Capítulo 40

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Polo

Pela primeira vez em anos, eu estou desperto antes do despertador. Não consegui dormir nem por um minuto esta noite, apenas pensando na possibilidade de já conhecer a Princesa perdida da Dinamarca.

Já usando meu terno, eu ajusto a gravata e saio do quarto antes que Lua resolva vir até mim. Pelo visto todos ainda estão dormindo, todos menos o Rei Soren. Há alguns dias soube que todas as manhãs ele caminha no jardim. É como se fosse sua maneira de recarregar as energias. E é óbvio que o farei companhia hoje afim de tentar descobrir algo sobre seu passado

— Príncipe Polo — um guarda fala fazendo uma reverência — Deseja que o acompanhe?

— Não. Eu sei andar sozinho. E só ficarei dentro das dependências do castelo

Ele confirma e então eu desço as escadas até o jardim. Olho para trás e vejo Soren se aproximar, então finjo estar apreciando a natureza. O que na verdade é uma farsa, o jardim pode ser o lugar favorito de toda minha família, sem sombra de dúvidas é o da minha mãe, mas que graça tem? É só um monte de flores em cima da outra

— É bom respirar ar puro pela manhã, se tornou meu hobby desde que cheguei a Cadloe. E assim que voltar a Dinamarca, mandarei fazer um jardim no nosso castelo — fala e eu faço uma reverência fingindo surpresa por sua presença

— Com toda certeza. Todos os dias eu tenho que vir ao jardim para recarregar as energias. Conheço esse lugar como a palms da minha mão — minto e ele franze o cenho e por fim sorri

— Você está em cima de uma roseira, Príncipe — diz e eu percebo que esmaguei algumas das rosas favoritas da minha mãe

— Droga — resmungo baixo

— Talvez não conheça tanto

— É, eu odeio flores, jardins, e essas coisas — dou de ombros — Podemos ser parceiros ainda?

Ele ri e começa a caminhar

— Arthur e Harry são homens incríveis, mas no fundo, eu simpatizei mais com você — diz e eu agradeço internamente — Você me lembra como eu era na adolescência.

Confirmo e continuo o acompanhando com as mãos para trás

— Porque vem aqui todas as manhãs?

Ele suspira

— A vida tem sido dura comigo nos últimos anos Príncipe — diz — Se eu não sair um pouco para pensar, nem sei o que seria de mim

Isso! É o momento ideal!

— Não é nada fácil perder um filho. Eu sinto muito por vocês

— É insuportável na verdade. Principalmente saber que ele ou ela pode ter crescido num lar de amor, e agora tem uma vida feliz. Talvez nem queira nos conhecer

Ou totalmente o contrário. Talvez nem de fato uma família ELA teve.

— É uma semana difícil, principalmente para Abba. Nosso bebê veio ao mundo no dia dez, está fazendo dezenove anos

— Daqui a dois dias  — digo surpreso e ele confirma

— Provavelmente estará comemorando essa data com os que amam. E nós nunca comemoramos nada juntos. Nesses dezoito anos, todos os dias dez foi lembrado e sofrido por nós. É tão injusto tudo isso

Embora não tenha a total certeza de que Lua é a Princesa, eu não paro de pensar em como é nem mesmo saber o dia que nasceu. Eu odeio comemorar meu aniversário, principalmente porque minha irmã é louca por festas, e mesmo se eu não quiser, acabo sendo obrigado a ter um baile todos os anos. Odeio isso. Mas odiaria muito mais viver na incerteza até mesmo sobre meu nascimento. Ninguém merece isso. A Lua não merece isso.

Princesa, Por Legado - TRILOGIA PRINCESAOnde histórias criam vida. Descubra agora