16. Verão cruel

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[N/A: Se tem uma coisa que eu amo nessa vida é escrever para essa historinha! Sei que faz tempo que a gente se viu, mas espero que ainda estejam aí hahahahaha! Obrigada pelo carinho e um beijo!]

08 de julho de 2018, 09h41

Natasha abriu os olhos e não se situou logo de cara. Ainda assim, o cérebro se lembrou imediatamente de tudo o que tinha acontecido: o corpo prazerosamente dolorido não mentia.

Virando a cabeça para o lado esquerdo, viu Steve adormecido. O lado de trás da cabeça estava virado para ela; o cabelo longo todo para trás, caindo sedoso pelo travesseiro. Os dois braços estavam flexionados e as costas nuas completamente relaxadas.

Naquele momento, sem álcool na cabeça, era um pouco mais fácil avaliar o tamanho da besteira que tinham feito: ela estava deitada completamente nua ao lado de Steve. Não só isso, tinham transado, e nem tinha sido uma vez só.

Até ali, apesar de tudo, estava sendo difícil se arrepender. Quem diria que o amigo seria um parceiro sexual tão eficiente?

Passou alguns minutos na expectativa do que aconteceria quando ele acordasse. Haveria estranheza? Ficariam sem olhar um na cara do outro? Será que conversariam sobre o que tinha acontecido?

Todas aquelas perguntas se repetiram na cabeça dela até o momento em que Steve se mexeu. Nat fechou os olhos e fingiu estar ainda adormecida antes que ele se virasse. Mesmo sem ver, percebeu que ele hesitou por um fugaz instante, como se avaliando a próxima ação. Então, um braço deslizou por cima da barriga dela, trazendo-a um centímetro mais perto. O calor do corpo de Steve era desconcertante - não pela temperatura, mas pelo sentimento de casa que exalava dele, mesmo naquela situação.

Talvez, assustadoramente, especialmente naquela situação.

"Pode parar de fingir que está dormindo." A voz dele ainda estava baixa e rouca, o que fez um arrepio seguir pela coluna dela, tanto por esse motivo quanto por ele ter percebido só de olhar. Nat não ia ceder, mas abriu o olho esquerdo e sorriu para ele, recebendo um beijo na bochecha em seguida.

"Vem."

Se deixou ser arrastada para fora da cama em direção ao banheiro. O box enorme não dava espaço o suficiente entre os dois, fazendo Natasha encarar o amigo e a realidade da situação. Os olhos azuis que ela conhecia bem agora a fitavam de outro jeito: eles a desejavam. Corriam pelo corpo dela como quem aprecia, oferecendo a pasta de dentes e a escova em seguida.

Não é possível que ele se lembre que eu disse anos atrás que odiava beijar sem escovar os dentes antes.

Aquilo causava dois tipos de sensações diferentes: a primeira, Steve a conhecia do avesso, e isso já era motivo para as borboletas nascerem no estômago sem ela pedir. A segunda, ele certamente pretendia beijá-la, e ela não estava estranhando nem um pouco.

E foi exatamente o que aconteceu quando ele passou um braço por trás do pescoço dela, trazendo-a para perto e colando os lábios juntos, permitindo que as línguas se tocassem em seguida.

Ainda sentia o corpo um pouco retesado pela hesitação, mas a outra mão viajava pelas costas dela, derretendo todos os pensamentos de dúvida. Estava em Big Sur com Steve. Sozinhos. Nada podia atingi-los ali.

Quando se afastaram, a mão dele passou pelo cabelo dela, trazendo por cima dos ombros.

"Tem um restaurante ótimo aqui perto. Devíamos ir até lá na hora do almoço."

A casualidade com que ele sugeriu o próximo passo, como se estivessem na rua resolvendo uma questão de trabalho e não nus sob o mesmo chuveiro a fez sorrir. Nada tinha mudado.

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