Alternativas

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Seokjin sempre podia contar com a praia para ser o seu refúgio. Desde criança era assim, desde muito antes de poder ter memórias, e continuava sendo enquanto adulto. Fugir para o equilíbrio das ondas do mar batendo na areia não era uma decisão tão rara assim. Por isso, quando finalmente se acertou com o marido e se tornou um só com ele, pensou que seria uma boa ideia ir com Namjoon outra vez para o litoral. Seria bom para se afastar um pouco do peso que o reino jogava sobre ele, e também seria uma forma de celebrar a nova fase de seu casamento. Parecia muito boa a possibilidade de estar com Namjoon num local tão bonito quanto a praia para curtir o momento que estavam vivendo. Fez a proposta numa das noites em que dormiu no quarto do esposo, e Namjoon não precisou pensar duas vezes para aceitar. Uns dias depois estavam de saída do palácio principal rumo ao de veraneio.

Já estavam ali por um final de semana inteiro, e ainda não tinham data certa para regressar ao palácio principal. No que dependesse de Seokjin, ficaria junto ao esposo para sempre na beira da praia, aproveitando os dias na areia e nas áreas de mata, e as noites na cama, sob a luz das velas e da lua. Não dependia, porém, de sua vontade. O que dependia dele era o que poderia fazer com os momentos felizes que era capaz de colecionar na companhia do marido. Quanto a isso, estava indo muito bem.

Tinha feito muitas coisas divertidas com Namjoon, até então. A despeito de ter desejado ficar trancado no quarto com ele o tempo inteiro, venceu os desejos e levou o esposo a vários lugares que na outra vez não conseguiu. Levou Namjoon para conhecer algumas regiões de mata ao redor do palácio litorâneo, à área de caça — praticamente inutilizada —, e também a uma gruta, que costumava ser seu local secreto por ali. Namjoon ficou particularmente encantado com o lugar, admirando a construção das pedras e a transparência da nascente de água, se perdendo por tanto tempo que Seokjin quase teve ciúmes da atenção que a gruta estava recebendo. Só não teve ciúmes, realmente, porque se beijaram tanto no fim da exploração de Namjoon que chegaram ao ponto de quebrarem o decoro e usarem o local como "alcova".

Esse vinha sendo o resumo dos dias de Seokjin no palácio de verão da Família Real: levar Namjoon para a praia, levá-lo para conhecer novos lugares e no fim de tudo — e às vezes durante, como no caso da gruta —, fazer amor apaixonadamente com ele. Namjoon gostava muito de estar intimamente conectado a ele, e a recíproca era verdadeira. Eram, de fato, um casal em lua de mel, e a única lamentação de Seokjin quanto a isso era de ter demorado tanto para chegar nesse nível.

Não lamentava apenas porque tinha perdido um tempo que, agora sabia, era desnecessário. Lamentava porque, depois de se sentir totalmente parte da vida de Seokjin, Namjoon lhe mostrou a sua melhor versão, sem cortes, sem receios. Seu esposo, quando estavam a sós, sorria sem motivo, contava anedotas, se sentia livre para agir e falar de um jeito ímpar. Namjoon estava tão feliz em seu novo papel de amante que o de companheiro e amigo ficaram ainda mais intensos. Era como se Seokjin estivesse tendo a oportunidade única na vida de ver o surgimento de uma nova flor, uma flor especial e exclusiva, que nasceu para ele e desabrochava unicamente para ele. Ver a sua flor tão feliz, tão segura e tão tranquila era, para Seokjin, a maior felicidade. Ainda mais se considerasse que tudo o que sua flor usava como alimento para viver era ele, Seokjin.

Esses dias de paixão extrema eram os melhores dias de sua vida. E, infelizmente, estavam por acabar. Hoseok deveria chegar a qualquer momento naquela noite, para que ajustassem os últimos detalhes para a declaração de guerra contra a Rainha. Teria que fazer isso, gostando ou não. E se odiaria para sempre por conta dessa decisão.

— No que estás pensando, hum? — Namjoon se aproximou, em meio às ondas suaves do mar na baixa manhã. Estavam se banhando havia um bom tempo. — Ficaste tão sério de um momento a outro.

— Perdoa-me, Namjoon. — Abriu os braços, recebendo seu ômega neles. — Deixei-me pensar em assuntos desagradáveis e não me dei por conta que estava sendo consumido por eles.

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