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Casamento Real

Os dois dias que antecederam o Casamento Real passaram tão rápidos e intensos quanto uma chuva de verão, tanto para Seokjin quanto para Namjoon.

Depois de uma noite inteira de conversas e ponderações com Hoseok, Seokjin se deu conta de que estava mais assustado com o futuro do que gostaria de admitir. Naturalmente, como príncipe alfa, tinha se preparado sua existência inteira para um dia casar, ter filhos e então assumir o trono. Entendia que um monarca tinha limitações quanto aos rumos da própria vida. Há muito já tinha aceitado que as coisas eram como deviam ser, e não fazia planos além dos que lhe eram aceitáveis fazer.

Acreditava que estava bem com a situação. Quando a Rainha Consorte veio lhe comunicar o acordo com o Reino de Ilsan, não achou nada ruim. Pela pintura do príncipe que pôde ver, e pelos relatos feitos pelos membros da Corte que tinham ido até Ilsan fazer os arranjos, parecia que não teria problemas. O Príncipe Namjoon de Ilsan era saudável, educado e de bom porte, consciente de sua posição como ômega e satisfeito com ela. Não havia nada mais que um futuro rei alfa pudesse desejar, portanto, tudo estava certo.

Contudo, ante a perspectiva de se encontrar com o noivo pela primeira vez, sua mente vacilou. Não se tratava de medo de se casar, propriamente dito, ou receio de contrair matrimônio com um desconhecido. Essa era a prática, e nada estava errado. Não admitiu até ter uma boa troca de ideias com Hoseok, mas o que se apossou de seus sentimentos foi o pavor de dar um passo adiante na trajetória como futuro rei. O casamento marcava um divisor de águas na vida de todo príncipe e princesa. Significava que estava maduro o suficiente para ser visto por sua nação como aquele que, a qualquer momento, a governaria. Funcionava como um ritual de maturidade, e tinha um peso bastante grande.

Como alfa, Seokjin tinha o destino de comandar um reino inteiro, cuidar da vida e do bem-estar de todo o seu povo. Sentir, enfim, o impacto dessa missão lhe deixou desestruturado emocionalmente, e por isso tinha cometido o equívoco de não estar presente para recepcionar seu futuro esposo. E por esta pequena falta, tinha passado os dois dias mais complicados de sua trajetória como príncipe.

A Família Real de Ilsan já o havia desculpado, de um modo geral. Os pais do noivo pareciam contentes com ele, e lhe tratavam com uma afetuosidade que só se costumava ver entre aqueles que dividiam laços consanguíneos — e ainda assim, não era um evento tão comum. O irmão do noivo, desde que havia chegado, não tinha demonstrado nenhum afeto, mas também não era mal-educado. A única pessoa que, de fato, agia como se estivesse vestindo uma couraça para mantê-lo longe era o próprio príncipe. E isso tinha lhe deixado ainda mais nervoso com tudo.

As Famílias Reais não deixavam que os dois ficassem a sós. Bastante natural, tendo em vista que a honra de ambos deveria ser preservada até o dia da última festa de casamento. Isso, todavia, não seria um problema caso os dois tivessem interesse em construir laços, afinal, conversas podiam ser mantidas na presença de qualquer um; desde que o assunto fosse trivial, somente para conhecer um ao outro melhor. Não haveria constrangimento algum em estarem sempre acompanhados para tanto.

O Príncipe de Ilsan, porém, não cedia espaço para que Seokjin o alcançasse. Era muito polido, solícito e educado. Não falava alto, não se excedia, não agia em descompasso. Entretanto, não fazia nada além do que reagir ao ser provocado. Respondia o que Seokjin lhe perguntava, e não se dispunha a prosseguir no diálogo quando a resposta dada bastava para satisfazer a questão. Era tudo muito frio e superficial, quase mecânico. Seokjin não esperava uma paixão à primeira vista, não esperava sequer paixão em tempo algum. Esperava, porém, que fosse menos difícil se aproximar do futuro marido, e não saber se tamanha reserva lhe era da personalidade ou se o estava punindo pelo erro cometido fazia a sensação de agonia ficar ainda maior.