeça em confusão, arregalando os olhos de leve.
"Não entendo muito a respeito. O casamento dos meus pais é monótono. São trinta anos juntos. Mas acho que talvez a terapia de casal consiga salvar vocês. Quero dizer, não é por brigas, nem nada, então..."
As palavras dela morreram dentro do copo de suco. Notadamente os dois ficaram sem graça. Balançando a cabeça em um movimento negativo, Natasha sinalizou para a garçonete que trouxesse a conta. Achou que talvez tivesse alento no que os amigos dissessem, mas descobriu que não; as pessoas não conseguiam enxergar além do casal bonito do instagram. Ao mesmo tempo em que se sentia incompreendida, também se achava uma tremenda ingrata. Será que tinha se tornado completamente insensível à felicidade?
Voltou para o ateliê com mais dúvidas do que antes. Natasha passou o dia muito consciente dos olhares de soslaio que Ethan jogava na direção dela, como se estivesse com medo da amiga ligar para um advogado e dar início aos trâmites do divórcio a qualquer momento. Yelena também notou que algo estava errado; Nat reparou que a irmã olhava para ela e então desviava. Conhecia Lena bem o suficiente para saber que ela estava tentando sacar o que estava acontecendo sem perguntar.
Conversariam eventualmente, mas ainda não era o momento. Natasha não sabia que tipo de conselho a irmã possivelmente poderia dar que destoasse do que Carol e Ethan tinham dito. Estava num momento em que só queria que alguém dissesse que percebia o mesmo - que ela não estava louca.
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Somebody Else
FanfictionMuitas vezes nos vemos inseridos em narrativas impensáveis, rompendo paradigmas e verdades absolutas que cimentamos na própria existência ao longo da vida. Colégio, amizade e então, vida adulta. Casamentos, divórcios, linhas de costura, papelada, i...