Capitulo 3- Ideia

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Pov Gabriela

Uma semana! Por uma semana fui a UTI conversa com ela, mas seus batimentos cardíacos nem ao menos mudavam ao som da minha voz.  O olhar esperançoso das meninas exerciam uma grande pressão sobre mim. 

Onde eu havia me metido afinal? Falava com anjos que acreditava está vendo, me metia em uma história que nem sabia se deveria de verdade. E se ela realmente não quisesse? Se ela já tivesse partido e eu estava insistindo apenas em um corpo inerte? Eram tantas questões nublando a minha mente.

Em mais um plantão de sexta, resolvi que Sheilla seria minha primeira paciente do dia. Assim que adentrei a UTI percebi que sua avó se fazia presente ao local. Ela sorriu ao me ver e em um gesto com as mãos me chamou para perto.

— Bom dia. — Disse ocupando o lado oposto do leito de Sheilla.

— Bom dia menina. Desculpa a informalidade mas tenho um carinho grande por você e não me pergunte o porquê. — Ela disse sorrindo.

— Não se preocupe. Não me incomoda. Como a senhora está ? 

— Fisicamente bem, mas meu coração está inundado pela saudade do sorriso dela, do seu olhar. — Enquanto ela fala sua mente parece viajar para alguma lembrança.

— A senhora disse que ela jogava vôlei certo?

— Sim, uma grande promessa. O vôlei é como o amor da vida dela e acho que ela não volta por ter medo de o ter o pedido.

— Ela não o perdeu, mas para tê-lo de volta ela precisa voltar. Voltar para lutar. Enquanto dorme não saberemos os danos que acidente causou de fato, os exames mostram uma recuperação completa. A muito para sua neta conquistar ainda, mundiais, olimpíadas e o mundo. E não podemos esquecer de quanto ela é inspiração para muita gente.— Minhas palavras saiam com uma convicção ainda desconhecida por mim, mas muito verdadeira.

— Espero que ela saiba disso. Thaisa está ansiosa para que elas voltem a jogar juntas. — Ela diz sorrindo mais uma vez.

— Quem é Thaisa? — Pergunto curiosa.

— Colega de clube e melhor amiga dela. Aos sábados e domingos ela que vem aqui. Ela me liga todas as noites e só desliga depois que eu estou dormindo. Tem cuidado de mim como parte de sua família.— Noto que atividade cerebral se altera levemente no monitor ao ouvir falar da amiga.

—Não tenho dúvidas que a senhora é. Eu posso encontrar partidas que a Sheilla jogou em algum canal no YouTube? — Pergunto depois de ter uma ideia.

— Com toda certeza. O minas tem seu próprio canal e eles mantém as partidas lá. 

— Irei procurar.— Afirmo.

— Tenho certeza que minha neta ganhará mais uma fã. — Ela diz apertando minha mão sob o corpo de Sheilla.

— Eu já sou. Soube que ela é uma mulher muito forte e uma ótima jogadora.— Digo me lembrando das conversas com Liz e Ninna e nesse momento elas aparecem.

— Soube? Quem lhe contou? — a senhora pergunta curiosa.

As duas anjinhos riem da situação que me coloquei e queria brigar com elas, mas brigar com anjos não deveria ser muito divino, então deixei pra lá.

— As outras enfermeira me disseram. —Minto descaradamente e pior minto na frente de anjos.

— Ah sim. Ela é de fato.

Depois de mais alguns minutos deixamos a UTI. Conversamos por mais algum tempo até que ela foi embora e eu voltei ao atendimento. Quando finalmente acabei a ronda voltei a minha sala para me preparar para as consultas do dia.

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