Os três em Paris

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As próximas duas semanas se desenrolaram incrivelmente rápido. O encontro com Sérgio e Raquel me animava, mas não sabia como agir em relação ao outro assaltante. Temia ter que me apresentar. Ele perguntaria sobre a paternidade de Victoria (eu e Marselha raramente tocamos no assunto. Ambos sabemos que Victoria o vê como um pai, mas nunca falamos diretamente sobre isso) e questionaria a minha fidelidade com o grupo. Odiava a sensação de vergonha e receio que aquele encontro causava.

Eu e Marselha nos viramos na cozinha como podíamos, com Victoria ao nosso lado e as pausas para beijos desencontrados. Era ótimo cozinhar com ele. Seu corpo grande se movia agilmente pela cozinha, enquanto montava um pavê no balcão ou refogava legumes no fogão. Marselha beijava a bochecha de Victoria e ela sorria, perguntando o nome e o que preparávamos.
As vezes eu me perguntava de que adiantava nós dois termos tanto dinheiro se na hora de fazer um almoço especial preferíamos fazer malabarismo como doidos com pouca experiência (ou nenhuma, no meu caso) enquanto podíamos contratar um grande buffet sem nem mesmo sentir o dinheiro saindo dos nossos bolsos já tão fartos. Eu diria que é porque é muito mais legal, além de mais complicado. Nós dois gostamos de brincar de casinha. É divertido escolher a receita em um livro que ele comprou na Amazon, escolher os ingredientes no mercado do outro lado da rua e preparar com a Victoria perguntando o nome dos temperos. Era muito mais legal quando enquanto batia a massa do bolo de chocolate, Marselha enfiava a mão no pote de farinha e jogava um punhado na minha cara. Ele e Victoria riam de mim, em uníssono, e eu só conseguia pensar em jogar o dobro de farinha na cara dele.

Meu namorado saiu para buscar seus amigos no aeroporto. Eu fiquei com Victoria, dando o almoço pra ela. Minha filha deveria estar sentada no cadeirão da cozinha, mas tinha pedido para ficar no meu colo. Eu a incentivava a dar às colheradas sozinha.
-Está gostoso, meu amor? -Perguntei. Ela assentiu.-
-Muito bom, mamãe.
-Sabe quem fez?
-O Marsela.
-Isso aí. Mas a mamãe fez a Victoria, e tem coisa mais gostosa do que essa bebê?
-Não sou bebê.
-Não? Você é o que?
-Cri...criança -Eu ri e dei um milhão de beijos na minha filha enquanto ela ria.-

Meu corpo gelou por um instante quando a campainha tocou, alguns minutos depois. Victoria me lançou o seu olhar, avisando da campainha. Fui para a sala. Deixei ela brincando no tapete perto do sofá, certa de que os brinquedos bagunçados seriam suficientes para entretê-la enquanto eu cumprimentava todos.

Marselha abriu a porta e três silhuetas vieram atrás dele. Sérgio foi o primeiro que apareceu no corredor, e eu sorri quando nos abraçamos. Raquel veio depois. Marselha apareceu atrás de mim depois do meu abraço com ela. Um outro sujeito (tinha lembrança do rosto quadrado dele. Estava entre os assaltantes novos; os reféns o reconheceram como o líder dentro do banco) se virou e veio na nossa direção.
-Então você é a namorada do Marselha, hein? -Ele me abraçou. Não esperava ser recebida tão calorosamente.-
-Isso -Marselha afirmou, beijando a minha bochecha.-
-Você...-Palermo disse, analisando o meu rosto. Eu antecipava o momento da trágica revelação.- você não me parece estranha.
-Claro. Eu era a Inspetora -Digo, demonstrando uma confiança que eu não sentia.-
-Aquela ruiva do urso azul? -Ele perguntou, rindo. Eu assenti.- a que sequestrou o Professor.
-É. Sou eu.
-Você não teve um bebê no reservatório de águas fluviais? -Sérgio aproveitou a deixa para se aproximar.-
-Falando em bebê, eu vim ver a Victoria, não vocês.
-Ela tá -Lancei meu olhar pro tapete. Victoria estava lá, sentada, como esperado, os olhos grandes fixos em um brinquedo colorido.- ali -Apontei.-

Palermo, Professor e Raquel se dirigiram interessados para perto dela. Os três se agacharam e se sentaram ao seu lado, disputando pra ver quem capturava mais sua atenção. Marselha permaneceu do meu lado. Senti o seu rosto se aproximar. Ele me beijou, e quando nossos lábios se afastaram, voltou o seu olhar para o tapete, para a Victoria.
-Ela almoçou tudo?
-Sim -Respondi.-
-O leite...
-Ainda tá saindo. Só que bem menos. Vou ter que começar a cortar -Meu namorado percebeu a tristeza na minha voz.-
-Ei -Lancei meu olhar para o seu rosto. Ele sorriu.- ela já tá crescendo. É isso.
-Eu sei.
-Podemos ter um outro bebê -Meus olhos se arregalaram enquanto os meus pelos se arrepiaram diante da proposta. Não consegui disfarçar a surpresa.-
-Não sei. Falamos disso depois.

Cortei o assunto.

Primeira Noite em Paris 2022Onde histórias criam vida. Descubra agora