Capítulo 45

257 33 5
                                    

Lua

— Preciso de um carro oficial agora — digo ao guarda da garagem real — Olá? — estalo os dedos na sua frente — Preciso de um carro

— Como conselheira, deveria saber que é proibido qualquer membro da família real se retirar no meio de um evento público ou privado

Isso não estava nas cláusulas do contrato. Lembro-me de ter as lido umas mil vezes antes de assinar. E não há nada que remeta a proibição de saídas

— Eu li e reli todas as regras, e não me lembro de isso estar incluso

— Você sabe ler? — pergunta com desdém e então eu entendo o motivo de estar sendo barrada

— Não sabia que minha cor definia minha alfabetização — digo já com a voz trêmula

— Não libertarei nada até que o próprio Príncipe diga que de fato precisa. Quem me garante que você não vai fugir com o carro? — pergunta e eu dou um passo para trás — Pois bem, foi o que pensei

Eu fecho os olhos e suspiro profundamente.

— Dei-me as chaves do carro seu racista de merda, ou eu vou mostrar pra você que saio com esse carro, com ou sem aprovação — digo me aproximando do mesmo e ele não retruca nem nada

— O que está acontecendo? Quanto tempo você leva para pegar as chaves de um carro Lua? — Polo pergunta enquanto se aproxima, já nervoso

O guarda rapidamente procura uma das chaves e me entrega sem ao menos fazer uma reverência ao príncipe recém chegado.
Entrego as chaves para o parasita e ele me pede para acompanhá-lo seja lá onde ele for.

— Você é muito devagar mesmo — ele diz já sentado no banco me ajudando a entrar no carro com o vestido gigantesco — Pronto! Podemos?!

A essa altura do campeonato, eu já me sinto tão humilhada que nem consigo retrucar o Polo por ser grosso. Eu simplesmente só encosto minha cabeça no banco e observo o caminho

— Preciso que comece as aulas de direção — Polo diz, quebrando o gelo — Eu odeio dirigir

— Pode deixar

Ele me olha de lado e suspira

— Vejo que está usando um colar novo, gostei do pingente, é bem irônico

— É — sorrio forçadamente — Uma lua. Foi um presente.

Ele confirma e continua dirigindo

— Avise a Pérola que chegará somente pela manhã — ele me entrega seu celular — Nunca dirigi sozinho a noite, até o reino dos Marin

O olho confusa. O que diabos estamos indo fazer no castelo da Alisha? E porque essa ida repentina?

— Por favor — ele pede e então eu esqueço minhas milhares de perguntas e faço o que o mesmo pediu.

Minha mensagem para a princesa é simples e objetiva, logo após desligo o celular para evitar seu surto de solidão por achar novamente que estou a trocando pelo Polo

— No momento, essa sua cara me incomoda mais que o fato de sair no meio da noite dirigindo sozinho

— Pelo visto não confia na sua direção — brinco para demonstrar que está tudo bem mas o príncipe nega com a cabeça e pergunta o que está havendo — Podemos conversar depois?

Ele confirma. Insatisfeito.

Após longos minutos de estrada, finalmente chegamos ao reino da família Marin. O castelo é cercado por árvores californianas e é todo trabalhado com cores que remetem à madeira, dando um ar rústico e sofisticado ao mesmo tempo.

Princesa, Por Legado - TRILOGIA PRINCESAOnde histórias criam vida. Descubra agora