Você entre 20 Desafios - 𝗕𝗲𝗮𝘂𝗮𝗻𝘆

Capítulo 30

"Espero que não esteja lendo isso sem ter cumprido o desafio."

Sorrio sabendo que por pouco tempo ele ficaria aí.

"então, você dormiu na praia? E qual foi a sensação? Passou frio? Tinha alguém com você? A maré subiu e alcançou você?

São tantas perguntas meu amor, eu gostaria de poder ouvir todas as suas respostas, gostaria de poder dividir esse momento com você. Mas infelizmente as coisas não funcionam da maneira que queremos né?

Bom, não sei se essa vai ser sua primeira carta, mas caso for... Não se decepcione, aqui são apenas cartas nas quais escrevo coisas aleatórias e sem sentido.

São exatamente 23:47 da noite, e você está no banheiro, ouvindo one direction no máximo.

Eu recebi esses dias a notícia que a quimio não estava dando certo, e que o câncer está avançando.

Nem eu, e nem a mãe conseguimos contar a você isso. Você é a que mais sai afetada. Engraçado né? Você sofre mais pela ideia da minha morte do que nossa mãe.

Eu queria poder ser uma boa irmã mais velha, Any. Queria poder fazer o que as irmãs mais velhas fazem. Alertar vocês do futuro, e estar com vocês quando não seguem o que alertamos.

Eu te alertei pra viver sua vida, mesmo que seja sem mim. E espero que esteja fazendo isso."

Ela me disse como pensava em me contar, e no final foi totalmente diferente, na carta ela dizia que iria me contar falando que ela tinha apenas um dia de vida, o que não era verdade, e depois me contar que o câncer estava avançando. Como se fosse uma quebra de expectativa mas de forma inversa.

Mas na verdade ela não teve coragem de fazer isso. Apenas deixou um bilhete em cima da minha cama quando entrei no banho.

Li a carta número 12 e desabei de chorar. Ela havia dito que a vida é curta demais pra não fazermos coisas inéditas ou coisas que nunca faríamos.

"Só se vive uma vez, e nunca sabemos quando é a nossa hora. Então pra que viver na calmaria? Viver um dia de cada vez? A vida deveria ser assim, sempre fazendo algo que não esperaríamos que seria possível fazer."

Ela fala como se a vida fosse o melhor presente de todos, acho que deveria ter sido eu no lugar dela. Ela deveria estar viva, não eu.

Abro a carta 18 e diferentes das outras ela começa com um "meu amor," .

"Essa é uma carta um pouco diferente, já imagino que não seja sua primeira carta então vou pular a baboseira que eu sempre digo no início.

Pulando pra um assunto totalmente diferente. A quanto tempo não escreve músicas?"

Eu parei pra raciocinar. Fazia anos que eu tinha parado de compor. Anos que eu não me sentia bem o suficiente pra escrever. Desde aquele  dia tudo mudou.

"Sei que cartas não são pra ter mais desafios, mas estamos falando das estrelas, não acha que elas merecem?"

Franzo minha testa não entendendo sobre o que ela estava falando, até passar para o próximo parágrafo.

"Eu nunca vi alguém tão fascinada no céu quanto você, acho que as estrelas merecem uma música, não acha?

Elas são encantadoras, brilham o tempo todo, sempre estão lá... Não é atoa que associamos pessoas que se foram a estrelas, espero que eu seja uma estrela pra você, e que eu tenha sido suficiente enquanto estive ao seu lado.