Princesa, Por Legado - TRILOGIA PRINCESA

Capítulo 15

Lua

Eu desisto de xingar o príncipe quando ele começa a discar o número da Pérola afim de ameaçar meu trabalho.

— Idiota parasita — digo baixinho

— O que?

— Me deixa em paz! — falo num tom mais alto que o comum para com um príncipe e me afasto dele

O carro vira na rua do orfanato e logo estaciona em frente a ele. Não faço ideia do que Polo quis dizer com "tenho um trabalho pra você" muito menos que irá fazer Janice se sentir mal por ter me humilhado. Aliás, como ele sabe disso?

Quando o motorista abre a porta do carro, dois seguranças que vieram em carros separados afastam algumas garotas que gritam desordenadamente o nome do príncipe. Algumas eu conheço desde a infância, e ao me verem, ficam de queixo caído.

— Tenham um bom dia, senhoritas — Polo diz fazendo reverências para as meninas e eu o sigo de cabeça baixa até o a entrada

— Príncipe, Polo! — ouço a voz de Janice — É uma honra... — ao me ver seus lábios tremem, se eu não soubesse o motivo de sua palidez instantânea, eu diria que ela viu um fantasma

O príncipe me olha e sorri orgulhoso

— Pedi que a conselheira da princesa me acompanhasse, há algum problema?  — ele pergunta e Janice permanece perplexa — Ela é da confiança de minha família. Então não há motivos para ficar tensa, o próprio rei aprova seu trabalho

Eu o olho confusa. Porque ele está fazendo isso?

— Nã..não há problema nenhum, alteza. Conheço a Lua desde que era criança

— Verdade? — ele pergunta com ironia — Olha que maravilha, a senhora teve sorte

Ela ri forçadamente e o oferece um chá

— Lua, por favor, pegue meu chá — ele diz e eu olho com raiva — Só confio nos meus funcionários, não leve para o lado pessoal

— Sem problemas, Lua você...

— Mais respeito, por favor — Polo intervém — A senhora está falando com um membro do castelo. Dirija-se a ela como senhorita — ele sorri

Janice engole em seco

— Senhorita, Lua. Pode servir o chá ao príncipe da forma que ele deseja

Por mais que lute contra a vingança que arde em meu peito eu sorrio baixinho da situação e vou até a mesa de café pegar o chá do gêmeo parasita.

— Fique tranquila, eu não tomo chá — ele diz baixinho quando eu já tinha colocado o líquido na xícara e segue Janice até a sala de coordenação

Eu bufo e coloco a garrafa com força em cima da mesa. 

O gêmeo parasita me irrita de uma forma que eu nem consigo explicar. Acho que ele me incomoda pelo simples fato de existir. A existência dele é irritável.

Enquanto ele está em reunião sobre sei lá o que com Janice, eu aproveito que sei as senhas de todas as alas e começo a visitar as crianças.
Para minha surpresa, várias delas já foram adotadas, inclusive Finhe, que estava prestes a fazer dezoito anos e temia ter que ir embora e acabar morando nas ruas.

Entro na brinquedoteca e vejo também várias crianças novatas

— Tia Lua? — ouço a voz doce de Syla e me agacho quando a vejo correr para me abraçar — Tia Lua! Que saudade! Você sabia que eu vou ser adotada por uma princesa?!