A conversa no sofá

195 14 3
                                    

Passamos o resto do dia juntos, passeando pela praça e casualmente visitando a farmácia para comprar remédios que evitassem a ressaca. Victoria adorava Marselha, e eu pude observar os dois brincando nos brinquedos da praça. Suas mãos grandes entrelaçavam as mãozinhas dela.

O sol já havia dado lugar a lua quando voltamos para casa. Victoria estava sonolenta. Depois de 10 minutos com a minha filha deitada contra o meu peito, pele com pele, enquanto eu balançava meu corpo e balbuciava um par de músicas de ninar genéricas, Victoria adormeceu. Coloquei-a cuidadosamente no berço, cobrindo seu corpinho com uma coberta. Deixei o quarto, mantendo a porta entreaberta, e fui encontrar Marselha na sala. Ele estava sentado no sofá, os olhos fixos no jornal que passava na televisão. Me convidou para sentar ao seu lado enquanto desligava a televisão. Eu o fiz.
-Vai ficar em algum hotel por aqui? -Perguntei.-
-Esse é o jeito de você me expulsar ou de me convidar para ficar? -O encarei por um tempo. O seu olhar oscilava entre os meus olhos e o meu cabelo.-
-Se você não tiver nenhum compromisso...pode ficar.
-Tem um quarto de hóspedes?
-Tem...mas não acho que você vai dormir la -Eu me aproximava dele, devagar.-
-Não? -Marselha se fez de desentendido, e eu sorri.-
-Pode ficar no sofá...
-É? -Ele colocou a mão na minha coxa. Devagar, ela se esgueirava para dentro da saia. Queria saber até onde eu o deixava ir.-
-Então é para isso que você veio? -Falávamos baixo e pausadamente. Enquanto os meus olhos percorriam o seu corpo, ele me encarava. A mão dele continuava pousada dentro da minha saia.-
-Vim ver você.
-O Professor não te mandou aqui, né?

Marselha negou com a cabeça. Ele se aproximou, e nos beijamos. Tirou a mão grande da minha coxa e a colocou na minha bunda. Ele beijava o meu pescoço e eu podia sentir o cheiro de shampoo do seu cabelo.

Estávamos deitados no sofá, dois corpos suados e ofegantes depois de uma transa maravilhosa. Eu estava deitada em cima dele, nua, a minha bochecha encostada no seu peito. Virei meu rosto para o dele.
Marselha era um homem grande, mas amoroso. Sussurrava galanteios no meu ouvido enquanto transávamos e pousava a mão na minha cintura. Já estava olhando para mim quando eu virei meu rosto na direção do dele. Parecia apaixonado.
-Gostou? -Ele perguntou, a voz ofegante. Estava feliz.-
-Sim -Respondi. Sabia que ele não tinha vindo só para me comer. Logo iria me propor um encontro, e eu teria de dizer que não. Preferia adiar o momento em que ele iria perceber que eu sabia das suas intenções e o iludi mesmo assim.-
-Eu também. Você é maravilhosa.
-Eu sei -Eu ri.-
-O que acha...de irmos para Paris?
-Como?
-Vamos passar a semana la. Nós três.
-Não da. Ela ainda é muito nova.
-Vamos num bate e volta, então.
-Não sei...não quero me envolver, Marselha -Eu disse, me sentando no sofá. Procurei meu sutiã e o achei no chão. O coloquei.- olha só. Eu nem sei o seu nome de verdade. Que continue assim.

Me levantei, indo tomar banho, sozinha. Voltei e achei a sala vazia e um bilhete na geladeira.

Primeira Noite em Paris 2022Onde histórias criam vida. Descubra agora