𝗢 𝗙𝗶𝗺 𝗱𝗲 𝗧𝗼𝗱𝗼𝘀 𝗡𝗼́𝘀 ²

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Era de tarde e o lugar onde eu me encontrava não cheirava nada bem. Era sujo e fedorento. Ezekiel chama ele de "O Purgatório". Era onde as pessoas confessavam tudo o que acontecia com elas, seja a pessoa nova no acampamento ou não. Eu costumava entrar várias vezes no Purgatório, podíamos dizer que eu não cooperava muito com as regras, mas sempre me livrava de todas as merdas que fazia no Reino.

A minha frente se encontrava Martha (braço direito do Rei), Ezekiel e Zyon. Geralmente eram eles que atendiam as pessoas nesse lugar. Todos os três me olhavam profundamente, principalmente Martha - digamos que eu não tinha uma boa relação com ela -. Zyon estava do lado esquerdo de Ezekiel e tinha cabelos escuros e os olhos, o mesmo, ele segurava uma 12mm firmemente e estava um pouco inclinado para frente. Martha ficava do lado direito e tinha o mesmo olhar, só que mais expressivo. Um olhar raivoso, como se fosse me atacar a todo momento. E Ezekiel, bom, ele sorria. Sempre mantinha o sorriso na minha direção quando eu estava numa situação dessas. Era o que me aliviava também.

Deixando de lado seus dois companheiros, O Rei se aproximou mais. Colocando suas mãos cruzadas em cima da mesa, colocou um pouco do cabelo para trás e começou a falar:

- Então, Tris... pode nos explicar o porquê estava na cidade tão cedo assim?

Eu suspirei.

- Olha, eu me sinto sufocada nesse lugar, ok? Eu...

- Como assim sufocada? Você tem tudo aqui.

- Martha, agora não! - Falou Zyon, levantando a mão suavemente.

A mulher se encostou na cadeira passando a língua na bochecha. Cruzou os braços e levantou mais a sobrancelha.

- Olha, não é a primeira vez que eu saio assim do Reino. Já teve outras vezes que sai, mas nunca aconteceu isso antes, eu juro. - Martha solta um riso nasal. Ela estava me provocando.

Olhei para Ezekiel, que não tinha mais um sorriso no rosto e mordia o interior da boca, focado.

- Tudo bem, Tris. Pode me contar exatamente o que aconteceu pela manhã? - Zyon perguntou, enquanto se acomodava mais na cadeira e deixava de lado sua arma.

- Ah, sim. Eu tinha saído do Reino assim que todos foram dormir. Não foi difícil até chegar na cidade, a floresta estava calma e não havia sinal de zumbis. Então quando eu cheguei, fui direto para O Eixo e fiquei no topo do prédio até que amanheceu, sem eu perceber e me dei conta que já teria que voltar logo. - Eu respirei um pouco e coloquei a mão atrás do pescoço, coçando. Eu estava suando frio.

- Já nas ruas, enquanto andava entre os infectados, os tiros começaram. Havia pessoas gritando toda hora e isso atraio mais zumbis. Eu não pude ficar nas ruas, então subi num dos prédios próximo e de lá eu pude ver o mesmo grupo da rua. Um deles tinha sido mordido, eu acho. E morreu com um tiro que alguém disparou. Então me viram do outro lado do prédio e eu tive que fugir.

Ezekiel brincava com os dedos, mas parecia pensar sobre o que eu havia dito. Martha continuava na mesma e Zyon me encarava sério. Mas agora, parecia mais interessado em me ouvir.

- Certo... E você não viu mais ninguém depois disso? - Agora Ezekiel perguntava e levantou a cabeça.

- Na verdade, eu encontrei três pessoas num antigo mercado. Era um garoto que usava um chapéu de xerife e também usava um pano para tampar seu olho direito e segurava um bebê no colo, não tinha nenhuma arma aparentemente. E também uma mulher com cabelo curto e quase inteiramente branco. Ela foi a única a tentar me desarmar e carregava um revólver.

- E o que você fez nessa situação? - Zyon perguntou, enquanto anotava algumas coisas num papel.

- Tirei o revólver da mão dela e a amarrei num cano velho perto dali. O menino tentou vir para cima, mas não conseguiu. Depois disso eu só sai dali e cheguei no Reino. Foi basicamente isso o que aconteceu.

𝗦𝗲𝘂𝘀 𝗢𝘀𝘀𝗼𝘀 𝗲 𝗖𝗶𝗰𝗮𝘁𝗿𝗶𝘇𝗲𝘀, daryl dixon ¹Onde histórias criam vida. Descubra agora