Criança que brincava no jardim do chalé dos meus pais situado na zona seca do interior da Bahia, em meados de 1950, vi pela primeira vez um avião que prestava serviços ao DNOCS e posou na minha aldeia causando o maior reboliço na comunidade. A população em peso olhou para o céu e eu fiquei de queixo caído. Entre o primeiro voo de Santos Dumont, 1906, em Paris, com o 14 Bis e este voo na Serrinha que conduzia engenheiros, se passaram 40/45 anos. O avião havia se tornado um elemento de transporte importante em todo mundo depois de atuar fortemente na II Guerra Mundial como arma (bombardeio). Londres foi destruída pelos RAF alemã.
Em 26 de janeiro de 1927 o Brasil autorizou a Condor Syndikat a voar. No dia 3 de fevereiro de 1927 aconteceu o primeiro voo comercial VARIG - fundada por Ruben Berta - entre Porto Alegre e Rio Grande, fazendo escala em Pelotas. A VARIG - até os dias atuais - é uma empresa que ficou no coração dos brasileiros, uma marca muito forte, adquirida pela GOL, em 2007.
Já o primeiro voo comercial do mundo foi realizado em janeiro de 1914, ligando as cidades de Saint Petersburg e Tampa, ambas na Flórida. UM hidroavião levava os passageiros entre as duas localidades em 23 minutos.
O Viking - avião russo - foi o primeiro jato comercial de passageiros, em abril de 1948. Os primeiros jatos comerciais construídos especificamente para tal fim, foram o britânico de Havilland Comet e o canadense Avro Jetliner.
Veja, portanto, que quando eu nasci (1945) já voavam os jatos e não saberia dizer qual o prefixo e a marca do avião que posou em Serrinha, na década de 1950, e que tanto assombro causou, mas, a verdade é que o 'sapiens' já estava voando desde quando meu pai, que nasceu em 1910, era menino.
As novas tecnologias seguem assustadoras. Nos dias atuais, o mandatário da Rússia, Vladimir Putin, com poderes de um absolutista, ameaça o Ocidente com armas nucleares a serem lançadas por foguetes, o parente mais moderno do avião. - "Se alguém decidir intervir de fora nos eventos em curso e criar ameaças estratégicas inaceitáveis para nós, eles devem saber que nossa resposta a esses golpes que se aproximam será rápida, extremamente rápida" - diz Putin.
O que também podemos observar é que a beira da III Guerra Mundial, já sinalizada pelo chanceler russo, o 'simpático' Sergei Lavrov, as máquinas voadoras continuam a ter duas utilidades básicas - a aviação comercial e a aviação de guerra - com suas variantes - metereológica, agrícola, de combate a incêndios - e mais recentemente o turismo espacial.
Nessa relação entre as velhas e as novas tecnologias, eu, que vi o monomotor posar em Serrinha e já viajei num DC-3 Douglas para Recife, na década de 1960, hoje, aos 77 anos, se dinheiro tivesse poderia ir ao espaço no Virgin Galactic.
Três empresas norte-americanas Virgin Galactic, Blue Origin e SpaceX intensificaram a disputa por voos espaciais a passageiros que podem pagar caro para ver a terra e outros astros de outro angulo. O nicho é considerado promissor e os principais atores já fizerem viagens experimentais: Richard Branson e Jeff Bezos viajaram em naves de suas empresas, enquanto a companhia de Elon Musk fez história com três dias em órbita.
Recentemente, no campo das novas tecnologias Musk comprou o twitter por 44 bilhões de dólares. Isso mesmo: algo em torno de R$220 bilhões. O preço da metade da Petrobras que vale R$442 bilhões (fev/2022).
Tudo isso que colocamos acima abordamos em nosso novo livro intitulado "A Cadeira e o Algoritmo" e analisamos a convivência entre as novas e as velhas tecnologias. E esse tema de viagens ao espaço tripuladas por homens começou com a viagem da Apollo 11 em voo espacial norte-americano responsável pelo primeiro pouso na Lua com os astronautas Neil Armstrong e Buzz Aldrin alunissaram o módulo lunar Eagle em 20 de julho de 1969. Depois já aconteceram várias viagens tripuladas por russos, americanos, chineses, japoneses, etc, visando aprimorar a tecnologia das comunicações - mercado bilionário de transmissão de dados - e agora volta-se para o turismo.
O que faz um cidadão comum ir ao espaço só pode ser o gosto pela aventura, o desejo de ver o espaço e a Terra de outra dimensão - nada mais do que isso - a um custo de R$2 milhões de reais. Óbvio que um turismo reservado a pessoas ricas. Mas já tem fila de espera.
Ora, desde que o 'sapiens' ganhou o espaço com o vôo de Alberto Santos Dumont em uma distância de 60 metros com o 14-Bis, no Campo de Bagatelle, Paris, e marcou historicamente aquele 23 de outubro de 1906 consagrando ainda mais o inventor - até os dias atuais - houve uma evolução imensa do transporte de passageiros pelo espaço.
É só lembrar que a viagem de Thomé de Souza para instalar o governo geral na Bahia, em 1549, as naus partiram do porto de Lisboa em 1º de fevereiro de 1549 e chegaram a Vila Velha do Pereira em 29 de março, 57 dias no mar. Hoje, um voo entre Salvador e Lisboa dura em média 9 horas pelos Airbus da TAP.
E, no caso da transmissão de dados, em 1554, quando o 1º bispo do Brasil, dom Pero Fernando Sardinha foi devolvido a Lisboa (nessa época os reis de Portugal é quem indicavam os bispos em comum acordo com os papas) diante de uma briga com o segundo governador, Duarte da Costa, e sua nau naufragou na costa de Alagoas ele e os demais sendo devorados pelos Caetés, até que a notícia chegasse a Salvador, sede do governo Geral, e depois a Lisboa se passaram 90 dias. E um segundo bispo (Dom Leitão) só foi enviado em 1555. A comunicação era feita por carta com selo da Coroa e levada pelas naus, por isso, demorava tanto.
Hoje, a viagem de Airbus entre Salvador e Lisboa dura 9 horas, porém, a comunicação de dados entre as duas cidades dura apenas segundos pelos WhattApp. Ou seja, um passageiro, em Salvador, pode se comunicar com um amigo ou parente em Lisboa, de forma imediata que está embarcando. Caso aconteça algo com o atual arcebispo de Salvador, dom Sérgio da Rocha, o papa Francisco é informado em instantes. Veja, portanto, a diferença: o transporte de pessoas com Thomé (57 dias); hoje, 9 horas; e o transporte de dados com Thomé (57 dias); hoje, instantes.
A Blue Origin, empresa de voos espaciais que o empresário norte-americano Jeff Bezos fundou nos anos 2000, informa que já faturou quase US$ 100 milhões em passagens privadas ao espaço. Bezos deu uma entrevista para jornalistas na 3ª feira (20.jul.2021) depois do norte-americano voar ao espaço por 11 minutos em um foguete da empresa. "Nós estamos nos aproximando de US$ 100 milhões nas vendas privadas. A demanda está muito alta, então continuaremos atrás disso", disse.
A Virgin Galactic começa hoje a oferecer ao público em geral passagens para o espaço. A empresa de Richard Brandson fez a primeira missão tripulada privada ao espaço em julho de 2021e, com o início das vendas, fica oficialmente aberto o turismo para fora da Terra para pessoas que não sejam astronautas ou convidados.
O bilhete, no entanto, é restrito a um número pequeno de pessoas que possam pagar seu preço "astronômico". Os interessados terão que desembolsar de cara um depósito de US$ 150 mil (cerca de R$ 777 mil), mas não para por aí. O valor final do passeio deve chegar a incríveis US$ 450 mil (R$ 2,3 milhões)! No valor já está incluso treinamento, "acomodações personalizadas" e "comodidades de classe mundial".
"Planejamos ter nossos primeiros 1.000 clientes a bordo para o início do serviço comercial ainda este ano, fornecendo uma base incrivelmente forte à medida que iniciamos as operações regulares e dimensionamos nossa frota.", disse Michael Colglazier, CEO da Virgin Galactic.
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Conclusão: remeto ao subtitulo do livro quando falo da harmonia entre as novas e as velhas tecnologias e pergunto: onde vamos parar? Ninguém sabe. Em andamento estão os carros voadores e as estações (vertiports) - aeroportos para veículos - já estão sendo construídos em várias partes do mundo, a alemã Lilium strutaps constroi um deles em Orlando e no Reino Unidos, neste 2022, foi inaugurada em Conventry o Vertiport Air-One.
Portanto, nada mais surpreende nesse mundo da 4ª era industritual da robótica e da Inteligência Artificial.
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A Cadeira e o Algoritmo - A Convivência Entre as Velhas e Novas Tecnologias
General FictionNo mundo competitivo dos dias atuais com as novas tecnologias em cena e a robótica abocanhando os empregos dos humanos, a cada dia é preciso se qualificar mais para enfrentar essa competição no mercado de trabalho e na vida cotidiana. Em "A Cadeira...