Capítulo 1

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Hailee

Pares...desde que o mundo é mundo todo os seres sexuados devem viver em pares, seja para impedir que sua espécie entre em extinção ou para reprodução. O problema é que isso nos persegue. Seja em casais protagonizando comédias românticas ou seja em comprar pijamas natalinos fofinhos que não podem ser comprados separadamente. O mundo se tornou uma grande e infinita bolha de pares. E eu? Sou uma exceção a regra.

Marie: Você é um tipo de troll malvada? Você está sempre brava. -Perguntou a filha de 5 anos do meu irmão, enquanto tocava minha sobrancelha.

Hailee: Sim, eu sou um troll, Marie. E me alimento de menininhas indelicadas. -Sussurrei, fazendo a menina correr para a mãe, enquanto gritava o nome da mesma.

É isso, desde que terminei com meu ex babaca, estou condenada a dividir a mesa com as crianças da família.

Valentina: Ela se assusta tão fácil. -Disse a irmã de Marie. -Tá na cara que você só é encalhada.

Fiquei perplexa com o vocabulário dela.

Hailee: Fica calado aí. -Sussurrei para ele.

Cheri: Então, querida...-Disse enquanto passava a travessa de salada para meu pai, atrapalhando minha sessão de apavoramento de uma criança. -Não tem nenhum namorado?

Continuei em silêncio, enquanto pegava com o garfo uma cenoura baby.

Cheri: Namorada? -Pensou mais um pouco. -Namorade?

Hailee: Mamãe?!?!?!

Cheri: O que, querida? Eu não sei como a pessoa que você vai gostar vai se identificar.

Hailee: Tudo bem, mas eu tenho atração por homens.

Griffin: Você está encalhada a anos, não é hora de ser exigente. -Brincou meu irmão, rindo.

Hailee: Eu não sou, apenas não tenho atração por outros gêneros.

Eliza: Precisa de alguém que tire a sua teia, seja ela, homem ou mulher. -Disse minha prima tomando um copo de limonada.

Hailee: Espera aí teia? 

Peter: Sua mãe nunca aceitaria, ela é meio antiga. -Disse tirando um cara ofendida de minha mãe. 

Cheri: O QUÊ? Antiga? Eu sou a pessoa mais mente aberta que eu conheço. Sou super moderna, aprendi até mesmo como usar o aplicativo do passarinho azul. 

Greta: É o Twitter. -Afirmou minha vó. -Ou será o tiktok? Eu sempre confundo.

Cheri: Twitter ou Tiktok não importa, eu só sei que sou uma mãe moderna para saber usar esses aplicativos e consequentemente moderna o bastante para saber que toda forma de amor é válida. -Soltou uma cara orgulhosa depois que terminou a frase.

Griffin: É muito legal isso, mãe. -Falou fazendo ela sorrir. -Porém, a Hailee tá sem ninguém. De nenhum dos gêneros.

Greta: Ela tem sim. O nome dele é Nemo. -Sabia que viria alguma piada. -Porque ela ainda tá procurando.

Todos da mesa riram, incluindo as crianças.

Hailee: Ótimo, eu vivo em uma família de comediantes. -Falei farta. 

Cheri: Brincadeiras a parte, querida. -Falou tentando recuperar da risada. -Você não precisa se sentir triste por não ter alguém, a maratona Steinfeld de natal está aí para alegrar seu coração solitário.

Oh, não. A maratona Steinfeld de natal.  Ela é uma tradição na minha família a muito tempo. É um conjunto de práticas e eventos que fazemos em família para reforçar o amor e a união. Quer dizer, eu sempre fico sozinha nelas.

Cheri: Você pode dividir lugar com a vovó.

Greta: Eu vou com uma amiga.

Ok, fui dispensada pela minha avó.

Griffin: Bom, irmã, você precisa achar alguém que te queira.

Eliza: Ela necessariamente não precisa.

Griffin: Se quiser não passar as aulas de culinária em duplas sozinha, ela vai ter que sim.

Cheri: Não pressione sua irmã, as coisas vem sendo difícil depois do Niall.

Hailee: Ai, meu Deus. -Minha indignação se fez presente ao ouvir a menção totalmente desnecessária do nome dele. 

Peter: Ela pode ser solteira, afinal, eu não me importaria de ter que ajudar uma filha mais velha não casada. -Falou seguro, mais no fundo dessa seguridade toda, eu sabia que tinha uma ponta de medo. 

Greta: Você é bem condescendente, Peter. Só porque a garota não consegue um namoro?

Peter: Eu não sou condescendente, eu só...

Cheri: Ela não precisa passar a época mais romântica e mais fofa de todas namorando. Não é uma regra, pessoal.

Todos começaram a falar um por cima do outro, me incapacitado de entender o que eles diziam.

Hailee: Eu...-Disse um pouco baixo.

Tinha algo em mim que eu nem sabia que estava ali, algo que eu não tinha como controlar. Palavras que meu subconsciente criou e quando eu vi...já tinha saído.

Hailee: Eu estou namorando.

Com um susto, todos se calaram e me olharam.

Cheri: Como assim, querida?

Hailee: Eu estou saindo com uma pessoa. -Disse com verdade, embora não tivesse nada de verdade naquilo. 

Peter: Sério, minha filha? -Perguntou meu pai sorrindo.

Hailee: Sim? -Disse com um tom mais para pergunta.

Peter: Que esplêndido! -Soltou uma risada.

Cheri: Ai, querida, que felicidade. Eu pedi a Afrodite...

Eliza: A pessoa é boa de sexo?  -Sussurrou para mim.

Cheri: E a Oxum, e a Parvati, e a Freyja e a Ísis. -Começou a contar nos dedos.

Peter: É, querida, entendemos. -Bateu levemente na mão dela. Gesto gentil para fazer ela para de falar.  -Então, querida, como está se sentindo?

Hailee: Bem. -Disse tomando a limonada do copo. Vi que a minha fala não convenceu muito. -Bem apaixonada, sabe? Muito apaixonada, na verdade.

Peter: Fenomenal. -Sorriu. -Eu e sua mãe queremos conhecer ele. No natal. O traga para a maratona Steinfeld!

Mamãe sorriu para ele.

Eu não haveria problema nenhum em trazer uma pessoa que eu estou apaixonada para o natal da minha família, o problema é que não existia uma pessoa.

Cheri: Pode ser assim, querida?

Hailee: Claro, mãe. -Sorri, enquanto levava o garfo para a boca.

EU. ESTAVA. MUITO. FERRADA.

Um par até o Natal (Hailee/you)Onde histórias criam vida. Descubra agora