Ato final (Consequência)

195 31 92
                                    

CHEGUEI COM O CAPÍTULO FINAL! EU NÃO TÔ PRONTA, MAS É ISSO, EI-LO AQUI, ENTRE NÓS! (SIM, ESTOU GRITANDO)

Boa leitura e nos vemos ali embaixo! :3

***

_Um bom tempo depois_

Era estranho estar naquele lugar.

Quando criança tinha imensa curiosidade de saber como seria. O local era envolto em muito mistério, e sua mente infantil desenhava os motivos mais fantásticos para que fosse assim. Na adolescência, já tendo despontado como um alfa lúpus, os pensamentos de Seokjin sobre aquele recinto não tinham mais os contornos do cérebro ultra criativo de um menino. Nesses tempos, ao pensar em como seria o interior de um calabouço real, nada mais imaginava a não ser um compartimento fechado, frio e escuro. Agora que estava dentro de um se dava conta de que seus apontamentos juvenis eram os mais acertados: nada de mágico havia naquele espaço, era tudo escuridão. Era também solidão. E medo.

A opressão do ambiente pôde ser sentida assim que foi levado ao lugar. Bem na porta, antes de ser solicitado que adentrasse, teve a pele atingida pelo ar gelado que emanava das paredes úmidas de pedra, e as narinas invadidas pelo odor acre que vinha de dentro daquele cubículo eternamente fechado, onde nenhum raio de sol conseguia penetrar. Assim que o trancaram, pôde constatar a enormidade do breu que se encerrava ali. Era impossível enxergar um palmo diante do próprio nariz. Após o impacto de se entender como um encarcerado tateou a esmo, sem nenhuma noção de direção e espaço, até que encontrou uma pequena mesa com uma jarra, verificando que tinha água nela. Em outro ponto encontrou uma cama com colchão, travesseiro e lençol, que pelo cheiro estavam limpos. E isso foi o máximo de luxo que achou.

Num primeiro instante sentiu uma vontade de chorar incontrolável, e sequer buscou impedir que as lágrimas caíssem. Estava nervoso e assustado demais para evitar aquele tipo de reação. Depois de chorar, se acalmou e bebeu um pouco da água, que estava fresca, e se sentou na cama, respirando fundo. O cheiro esquisito do ambiente ainda estava lá, mas já o podia suportar melhor. Experimentou a espessura dos lençóis, pensando se seria boa o suficiente para evitar que o frio da noite se entranhasse em seus ossos. Vestia apenas uma camisola de dormir, feita de tecido pouco nobre, e mesmo sabendo que ainda era dia do lado de fora, a temperatura gélida já arrepiava os pelos de seu corpo como se noite fosse. O toque invisível lhe revelou que talvez tivesse que enfrentar, além de tudo, os dedos longos e gélidos das noites outonais em Gwacheon. Lamentou o fato de que não estava nem no verão, nem na primavera, mas exultou pela sorte de não ser inverno. Uma situação sempre poderia ficar pior do que já estava.

Perder a noção de quantos dias tinha ficado naquela prisão foi muito fácil. Sem o sol para guiar o nascimento e morte de cada dia, não tinha ideia se já estava próximo ou não da data derradeira. Sabia o tempo exato que teria que ficar preso, mas tal conhecimento não ajudou em nada na sua localização temporal. A falta de contato com outras pessoas também auxiliou em seu estado de desnorteamento. Não viu ninguém enquanto esteve no lugar; no máximo, sabia que existia uma pessoa do outro lado da porta quando ela se abria para que suas refeições fossem depositadas no chão.

Completamente só, sem coisa alguma para fazer, Seokjin refletiu bastante.

As reflexões do jovem príncipe regente remontaram de muito cedo, de anos em que não tinha o menor vislumbre do que ser filho de duas monarcas poderia significar. Naqueles tempos tudo era diversão, e o que não era divertido não passava de algo que, em breve, acabaria e daria lugar a alguma coisa que gostasse de fazer. Crescer afastou dele o direito de desconhecer o mundo no qual estava inserido, lhe presenteando com a consciência de que, em algum momento, sua posição, fosse qual fosse, faria exigências das quais não poderia escapar. De criança foi para adolescente, se mostrou um alfa, e desde então viveu no limiar entre a ansiedade para ser rei e o receio de vir a ser um governante ruim quando o dever o chamasse.

By arrangementOnde histórias criam vida. Descubra agora