Batidas irregulares do coração

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Os dias vinham sendo felizes para Namjoon. Em meio à estranheza de estar vivendo num reino diferente com pessoas que lhe eram um tanto desconhecidas, e circundado pelas incertezas que, muito embora poucas, ainda permeavam a sua relação com o marido, naquele momento, pouco mais de um mês depois da cerimônia, o Príncipe Consorte podia dizer que se sentia mais relaxado e, talvez, até confortável.

De fato, nada era como pensava que seria. Seu casamento não se parecia com o de seus pais, e ia contra as expectativas que os costumes lhe fizeram criar. Contudo, seu enlace tomava agora um rumo que lhe parecia infinitamente mais agradável. Não tinham como base o cumprimento de suas obrigações conjugais, e sim conversas cordiais sobre temas diversificados e, recentemente, beijos e abraços que eram capazes de apaziguar os ânimos de Namjoon a qualquer momento. Namjoon estava sendo cada vez mais conquistado por seu esposo, e a sensação era boa o suficiente para que a insatisfação de antes não mais o perturbasse na proporção que costumava acontecer. Se Seokjin queria tomar seu tempo que tomasse, Namjoon já se sentia tranquilo o bastante para compreender que os caminhos escolhidos por seu alfa não eram delimitados por desprezo. Tudo o que Namjoon precisava era seguir confiando. Tendo Seokjin ao seu lado, sendo atencioso, carinhoso e não o subestimando, como vinha acontecendo a cada dia com mais intensidade, estava tudo bem. O resto viria com o tempo.

Entretanto, isso não o impedia de lamentar algumas situações. Seus períodos tinham se iniciado, e isso o deixava carente e com os sentimentos mais à flor da pele. Nos dias que passaram sozinhos na praia fora como um presente ter o marido somente para si, ficando o dia inteiro ao seu lado, descobrindo o mar e suas surpresas com ele. De volta ao palácio oficial, pouco mais de uma semana decorrida desde a viagem, já precisava enfrentar o dissabor de ter o esposo em poucas horas do dia, e em duas ocasiões nem mesmo isso. Seokjin ainda mantinha o hábito de ter saídas estranhas durante a manhã, das quais, em uma vez, não regressou sequer para a ceia. Foi um dia complicado posto que foi justamente quando Namjoon amanheceu reconhecendo que seus períodos estavam se manifestando, e teria sido maravilhoso poder ter visto Seokjin naquela fase inicial. As Rainhas e Jungkook eram boas companhias, mas somente Seokjin conseguia o deixar bem de verdade. Sentiu muita falta dele, porém, na manhã seguinte, não reclamou de nada. Preferiu aproveitar o fato de que Seokjin o foi buscar na porta do quarto para irem ao salão de refeições, lhe dando um beijo de bom dia tão intenso que fez Namjoon corar ao se dar conta de que Jungkook e o servo de seu marido estavam presentes, observando a cena.

Depois que seus períodos terminassem estaria totalmente bem disposto, sabia disso, e já não lamentaria mais nada. Esperaria com tranquilidade pelo momento em que Seokjin o desejasse, fosse para uma boa conversa na biblioteca ou para dividir uma noite na alcova nupcial. Da forma que Seokjin quisesse o conduzir, se sentiria bem conduzido. Só precisava esperar que o festival de hormônios em seu corpo findasse, e coisa alguma seria capaz de o incomodar.

Esse dia, porém, não seria aquela manhã. Naquela manhã estava em plena ebulição, e ao acordar e receber Jungkook em seu quarto, soube que passaria mais um dia sozinho. Ao menos naquela oportunidade não seria por conta de uma das saídas sigilosas do marido, e sim porque ele estava em reunião a portas fechadas com a Rainha. Namjoon não sabia o que aquilo significava em Gwacheon, mas imaginava que não era tão diferente do que ocorria nas reuniões a portas cerradas de Ilsan. Assuntos confidenciais estavam sendo debatidos, e somente o governante atual e o possível sucessor poderiam estar presentes. Outro detalhe sobre elas era que poderiam durar poucas horas ou um dia inteiro. Certamente ficaria sozinho mais uma vez.

Decidiu, ao se dar conta da solidão anunciada, que não se deixaria abater. Não ficaria confinado no quarto, disfarçando as reações e pensando além do necessário; faria algo de verdadeiramente útil com seu tempo, até que o marido pudesse estar com ele de novo, e então Namjoon tivesse a chance de relaxar como gostaria. Nesse ânimo desceu as escadas e se dispôs a ter a primeira refeição do dia, ao lado da Rainha Consorte, com quem teve uma breve e delicada conversa sobre estar ou não se acostumando bem a Gwacheon e a Seokjin. Namjoon respondia às inquirições com polidez e poucas palavras, e a Rainha Consorte lhe direcionava a palavra no mesmo tom. Eram dois ômegas muito bem preparados para o papel que cumpriam, e tinham gosto de serem assim. As impressões que um deixava no outro eram sempre das mais positivas.

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