Primeiras impressões

762 82 21
                                    

O som dos cascos dos cavalos se aproximando era a indicação de que a comitiva de Ilsan estava bastante próxima. A Rainha de Gwacheon e sua esposa estavam à frente dos demais membros da Corte Real, sentadas em luxuosas poltronas, sob a sombra produzida por sombrinhas carregadas por suas servas pessoais. Fazia um certo calor, e as duas pareciam um tanto desconfortáveis ali. Porém, o desconforto físico não era maior que o constrangimento que estavam prestes a enfrentar.

— Onde está aquele teu filho, hum? — Questionou baixo a Rainha de Gwacheon, ácida, como lhe era de costume quando se via contrariada.

— Pois o menino é teu também, minha cara — respondeu suavemente a Rainha Consorte, já habituada aos rompantes da esposa. — Como eu haveria de saber por onde anda Seokjin? Nem mesmo uma mãe consegue colocar rédeas num alfa, especialmente um lúpus.

— Não colocas por seres uma mãe que mima demais — bufou, mantendo o tom cítrico e baixo. — Pois ele tem menos de um minuto para chegar neste Paço, logo a Família Real estará aqui.

— Apenas eu o mimo? — Fez uma negativa quase imperceptível com a cabeça. — Ele sabe de suas responsabilidades, minha esposa. Ele estará aqui em breve.

— Em breve não é o bastante — Arfou, com afetado ressentimento. — Se este menino me fizer passar por tal embaraço, juro que lhe mando dar uma surra de açoite até não lhe restar um pedaço de pele que seja nas costas!

— Mandas o açoitar uma pinoia! — A Rainha Consorte riu soprado, tocando de leve no braço da esposa. — Tu adoras quando Seokjin tem seus momentos de rebeldia.

— Não sabes do que falas.

A Rainha de Gwacheon falou com um tom grave, mas o ligeiro sorriso que se formou em seus lábios mostrava que a Rainha Consorte tinha razão. De fato, as duas mães tinham imenso apreço pelo único filho que tinham. por ser ele o único herdeiro legítimo de Gwacheon e também um alfa lúpus reclamavam, mas acabavam por tolerar com certa facilidade as suas voluntariedades.

Por sorte, Seokjin não era o tipo de príncipe que lhes dava verdadeiro trabalho. Com exceção de algumas opiniões e sazonais malcriações, Seokjin era um futuro monarca exemplar, talvez exemplar até demais. Era pena que, naquele momento, parecia estar tendo um de seus instantes de inobediência. Era seu dever estar no Paço junto com toda a realeza de Gwacheon a fim de receber seu noivo que, em dois dias, se tornaria seu esposo. No entanto, não havia nenhum sinal do rapaz por ali.

— Pois muito bem, a Família Real chegou e nada daquele teu filho por aqui. Anotas o que te digo, hei de eu mesma estalar o chicote nos ombros daquela criatura! Anotas bem!

Foram as palavras nervosas que a Rainha de Gwacheon sussurrou nos ouvidos de sua consorte, que apenas sorriu ante a afirmação, no exato momento em que as carruagens de Ilsan pararam em frente ao Palácio. A esposa jamais teria coragem de castigar o menino, ainda mais pessoalmente. Contudo, acreditava que, naquele dia, uma surra seria muito bem o que Seokjin merecia. Não ficaria nada bonito receber a Família Real de Ilsan sem um dos elementos principais da Família Real de Gwacheon, ainda mais se tratando da primeira vez que os nubentes se veriam em pessoa.

Os servos se aproximaram das carruagens, se inteirando de quem estava em cada uma delas e se posicionando ao lado das que, naquele momento, mais importavam. A um sinal afirmativo dado por um dos membros da Corte, que se adiantara e tinha ido até lá, as rainhas se ergueram de suas poltronas, caminhando elegantemente em direção à comitiva, sendo acompanhadas por suas servas pessoais que se desdobravam para lhes manterem abrigadas dos raios solares. Ao atingirem determinada distância pararam, instante em que a Rainha de Gwacheon deu ordens para que abrissem as portas das carruagens.

By arrangementOnde histórias criam vida. Descubra agora