CAPÍTULO 10

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A preocupação e o medo apertavam o corpo trêmulo de Jeon com suas enormes mãos, lhe tirando o fôlego fazendo com que a dor física fosse totalmente esquecida. As lágrimas molhavam o ombro do amigo que continuava a envolvê-lo em um abraço de conforto e cuidado.

Taehyung sentia tanto pelo mais novo.

O Kim é filho único de um ex-casal de militares. O menino cresceu sozinho, mal via os pais que estavam sempre trabalhando e praticamente morava com a avó materna que por mais amorosa que fosse, detestava que o mesmo levasse seus poucos amigos de escola para casa. Toda aquela solidão aumentava e o desejo por um irmão, tanto que em todo natal pedia ao Papai Noel por um. Isso até os dez anos, quando descobriu como nasciam os bebês e que Papai Noel não existe.

Quando sua avózinha faleceu, Tae ficou devastado, nem sequer foi na sua colação de grau do ensino médio. Então de modo a deixar a casa onde cresceu aos cuidados de sua halmoni, se mudou de Daegu para Seul com ajuda financeira dos pais e então começou a estudar história e trabalhar, conquistando sua independência. E na capital dois anos depois, ganhou o seu sonhado irmão, Jeon Jungkook, que buscava pilhas para o controle da televisão na lojinha em que trabalhava.

A conexão dos jovens foi imediata e naquela mesma semana Jeon o convidou para jantar em sua casa, se tornando melhores amigos. O pai de Jungkook ficou desconfiado, pensou que Tae era algum pretendente do filho. Então não deixou de ser cauteloso para não arriscar que ele machucasse o coração de seu menino. Mas logo se familiarizou com o jovem e no final das contas o considera como um filho.

Os Jeons lhe davam tudo o que esperava sempre dos pais, amor, atenção, companhia e apoio, assim como sua querida avó fazia. Não que Taehyung tenha uma relação ruim com seus pais. Mas a distância emocional certamente o afeta. E por que entendesse que eles sempre estavam ocupados, sentia falta do que nunca teve, uma relação saudável entre pais e filho que as poucas ligações mensais não podiam lhe proporcionar. 

Ao ser tão bem acolhido por Jungkook e o velho Jaehyun, logo criou uma conexão que ia além dos laços sanguíneos. Eles eram uma família diferenciada. Mas sempre cuidavam e se apoiavam.

E ver seu irmão daquela forma o faria tanto. Porém, ele não tinha muito o que fazer, além de cuidar do mais novo. E então, quando percebeu o moreno mais calmo em seu abraço, o puxou para o pequeno banheiro.

ㅡ Quer tomar um banho?

Jungkook apenas assentiu em resposta deixando ser colocado sentado sobre a tampa do sanitário. Delicadamente Taehyung tocou a barra da camiseta preta a puxando para cima, mas ao tentar passá-la pelos braços um gemido deixou a boca do moreno, fazendo-o parar.

ㅡ Eu machuquei o ombro. ㅡ Jeon avisa com dor.

Com dificuldades eles conseguem retirar a peça do corpo frágil.

ㅡ Jungkook, seu ombro está deslocado! ㅡ Taehyung se espanta ao ver o formato esquisito que o osso fora do lugar faz.

ㅡ Não é nada.

ㅡ Não é nada? Olha só para ele! Olha para seu corpo cheio de hematomas. ㅡ Taehyung se segura para não chorar diante da situação lamentável do outro.

O moreno não tenta olhar o estado de seu ombro, a dor era o suficiente para imaginar.

ㅡ Vamos ao hospital!

ㅡ Não precisa hyung.

ㅡ É claro que precisa! Nós vamos nem que eu tenha que chamar por uma ambulância.

Sem forças para contestar, Jeon se deixa ser banhado e vestido pelo amigo, antes de ser colocado dentro de um táxi que os levam ao hospital mais próximo, o Hospital Mirae.

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