Capítulo 6- Visita de Domingo

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Pov Sheilla

Hoje era domingo, sei disso porquê todas as vezes que minha avó vinha ao hospital ela fazia questão de falar que dia era e como estava o dia lá fora. Isso fazia com que chegasse a sentir falta do ar puro e do calor do sol.

 Hoje era o dia da visita da Thaisa, por muito tempo eu desejei que ela parasse de vir, me causa dor saber que sou a responsável pela sua lesão, pelas dores que ainda sente, pelos meses que precisou se afastar das quadras, pelas suas fisioterapias diárias. Mas com o tempo as visitas se tornaram mais leves já que ela estava sempre falando sobre seu então noivo e sobre os planos para o casamento e fazia com que eu esquecesse um pouco de tudo.

Mas ainda assim falar do seu casamento trazia certo desconforto, porquê nos seus planos eu a levaria ao altar junto com a sua mãe, infelizmente ela ainda não havia aceitado o fato de que eu não queria voltar, não para decepcionar-la novamente e ver todo o estrago que causei.

Hoje ela havia demorado mais que o normal, geralmente sua voz tomava o ambiente na hora da troca de enfermeirasz porém assim que chegou notei que ela conversava com a médica nova.

— Oi Sheillinha, conheci sua médica e ela é maravilhosa e linda, você pegaria super. —Ela ri.

— Não poderá pegar enquanto for minha paciente. — A garota brinca.

— Hummmm, mais um incentivo para você levantar dessa cama ein? — Thaisa volta a dizer e eu tenho vontade de revirar os olhos com sua insistência. —Mas falando sério agora, preciso conversar algo com você. — Há um breve momento de silêncio— Sei que não tocamos muito no assunto, na verdade eu, mas preciso que volte comigo ao dia do acidente. — Meu coração da um leve solavanco com aquela frase, posso ouvir os monitores de imediato— Relaxa, não há nada de ruim sobre aquele dia a não ser o fato de eu ter quase perdido a minha melhor amiga, sei que se lembra do que eu disse antes da gente entrar naquele carro e nada mudou, se você se levantasse dessa cama hoje eu confiaria a minha vida e o meu carro a você como naquele dia, eu continuo confiando em você para me guiar para casa em meio a chuva, continuo confiando a minha vida a você como sempre confiei, não há nada naquele dia que possa mudar isso. Nada do que houve é culpa sua, você não quis causar o acidente e sei que nessa cabeça teimosa você pensar o contrário, mas ainda assim se tudo que disse não for suficiente, você tem o meu perdão. — Eu não consigo controlar a onda de emoção que tomou o meu corpo e algumas lágrimas rolam pelo meu rosto. 

Finalmente eu tinha o seu perdão, finalmente eu poderia partir sabendo que ela não me culpava. Só queria poder dizer a ela que não estava partindo por ser uma pessoa egoísta que não entendia a dor que ela e minha avó sentiriam, eu as entendia perfeitamente, mas eu não conseguia pensar em viver em um mundo sem o vôlei, eu dediquei a minha vida a isto e a mínima possibilidade de não ter mais o vôlei em minha vida e viver presa a um cama me tirar a vontade de viver.

Eu realmente queria acordar e explicar pra elas isso, mas acordar daria mais esperanças e se havia algo que elas não podiam ter naquele momento era esperanças. 

Alguns minutos de silêncio depois uma gargalhada tomar o ambiente e então é como se uma nova onda de emoção tomasse o meu corpo, eu reconhecia aquela gargalhada, era a mesma gargalhada da garota que vi momentos antes da chuva. Era ela, estava ali, com a Thaisa, era a minha médica, ela esteve ali todo esse tempo e estava bem.

Eu sentir meu corpo aquecer e meu coração bater tão forte que chegava a machucar, não conseguia me controlar, os monitores apitavam irritantemente, ouvir quando ela pediu para Thaisa se afastar enquanto se tornava difícil respirar, ouvia suas ordens as enfermeiras e logo o sono me tomou e já não conseguia mais pensar, tudo se tornou silencioso e acho que dormir.

Oiê, voltei com dois capítulos, desculpem a demora não estava bem de saúde e tem sido corrido a vida no trabalho. Espero que todxs estejam bem e me digam o que acharam. Obrigada pelo comentários anteriores.

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