Filho de músico, músico é. Quando eu era pré-adolescente, meu pai me levou a um relojoeiro para aprender a tocar violão. Meu pai era flautista e clarinetista e tocava na Philarmônica 30 de Junho (ainda se escrevia filarmônica com ph) e o relojoeiro consertava relógios e tocava e ensinava a tocar violâo.Na minha comunidade era assim: o trumpetista era ferroviário; o tuba, mestre de obras; o caixa, barbeiro; o bumbo, pintor de paredes; o trombone, funcionário público; o trompa, sapateiro; funcionava desta forma. Eu, próprio, nesta mesma 30 fui sax-tenor quando estudante. Hoje, sigo na música: sou bandolinista.
Mas, nem sempre os filhos seguem os pais. Meus três irmãos não tocam nenhum instrumento. Veja que curioso: os filhos de Caetano Veloso todos são músicos; os filhos de Gilberto Gil, nem todos. Mas a regra geral é Gongazão, Gonzaguinha; Simonal, Simoninha; Moraes, Davi; Martinho da Vila, Martinália; Bel Marques, Rafa e Pipo e o mundo segue.
A música surgiu quando o 'sapiens' descobriu que, batendo um pau ou uma pedra num objeto produzia sons. Elementar. Mas havia os bichos que produziam sons diferentes uns dos outros. Alguns deles, pareciam ter alguma coordenação: os pássaros. E era bonito de ouvir. Um leão urrava, mas, era só; uma girafa, nem isso. Uma ave dobrava os silvos, os cantos.
Vem daí - da natureza - que o homem se apropriou da organização dos sons que produzia em paus ocos - os tambores primitivos. E os sons foram usados para louvar os deuses, exaltar autoridades, incentivar as lutas. As batalhas, mesmo as tribais, tinham rufar de tambores. As bandas militares surgiram na Alemanha, França e Inglaterra na época do Renascimento.
Os povos nativos da cidade do Salvador, onde moro, a capital musical mais antiga do Brasil, não tocavam nada. Os astecas, povos da cultura pré-hispânica, no México, 2.000 a.C. tinham festivais e tocavam tambores.
Liras e harpas já eram tocadas na Mesopotâmia há 3.000 a.C. e o primeiro instrumento de sopro ao que tudo indica teria sido uma flauta de osso.
Descrever toda a história da música seria uma novela tantos são os exemplos. As raízes musicais da Índia antiga estão na literatura védica do hinduísmo. A base do pensamento indiano combinava três artes: recitais silábicos (vadya), melos (gita) e dança (nrtta).
O salto triplo carpado na música deu-se num convento europeu. A denominação das notas musicais deve-se ao monge italiano Guido D'Arezzo (1050). A partir do Sancti Ioannis surgiram ut, ré, mi, fá, sol, lá – e o si, formado pelas iniciais do nome do santo (João).
O nome dessas notas tem a sua origem na música coral medieval. Guido era regente do coro da Catedral de Arezzo (Toscana) e criou a solmização - nomes das notas. Seis das sílabas foram tiradas das primeiras frases do texto de um hino a São João Baptista. As frases iniciais do texto, escrito por Paolo Diacono, eram: Ut queant laxis, Resonare fibris, Mira gestorum, Famuli tuorum, Solve polluti, Labii reatum. Sancte Ioannes. Cada uma com um tom diferente da outra no momento do canto.
Mais tarde ut foi substituído por dó, sugestão feita por Giovanni Battista Doni, um músico italiano que achava a sílaba incômoda para o solfejo e foi adicionada a sílaba si, como abreviação de "Sante Iohannes" (São João). .
Há uma série de detalhes e estudos que foram sendo acrescentados ao longo dos séculos. Por exemplo, a altura das notas era designada por letras de A a G. Mais tarde, nos países latinos, adoptou-se a designação "dó ré mi fá sol lá si" para representar "C D E F G A B".
Pautada acima do pentagrama a cifra A, B, C, D, E, F, G representam as notas lá, si, dó, ré, mi, fá e sol. E que podem ser alteradas em um semitom ascendente ou descendente, respectivamente sustenido e bemol. Ex: Am - lá menor; D# - ré sustenido; Bb - si menor; A7+ - lá com sétima. Ou seja, há todo um código que facilita o aprendizado.
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A Cadeira e o Algoritmo - A Convivência Entre as Velhas e Novas Tecnologias
General FictionNo mundo competitivo dos dias atuais com as novas tecnologias em cena e a robótica abocanhando os empregos dos humanos, a cada dia é preciso se qualificar mais para enfrentar essa competição no mercado de trabalho e na vida cotidiana. Em "A Cadeira...