5. Felicidade compartilhada

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[N/A: Oi, de novo! Capítulo passado eu quase apanhei kkkkkkkk mas que bom que vocês estão curtindo! Amo cada comentário! Obrigada demais pelo carinho e vamos para mais um!]

Sábado, 13 de setembro de 2014

Steve estava terminando de fechar as abotoaduras da camisa em frente ao espelho quando ouviu o barulho imponente de saltos vindo na direção do quarto. Peggy entrou, usando um vestido azul muito claro e esvoaçante, uma sandália vermelha que combinava com as unhas da mão e um coque. A maquiagem estava leve, e ela estaria muito mais bonita se não estivesse com a mesma expressão mal humorada que reservava para o marido há mais de seis meses. Ele fitou as costas da esposa com uma expressão cautelosa, de quem estava apenas esperando ser notado para levar uma bronca por existir.

Dito e feito. Quando o viu, ela parou nos próprios passos e quase rolou os olhos, numa postura clara de irritação. Se virando para o closet e tirando de lá um brinco, ela disse em tom de censura,

"Achei que ia tirar essa barba."

A voz dela era cortante, quase debochada, mas Steve não se deu ao trabalho de responder. Já tinha um tempo que tudo que respondia para a esposa acabava em uma briga, normalmente muito mais séria do que a fala que a originou. Além do mais, tinha gostado do visual. O cabelo estava um pouco mais comprido, e ele tinha descoberto que tinha uma barba bem bonita. Estava satisfeito, e se Peggy não estivesse, poderia olhar para o outro lado. Voltando a se olhar no espelho, por um segundo já não se achava mais tão bonito quanto dois minutos antes da chegada dela.

"Está bonita." ele disse, olhando para ela pelo reflexo, tentando ser cordial. Peggy deu de ombros, como se qualquer comentário dele a interrompesse em um raciocínio importante.

"Odeio azul. Quer uma cor mais ridícula para uma madrinha do que azul?"

Sim, rosa pêssego, Steve pensou, mas não verbalizou. Ainda que Natasha tinha sido super flexível - não tinha determinado modelo, apenas que fosse longo, e poderia ser qualquer tom de azul. Se recusando a discutir mais uma vez, escutou ao longe enquanto a esposa continuava criticando todas as coisas a respeito de ser madrinha - incapaz de enxergar que ela mesma tinha sido uma noiva muito, muito pior e mais exigente do que Natasha. Ultimamente tinha desenvolvido estratégias cada vez mais eficazes de cancelar o ruído causado pela voz da esposa.

No caminho, Steve foi dirigindo enquanto Peggy fazia comentários ácidos, um após o outro. Falou a respeito da escolha de lugar, do horário, dos demais padrinhos, do tempo, dos presentes, dos noivos... Já fazia um tempo que Peggy não tinha nada de bom para falar a respeito de ninguém, ou de nada.

"Não vai dizer nada?" o tom dela era cortante, exigente, acabando com qualquer nuvem de pensamento agradável que ele tinha conseguido conjurar para não escutá-la direito. Steve apenas deu de ombros.

"Não tem o que dizer. Estou te escutando pacientemente."

Ouviu Peggy dar uma exclamação frustrada e impaciente, se calando no momento seguinte. Ele não sabia dizer o motivo pelo qual o casamento tinha começado a dar tão errado: o primeiro ano tinha sido praticamente perfeito - ela gostava do emprego no Museu de Arte de Palm Springs, a Califórnia era bonita e ensolarada e Steve continuava a progredir no emprego. As fotos no Instagram eram paradisíacas e a casa deles, enorme.

Tudo estava muito bem, até o dia em que ela perguntou quando ele pretendia voltar para a Inglaterra. Tomado pelo susto, na ocasião Steve tentava se lembrar de ter feito tal promessa para a esposa, mas se conhecia bem - por mais apaixonado que estivesse, não tinha a menor vontade de voltar a morar lá. Inclusive, os dois anos que passaram sendo apenas amigos tinham sido recheados de frases da parte de Steve, dizendo como ele tinha vontade de voltar para a casa. Desnecessário dizer que, quando respondeu, Peggy fechou a cara e começou a dar diversas respostas passivo-agressivas. Dias depois, quando ele achava que já estava tudo bem, a surpresa: uma grande discussão, na qual ela disse coisas horríveis - se sentia manipulada a estar ali, que odiava aquele país, que ele era idiota se achava por um segundo que ela ficaria ali pelo resto da vida, ou que teria filhos naquela terra.

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