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- Calma S/N, esse não é o melhor jeito de se resolver isso! - Karin falava em uma tentativa falha de me acalmar.
- Ora! Você já não acha que já tive muita paciência?! - Esbravejei - Ele mal tem tempo pra mim! Como quer que eu fique?
- Quando você decidiu namorá-lo, sabia bem que seu trabalho é corrido. E o que você falou: Superaremos quaisquer dificuldades.
Suspirei fundo, me deixando ser vencida e me jogando no puff azul.
- Tá, mas o que eu faço agora? Eu o quero e o amo, mas também quero ser amada!
- Já tentou conversar com ele? - Fiz que sim com a cabeça, relembrando da pequena discussão entre Law e eu que não levou a lugar algum - Pois tente novamente!
- É que eu... Eu já tô cansada de esperar.
Karin pôs sua mão em meu rosto, levantando-o para que pudesse vê-lo com clareza.
- Não pare de lutar pelo seu amor... Vocês dois se amam tanto! Mas a falta de diálogo entre os mesmos atrapalha sua relação. Tente, tente até você ver que não adianta, mas se você o ama e se ele te ama também, superarão tudo isso.
Ela estava certa.
Mas eu não sabia da onde tirar forças para lutar contra tudo isso, contra toda essa maré de confusões e dificuldades.
Porém, eu precisava tentar, eu precisava ir além. Eu conseguiria, nós conseguiríamos e eu tinha plena certeza disso.
- Tudo bem, obrigada. - Mandei-lhe um sorriso triste.
- Fica bem, ok? Não quero ver nenhum de vocês dois mal. - Falou
Ela depositou um beijo em minha testa, saindo de minha casa logo em seguida. Eu esperaria ansiosamente que Law retornasse de seu trabalho.
E faria o possível para que ele se sentisse bem o suficiente em casa, na minha companhia, para que não tenha tanta vontade de voltar ao trabalho.
Coloquei meu avental e prendi o cabelo, despensei algumas das moças que ajudava na cozinha, deixando algumas poucas para que me orientasse.
Hoje eu faria a comida para meu marido.
Comecei a fazer suas refeições prediletas, já imaginando seu rosto satisfeito ao vê-las na mesa, preparei sua bebida favorita e organizei a mesa. Logo em seguida pedi para que as empregadas fizessem o que faltava, estava na hora de me vestir.
Tomei um banho daqueles demorado e me senti extremamente limpa depois, eu havia trabalhado muito na cozinha e com certeza, com profundo amor no que fazia.
Coloquei um vestido vermelho escuro, um tubinho colado simples, mas que realçava todas as minhas curvas.
Depois de me olhar no espelho e sentir que estava pronta, fui aguardar pelo meu amor pacientemente na sala, enquanto beliscava alguns docinhos prontos. Law já estava demorando e minha ansiedade só piorava.
Comecei a andar por um lado e pelo outro na sala que parecia enorme agora, enorme e fria... Eu sentia falta de Law. Não tinha ninguém na casa, além de mim.
Eu andava tanto que nem sentia minhas pernas, eu só repetia o mesno gesto como forma de aliviação, enquanto em minha mente passavam-se vários pensamentos aterrorizantes.
Quando o relógio deu doze horas da madrugada, ouviu-se uma porta ser aberta, nem me dei ao trabalho de olhar para conferir quem adentrava o local.
Eu amava jazz e naquele momento, podia ouví-lo ecoar por toda a sala, enquanto passos lentos eu dava.
Law parou assim que me viu, mas eu continuei.
Ele parecia não saber o que falar, pior que nem eu sabia, talvez eu tivesse bebido algo além de água.
Ele olhou para a cozinha, observando a mesa ainda posta.
- Você deve estar com fome, não é querido? - Virei-me para ele.
- Me desculpa, S/n-ya. Eu tive um dia difícil e não imaginava...
- Tudo bem, Law. - o olhei com desgosto.
Desliguei o som e tirei os saltos, meus pés estavam vermelhos e o cansaço me abateu.
Law se aproximou de mim e tentou pegar em minha cintura, mas me afastei. Ele recuou.
- Melhor conversarmos amanhã... - disse.
- Conversamos? Ora! Desde quando você tem tempo pra isso? - Sorri. - Não temos absolutamente nada para falarmos, querido.
O moreno quis falar algo, mas se calou e respirou fundo.
Eu nem queria chorar, mas simplesmente não consegui controlar as lágrimas que caíam sem parar.
Eu queria logo ir para o meu quarto, então subi as escadas, mas senti algo me impedir. Law havia segurado minha mão.
O encarei.
- Eu sei que ando trabalhando muito e que não tenho tido tempo para nós, ultimamente... Então eu quero ouví-la, não quero que isso seja tarde demais, pretendo ouvir suas reclamações sem nenhuma objeção, só não quero te ver chorar novamente.
Disse, logo em seguida largando meu braço.
- Por favor, vamos resolver isso logo...
Pediu.
Retornei ao sofá e me sentei, com a visão do moreno sentado a minha frente, sua expressão estava cansada.
Ele ficou calado, para que eu tivesse a liberdade de falar livremente, mas eu não sabia como fazer isso.
- Você está tão bela... - Falou, enquanto passava com seu olhar pelo meu corpo.
- Eu... - comecei - eu não sei mais o que fazer. Não tem como dizer que eu não tentei, hoje é um grande exemplo de que eu estou fazendo o meu máximo para continuarmos um casal. Eu me vesti inteira, preparei uma bela janta para você e mais uma vez, você chegou tarde. Sua prioridade sempre foi o trabalho, eu... Eu até tentei entender, sabe... Mas passou um tempo e você nem sequer me dava atenção e eu quero ser amada na mesma intensidade que amo.
Falei, depois me calando.
Law se aproximou e ficou de pé a minha frente, puxando-me para ficar de pé também e um abraço apertado e caloroso recebi. O abraço que eu precisava, o abraço que eu desejava.
- Eu vou tentar ser melhor para você, tudo o que eu menos quero é te ver triste. - Disse em um sussurro rouco, com seus lábios úmidos em meu pescoço.
Mais lágrimas saíam e embaçavam minha visão, mas não me impediu de encontrar sua boca e um beijo profundo começamos, eu tinha tanta saudade de seus lábios, da maciez e a sincronização entre nossas línguas, minhas mãos o agarraram, puxando-lhe para mim.
Quando terminamos o beijo, nós dois estávamos ofegantes, seu semblante iluminado, os olhos brilhantes.
E mais um abraço apertado ele me deu. Aproveitei o momento para sentir seu perfume amadeirado impregnado em suas vestes.
Eu queria ter sido grossa, ignorante, ter jogado as verdades em sua cara, tê-lo feito se humilhar por mim, mas quando eu o vi com uma cara tão arrependida eu esqueci de toda raiva e a saudade e carência se juntaram, tomando conta das minhas escolhas.
Mas eu estava contente, seus lábios eu havia tocado e me encontrava feliz novamente.
- Você promete que vai ser mais presente? - falei.
- Prometo, meu amor.
Disse, depositando mais um selinho em meus lábios.
