Capítulo 19- Decisão Acertiva

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Pov Sheilla 

Toda aquela discussão no apartamento da Gabriela me fez pensar muito no quanto em dezoito anos de vida ela teve que assumir responsabilidades sozinhas. Não era justo, inteligente ou não ela se tornou adulta cedo demais. 

Tomei a decisão de que a partir daquele dia nos duas dividiriamos os encargos que a vida trouxesse. Decisão tomada liguei para Thaisa buscando ajuda e mesmo não sabendo o que era veio me ajudar.

— Posso saber por que você me fez falta a um treino e faltou a sua própria terapia?— Thaisa adentrou a casa da minha avó parecendo um furacão.

— Quero voltar para casa. — Sentenciei.

— Você se sente pronta pra isso? — Questionou preocupada.

— Sim, eu já consigo me locomover, se precisar sair tem você, a Gabriela e o Uber.  Eu posso me virar sozinha, aliás preciso disso e você sabe.

— Sei sim, não sei como você não se mudou de volta quando ainda estava na cadeira de rodas.— Brincou.

— Não foi por falta de vontade. Eu amo a minha avó, mas amo minha independência.

—Entendo, mas só pra saber, isso não tem nada haver com o clima quente que se instalou na casa da Gattaz ontem a noite não né ? Vai que você queira um lugar mais privado.— Ela me olha sugestiva e olho para cozinha tentando saber se minha avó não estava ouvindo.

— Thaisaaaa— Alertei

— Deixa de bobagem que sua avó sabe que você não é nenhuma santa, agora fale.

— Não exatamente. Aconteceu uma coisa— Explico a Thaisa tudo que havia ouvido.

— Se juntar as meninas do Minas da pra deixar ele roxo. Onde já se viu? Em que século ele vive? Ela era uma adolescente, precisava do cuidado e apoio dele e esse imbecil entregou ela para o mundo e sozinha. — Thaisa estava revoltada.

— Ela não está mais sozinha. — Minha avó se aproxima colocando a mão sobre o ombro da minha amiga buscando acalmar-la — Eu realmente veja a menina Gabriela como alguém que veio com uma missão, toda sua trajetória foi para que ela chegasse até a minha Sheilla. Vocês nasceram uma para outra. Esqueçam o que houve no passado dela, agora devemos mostrar que ela tem uma família, que é amada e que não precisa continuar seguindo sozinha.— Minha avó falava olhando diretamente para mim.

— Nem um tapinha? — Thaisa brinca.

— Não. Mas você pode ajudar a Sheilla com a mudança e eu posso preparar uma excelente torta de maçã para receber-la no apartamento da minha neta. — O sorriso acolhedor da minha vó estava estampado no seu rosto e me fez entender que eu havia tomado uma decisão acertiva.

— Então mãos a obra. — Thaisa se levanta animada.

Conseguimos uma faxineira de última hora e seguimos para o apartamento que não era muito longe. Eu avisei a Gabriela que ela deveria me buscar no novo endereço, mas passei o dia todo ocupada para responder qualquer mensagem depois disto.  Passamos a tarde organizando meu quarto para que ficasse o mais confortável possível para ambas, também organizei o quarto de hóspede caso ela ainda não se sentisse a vontade para ficar no meu.

Minha avó cuidou do jantar e da torta, Thaisa tomou um banho no apê mesmo e usava uma roupa minha. Tudo estava no devido lugar, para que a mulher que eu amava e me fez querer viver novamente tivesse uma nova vida, uma vida essa onde ela não estaria só.

Por volta das sete da noite eu vi da varanda quando um carro parou em frente ao prédio e ela agradeceu ao motorista de forma rápida e entrou correndo no prédio.

—Ela parece muito nervosa. — Thaisa comentou.

— Eu não a respondi depois de avisar para vir.

— Legal, já vai começar a noite levando um tapa. — Ela faz uma dancinha com um sorriso debochado no rosto.

A campanhia tocou e fui até a porta devagar, quando ela me viu, me abraçou apertado e eu retribuir.

— Você está bem? Você não respondia, Thaisa não atendia, sua avó também não atendeu na casa dela. — Dizia tudo muito rápido me avaliando.

— Eu estou ótima. Desculpe por não responder suas perguntas, eu estava ocupada preparando algo.— Ela respirou aliviada, mas seu olhar tinha uma pontinha de raiva.

— Olá menina. — Minha avó a puxou para um abraço enquanto eu fechava a porta. 

— Oi Gabi. — Thaisa abraçou.

— Eu perdi alguma coisa? Vocês parecem muito animadas.

— Olhe em volta meu bem.— Ela olhou por alguns minutos.

— Esse é o seu apartamento. Vai se mudar? 

— Eu já me mudei, só falta você. 

— Não entendi. — Ela coça a nunca como sempre faz quando está confusa ou com vergonha.

— É simples, você precisa de um lugar para morar e eu quero ter você em minha vida. Então resolvi unir o útil ao agradável, você vem morar comigo, nós partilhamos a vida, você ganha uma família que te ama e eu ganho uma médica particular. Mas isso se você quiser. 

Eu estava muito apreensiva, Thaisa passou o dia tentando me convencer que ela aceitaria, mas no conhecemos a três meses e meio, ela poderia me achar louca.

— Eu não quero incomodar. — Foi só o que disse.

— Ah mais você não incomoda menina, na verdade você tem o lindo poder de encher nossas vidas de luz. Já te considero minha neta, Thaisa tem você como cunhada e a Sheilla te ama.

Ela me encara, havia um misto de sentimentos no seu olhar, alguns desses sentimentos eu conhecia, como medo, insegurança e esperança. Mas existiam outras que eu não saberia dizer o que eram.

— Você tem certeza que quer isso? Você pode não gostar da convivência?

— Absoluta. 

— Está bem, mas eu ajudo em todas as contas. — Ela estava apreensiva.

— Por mim tudo bem. — Digo. 

De um lado da sala Thaisa colocava vinho nas taças muito animada, outro minha avó nos olhava completamente feliz e eu a abracei no meio da sala.

— Quando olho para você tenha a sensação de que te conheço a muito mais tempo, tenha a sensação de está finalmente em casa. Me sinto segura e amada e isso mais do que suficiente para dividir uma casa com você. — Sussurro ainda abraçada a ela.

— Tenho a mesma sensação. Eu te amo e eu não consigo colocar em palavras o tamanho desse sentimento, só sei que ele é grande o suficiente para me fazer querer passar uma vida ao seu lado. Isso ainda não é um casamento, mas gostaria que você me desse a honra de chamá-la de namorada. —Meu coração se agitou e eu a beijei.

Thaisa gritava como uma louca pulando ao nosso redor com a taça em mãos enquanto minha avó gargalhava. 

— Sim.— Disse quando nos afastamos.

— Finalmente saiu esse pedido. — Thaisa diz

— E saiu melhor que se tivesse sido planejado.— Minha avó comenta.

— Eu queria pedir algo— nós a olhamos para Gabriela— não me mande mensagem dizendo que é urgente e suma, eu quase infartei. — Nós rimos do seu desespero.

A noite terminou com nós quatro espalhadas pela sala cada um com um pedaço de torta no prato fazendo planos para o futuro. Gabriela não era ambiciosa, ela queria conforto, estabilidade, amor e paz. Eu queria o mesmo e lógico mais reconhecimento no vôlei. Thaisa queria ser campeã olímpica e minha avó queria bisnetos.

Não acredito muito no divino, mas se ele realmente existe espero que em algum lugar estivesse nos ouvindo e atendesse aos desejo dos nossos corações.

*Capítulo 2/3💖 . Espero que gostem. Amanhã tem mais um. Tenha um ótimo dia 💗

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