Capítulo 10- A missão não acabou

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Pov Gabriela 

Tê-la de olhos abertos bem diante de mim fez como que próprio corpo recuperasse uma energia que eu nem havia percebido que tinha perdido. Mas, ela estava ali, como um milagre, poderia chamar aquilo de ressuscitar? Porque ela havia morrido, certo? Ou eu havia perdido algum detalhe, mas ela estava ali.

Como todo paciente vindo de um coma tão longo ela possuía algumas limitações pelo período que seu corpo ficou em repouso. Mas nesta semana ela havia evoluído tanto. Parece que a mudança para o quarto lhe trouxe mais vida e esperança e isso se intensificava com a visita matinal da sua avó e a de Thaisa no fim da tarde. Mais algumas pessoas apareceram ao longo da semana, amigos de clube, de fora do vôlei e até algumas celebridades, assim como alguns jornais locais notificaram o seu despertar e recuperação.

Ninna e Liz não deixavam o quarto, pareciam ter medo de ao sair daquele local que ela viesse a desaparecer como fumaça, mas ela estava ali viva, assistindo ao jogo do Minas pelo celular e com uma carinha muito brava quando o narrador disse que o ponto era do time adversário.

Ouvir quando ela disse "droga" de um jeito ainda embolado,  e os anjos a olharem em choque. Suas palavras ainda era limitadas, ainda não havia frases inteiras, mas ela estava evoluindo. Ouvir também Ninna a repreender, mas ela não podia ouvir-la então continou a repetir a palavra algumas vezes seguidas, o que deixava os anjos em clara revolta.

— Até quando vai ficar dessa porta olhando. — Liz pergunta. E fiz sinal de silêncio. — Ela não morde Gabriela, é só entrar.

Sheilla olhou pra mim e sorriu brevemente e sinalizou para que eu entrasse. Olhei para onde Liz estava a repreendendo com um olhar, mas não pareceu abalar aquele projeto de anjo.

— Como se sente hoje? — Perguntei já de frente para sua cama.

"Estressada com esse jogo do Minas e louca para ir pra casa" — Escreveu no celular.

— Eu não posso resolveu a questão do Minas apesar de saber que é um ótimo clube, minha melhor amiga joga nele. — Ela me olhou surpresa.

"Quem é?— mostrou a tela mais uma vez.

— Lorenne, ela ainda é da base, mas tem uma carreira promissora pela frente e se inspira muito em você.—Vi quando seus olhos foram tomados por um brilho diferente. — Mas vamos as boas notícias. Você irá pra casa hoje depois de mais uma revisão de exames. Terá acompanhamento de psicólogas, fisio e fono e logo estará totalmente recuperada.

"E você vem junto?" — Ela escreveu e sentir meu rosto queimar e ela sorriu. Acho que o senso de humor dela estava intacto.

— Estarei presente quando precisar, espero que não precise, porém ficarei acompanhando de longe e prometo ir ao seu primeiro jogo.

"Não acho justo, você é uma ótima médica e tenho certeza que minha recuperação seria mais rápida com a sua presença."

Eu não sei quantos tons vermelho tem, mas tinha a certeza de que havia atingido seu tom mais intenso, o que fez com que tanto ela quantos os anjo dessem risada.

"Relaxa doutora, apenas gosto da sua companhia e do seu sorriso, quando ouço sua gargalhada tenho vontade de continuar vivendo. Eu não sei explicar, não sei exatamente por que voltei, mas sei que um dos motivos foi você"

— Fico feliz em saber que tenho uma parcela nisso, posso ir na sua casa aos sábados se não se incomodar, prometo ficar só o tempo que quiser minha presença. — Respondo com uma euforia estranha no peito.

"Ficarei muito feliz em vê-la sempre, apesar de passar a semana sem ouvir sua voz, pois já havia me acostumado"— Ela pisca.

— Pense pelo lado positivo, vai estar fora daqui e perto de quem ama.—Ela sorriu e estendeu a mão e prontamente fui ao seu lado e a segurei.

— Obrigada. — Disse do seu jeito, mas eu entendia. Seus olhos presos no meu me tiraram um ar por alguns segundos.

— Não há por que agradecer e não é como se fosse sumir da sua vida, ainda tenho promessas a cumprir.— Intensifiquei o aperto em sua mão e o recebi de volta.

—Eu sei. — Ela sorriu e eu fiz o mesmo.

— Te vejo amanhã se quiser. — Ela concordou com um aceno de cabeça. — Até mais tarde, se comporte durante os exames ou não deixarei você ir pra casa. — Brinquei e ela fez uma falsa cara de indignada.

Deixe seu quarto sendo seguida por Liz. Estranhei a sua companhia já que ela não deixava a Sheilla. Ela me acompanhou por toda manhã em silêncio e só voltou a falar quando estava em minha sala.

— Você a ama. — Disse do nada.

— Anjos não lêem mente até onde eu sei. — Rebati sentando em frente ao computador e preparando as atualizações de prontuários.

— Não mesmo, anjos lêem pessoas e você Gabriela, ama Sheilla Castro e o incrível disso é que não é um amor que veio de uma forma comum, você a ama mesmo sem ter tido muito dela, mesmo que tudo que ela consiga te dizer no momento sejam palavras monossílabas, você a amou mesmo quando não tinha sua voz ou mesmo seus olhos abertos, talvez seja por isso que você tenha sido a escolhida.

— Não sei do que exatamente você está falando e não quero mais nenhuma missão divina. Então escolham outra pessoa seja para o que for. — Disse sem tirar os olhos do computador para não denunciar o quanto suas palavras me afetaram.

— A sua missão ainda não acabou, na verdade ela irá durar até o último suspiro da Sheilla. Por quê a sua missão é a Sheilla.

— Está dizendo que vou ter que cuidar dela para sempre ?— Questionei confusa.

— Cuidar, amar, respeitar, você é para Sheilla assim como ela é para você. 

— Interessante. Tentarei me lembrar disso. 

— Você irá, mas não por muito tempo. Chegará um momento que tudo que você terá é sensações. 

— Do que exatamente você está falando seu projeto de mini anjo?— Questionei confusa a encarando. Nunca havia visto a Liz com um olhar tão sério.

— Tudo que tinha para explicar já foi explicado. Guarde as minhas palavras enquanto puder. — Ela sumiu em seguida me deixando completamente confusa. 

Voltei ao quarto de Sheilla por volta de cinco da tarde, autorizei sua alta e me despedir tanto dela quanto de sua avó e Thaisa.

— Fiquei sabendo que vai a casa de Sheillinha amanhã doutora. — Thaisa diz já na porta.

— Sim. Espero que não traga nenhum incômodo.

— Com toda certeza não, na verdade tenho a sensação de que a recuperação dela será muito mais rápida porquê ela tem você. Até mais doutora.

Não respondi, na verdade não houve tempo para processar uma resposta coerente. Parecia que todo mundo resolveu deixar claro o quanto minha presença era importante para Sheilla e sinceramente eu não entendia exatamente o por que, acho que já havia cumprido o que tinha que ser feito, no que mais eu poderia contribuir ?

*Gente o capítulo estava tava gravado mas eu esqueci de por pra publicar. Obrigada Lunna por lembrar kkkkkk
Desculpeeeeem

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