Polo
Olho para a tela do computador em silêncio. A página em aberto é a ficha da Lua.
Lua, apenas Lua. Não há sobrenome. Nem evidências de pais biológicos ou até mesmo uma adoção.
Dezoito anos.
Nacionalidade desconhecida.
Data de nascimento, desconhecida.
Seu aniversário se comemora no dia em que ela chegou no orfanato, ou seja, nem mesmo sua idade de verdade ela sabe.Eu analiso freneticamente toda a ficha em busca de alguma informação completa sobre ela mas não encontro.
Pesquiso no banco de dados do orfanato, mas também só encontro menos que informações básicas. Que tipo de profissionais recebem uma criança no orfanato e não buscam investigar de onde ela possa ter vindo?Lua é praticamente uma indigente. Cresceu sem saber de onde veio, quem é, e até mesmo o próprio aniversário. Para qualquer um isso seria mais do que suficiente para crescer numa rebeldia compreensível. Mas não, ela age como se estivesse feliz o tempo todo. E se ela realmente estiver, eu nem sei porque reclamo da minha existência.
Cruzo meus braços e então meus pensamentos são levados a ideia de que talvez, a Lua, possa ser uma opção de possíveis herdeiros da Dinamarca
— Fala sério — sorrio nervoso e rapidamente procuro um papel e uma caneta para eu escrever argumentos coerentes que possam me fazer convencer de que isso não passa de uma grande coincidência.
Primeiramente, todos os possíveis herdeiros foram separados por idade. Aproximadamente dezoito anos. Logo após, separamos as fichas de acordo com crianças que foram adotadas a dezoito anos atrás em Cadloe. Mas e se deixamos passar algo? Onde estão as crianças que não foram adotadas?
Alguém bate na porta e eu escondo todas minhas anotações. A essa altura do campeonato, minha respiração já está ofegante, e eu não sei nem mais o que pensar. De uma coisa, mas eu posso ter certeza. Lua pode ser uma das opções.
— Podemos conversar? — ela pergunta quando eu abro a porta e eu engulo em seco
— Estou um pouco ocupado agora — digo mas ela passa por baixo do meu braço, entrando de vez no quarto — Olha, Lua, acho que já nos vimos o suficiente por hoje, que eu saiba, não tenho mais nada para fazer, então por favor, saia. Se eu precisar de você, com certeza chamarei — minto
Ela suspira enquanto pega a planilha de cronograma mensal e se senta na ponta da minha cama.
— Não precisamos mais disso — diz rasgando cada folha do planner.
Sem reação, eu apenas a observo. O que diabos aconteceu com a conselheira controladora que eu tinha? Finalmente poderei fazer o que eu bem quiser?
— Chega de roteiros, chega de birras sem sentido, chega de tudo isso, Polo — diz e eu a olho confuso — A partir de hoje, eu serei sua amiga você querendo ou não. Lhe acompanharei no que quiser que eu esteja presente, e administrarei o que quiser que eu administre. Mas não vou ser mais a chata que impõe nada sobre você. Você tem suas obrigações, e deve cumpri-las você sabe disso. Mas não irei lhe obrigar a nada, só quero ser uma mão pra te ajudar no momento em que cair, quero poder dar o conselho que você precisa, e principalmente, quero ser a amiga que estará ao seu lado te auxiliando, e não julgando.
Uma descarga de afeição pela Lua borbulha dentro de mim, essa garota realmente está abrindo mão do contrato que fez com meu reino, da forma que foi contratada para trabalhar, apenas para ser minha amiga…
Ela fica tensa, como se estivesse esperando ansiosamente por uma resposta minha, uma resposta que a faça acreditar de que fez o correto.
— Claramente veio me pedir desculpas e não trouxe nenhum presentinho? — pergunto, na intenção de esquecer o que sinto e o que acho que ela é
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Princesa, Por Legado - TRILOGIA PRINCESA
RomanceApós um encontro desastroso com o príncipe, a vida de Lua vira de cabeça para baixo. Seu irmão de consideração perde o emprego no castelo e tudo o que ela quer é consertar o que fez. De todas as coisas que já enfrentou, lidar com o príncipe Polo, é...