— Já que você não tem medo de filmes de terror, isso não vai ser um daqueles clichês onde eu pego sua mão no meio do filme, certo? — Tzuyu perguntou enquanto pegava um refrigerante.
— Sim. — Mina respondeu comendo pipoca. — Mas você bem que poderia ter medo, sabe.
— E passar vergonha no meio do cinema com meus gritos? Nem.
— Você já passa vergonha todo dia, uma vergonha à mais não faria diferença. — Mina riu mais ainda quando levou um tapa no braço. — E eu tô errada?
— Cala a sua boca que o filme vai começar. — Resmungou com a feição emburrada.
— Tá putinha, é?
— Se eu soubesse que seria assim, nem teria te convidado.
— Você me convidou porque tinha aquela promoção que se fizesse uma cotinha, dava pra comprar um combo que eu sei.
— Ah, claro.
— E foi por que, então?
— Hm, o filme começou, que pena. — Tzuyu riu de nervoso quando a sala começou a ficar escura.
Nisso, Mina ficou quieta pois realmente queria ver o filme, mas ela percebeu que a mão de Tzuyu estava apoiada no braço da cadeira e, sorrateiramente, levou sua mão até lá.
Tzuyu estava fingindo estar pleníssima porém por dentro, todo seu organismo começou a gritar sem saber o que fazer ao sentir a mão de Mina encostando na sua.
E quando Mina resolveu entrelaçar suas mãos, então? O coração da pobre taiwanesa que só queria ver um filme com a sua crush errou uma batida e quase a levou à falência.
Dramas à parte, Tzuyu estava tremendo, porém como a boa atriz que é, não deixou transparecer. Ao menos tentou, né.
E, por algum motivo desconhecido, Mina havia percebido o gay panic da garota ao seu lado e ria internamente.
Só de "filha da putagem", entrelaçou sua mão com a de Tzuyu e deitou a cabeça em seu ombro, o sentindo tenso e percebendo que sua amiga não parava de tremer."Tá pior que um pinscher" Pensou.
Até que chegou um momento do filme em que houve uma cena que causava sustos. E quem se assustou, no final?
Sim, Tzuyu.
Porque a bichinha estava tão nervosa que qualquer barulhinho a fazia pular da cadeira de susto.
— Não era você que dizia que não tinha medo? — Mina sussurrou para não atrapalhar as outras pessoas.
— Não enche. — Murmurou.
— Você é uma medrosa. — Riu baixinho.
— Ah, falou a corajosa, própria personagem de Stranger things você.
— Eu vou te bater.
— Bate, eu gosto.
— Vai tomar no cu. — Revirou os olhos, agradecendo pelo ambiente estar escuro porque seu rosto provavelmente estava levemente rosado.
— Parece que alguém está sem argumentos. — Deu um sorriso cínico.
— Dá para as duas calarem a boca?! — O moço ao lado de Tzuyu perguntou puto da vida. — Paguei caro nessa merda pra ter que aguentar pessoas falando no meio do filme não, bora parar?!
— Escuta aqui, — Mina já ia começar uma treta, mas Tzuyu Interrompeu.
— Sem problemas, a gente se cala, tio. — Tzuyu tentou amenizar a situação.
— Façam silêncio! — Reclamou a pessoa que estavam na cadeira atrás delas.
— São elas duas! — O moço apontou para Mina e Tzuyu.
— A gente já entendeu, caralho! — A japonesa já estava tão puta que parecia que tinha encarnado o demônio na pele. — Agora dá pra todo mundo aqui calar a porra boca e assistir o caralho desse filme?!
E todo mundo se calou.
O poder que essa mulher tem, bicho.
[...]
— Minha nossa, eu tava vendo a hora de você descer o soco naquele cara. — Tzuyu comentou enquanto abraçava Mina de lado saindo da sessão.
— E eu tava mesmo. — Revirou os olhos. — Cara escroto, só sabia reclamar.
— Mas a gente também não deveria estar conversando.
— E daí? Ele foi idiota, isso que importa.
— Vamos esquecer isso. — Tzuyu olhou ao redor vendo diversas pessoas comendo. — Tá afim de ir no Burguer King?
— Ir na Lojas Americanas e comprar várias besteiras que nos farão ter diabetes no futuro e comer tudo de uma vez depois não parece mais prático e barato do que gastar em dois hambúrgueres caros? — Mina perguntou.
— Pensando por esse lado, faz sentido. — Tuzyu parou pra refletir. — É, sua ideia parece melhor. Vamos.
Assim, continuaram abraçadas e desceram as escadas rolantes, xingando com todas as forças o criador do shopping por terem que descer ainda mais duas escadas para conseguirem chegar no local onde iriam comprar comida.
Ao chegarem lá, separaram-se e cada uma foi em uma direção da loja. Uma foi para os salgadinhos, outra foi para as bebidas e no final ambas se juntaram para irem na seção de doces e depois para a fila.
— Nós vamos ter diabetes. — Tzuyu comentou quando saíram da loja.
— Pois é. — A japonesa olhou para as sacolas. — Porém só se vive uma vez, vamos aproveitar.
Subiram para a praça de alimentação — não sem antes xingarem o criador do shopping novamente — se sentara-se em uma mesa, atacando toda a comida logo depois.
A diarréia vem, meus amigos.
Após terminarem de comer e irem ao banheiro, foram observar o por do Sol na varanda do shopping.
— Eu odeio o Sol, mas tenho que admitir que o pôr dele é incrível. — Mina soltou após ficar uns minutos abraçada com Tzuyu em silêncio.
— Sim. — Respondeu sentindo seu celular vibrar e o pegar. — Fudeu!
— O que aconteceu?! — Mina perguntou confusa e levemente assustada ao ser praticamente jogada para longe de Tzuyu por ela.
— Minha tia tá na praça de alimentação! — Levou as mãos à cabeça em desespero. — E se ela tiver visto a gente junta em algum momento?!
— Acho que ela não viu. — Tentou ajudar sua amiga a ficar calma. — Respira, tá tudo bem. Se ela tivesse visto, já teria interrompido a gente.
— Tomara, Mina, tomara. — Respirou fundo. — Preciso ir, tchau, e desculpa por isso.
— Sem problema. — Sorriu. — Tchau, Tzuyu.
E viu, assim, Tzuyu ir embora com uma aura tensa ao seu redor.
[...]
— Oi, tia. — Cumprimentei ao ver ela parada em frente à Bob's.— Oi, Tzuyu. — Respondeu aparentemente normal. — Quer comprar alguma coisa antes de irmos embora?
— Não, eu acabei de comer e tô cansada. — Respondeu tentando não transparecer seu nervosismo.
— Então vamos.
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Eu só queria jogar, poxa
RandomMina, uma garota sedentária que gostava de passar o dia inteiro jogando em seu console, nunca consegue ter um momento de paz em sua vida por causa de suas amigas estranhas e suas irmãs lerdas.