Say you won't let go | Juke

Capítulo 9

Julie's PoV

Flashback on:

2016

Estava na livraria, atrás de um livro que eu queria muito comprar. Finalmente o encontro quando alguém para do meu lado.

— Jane Austen?– o recém chegado pergunta.

Ergo o livro e o mostro.

— Ela mesmo...– digo sorrindo.

— É minha autora preferida!– ele diz pra mim.

— A minha também!– digo sorrindo e pondo um cacho atrás da orelha.

— A propósito, sou Nicholas! Mas todos me chamam de Nick!– ele diz e estende a mão. A pego.

— Me chamo Julie!– digo sorrindo– Prazer em conhecer você, Nick!

— O prazer é todo meu, Julie!– ele diz e sorri.

Flashback off.

Abro os olhos e levo a mão ao travesseiro ao meu lado instantaneamente, apenas pra perceber que ele está desocupado.

Cheguei em Los Angeles há algumas horas e me recolhi em meu quarto. Meu quarto e de Nick...

Nos primeiros dias, eu não consegui nem entrar aqui. Mas, após um tempo, já conseguia entrar aqui sem chorar ou me lembrar dele e de nossos momentos.

Mas esse sonho...essa lembrança tão vívida do dia em que nos conhecemos logo agora que eu resolvi seguir em frente...mexeu comigo.

Resolvo me levantar para tomar um copo d'água. Sempre me acalma.

Desço as escadas cuidadosamente pra não tropeçar no escuro e chego à cozinha.

Meus olhos capturam a geladeira aberta e a silhueta de alguém parado em sua frente. Dou um grito de susto.

A pessoa se vira e mal posso acreditar em meus olhos.

— Luke?– pergunto

— Julie?– ele pergunta.

— O que você tá fazendo aqui?– perguntamos ao mesmo tempo.

Luke's PoV

Meu vôo chegou a Los Angeles já de madrugada e o trânsito até a casa foi bem tranquilo, já que quase não havia carros na rua. Chego na porta da casa Patterson e abro com minhas chaves, por sorte não trocaram a fechadura e entro com facilidade.

A casa está em silêncio e escura. Apenas a luz de alguns abajures está acesa. Os empregados devem estar todos dormindo. Ligo a lanterna do celular pra não tropeçar e acordar alguém ao andar pela casa. Também não vou ligar as luzes para não alarmar o pessoal a essa hora.

Ando devagar até a cozinha e abro a geladeira procurando algo para comer. Estava morrendo de fome. Não tem muito já que os empregados não estavam esperando que  chegasse alguém.

Estou me decidindo pelo bom e velho sanduíche de pasta de amendoim quando escuto um gritinho da porta da cozinha. Não acredito no que vejo quando levanto o olhar.

— Luke?– ela pergunta.

— Julie?– pergunto.

— O que você está fazendo aqui?– perguntamos ao mesmo tempo.

— O que eu tô fazendo aqui?– Julie pergunta– Não sou eu que devia estar do outro lado do oceano em Londres! O que você está fazendo aqui?

— Eu estava com saudades de vocês!– digo– Vim vê-las.

— E porque não avisou?

Não poderia contar a ela que o principal motivo era porque não estava preparado pra vê-la.

— Quis...fazer uma surpresa!– digo mentindo o melhor que posso.– Mas e você, porque veio mais cedo? Suas férias só começam daqui duas semanas.

— O aniversário da Rosalie é amanhã.– ela diz.

— Quem é Rosalie?

— Filha da Flynn com o Reggie!– ela diz.

— Aaah, sim!– digo– Ela vai fazer...um ano não é?

— Exatamente!– ela diz– Bom, acho melhor voltar pro meu quarto!– ela diz.

— Não, Julie. Espera...você veio fazer algo aqui não é? Não quero incomodar!– digo e pego as coisas da geladeira pra fazer meu sanduíche.

Julie anda até ela e pega a garrafa de água e um copo, coloca água no copo e bebe.

Não deixo de perceber o quanto ela mudou nesses quatro anos. Nos falávamos por vídeo chamada quase todo dia e havia visto algumas mudanças, tipo o fato dela ter cortado o cabelo. Mas, além disso, agora ela parece mais...adulta. Acho que as coisas que aconteceram com ela a moldaram e endureceram. Não julgo pois me sinto da mesma forma

– Sua mãe vai ficar feliz em saber que você tá de volta– Julie interrompe o silêncio

— Só ela?

— Imagina...A tia Vic também!– ela diz e ri.

— Você não mudou nada...– digo a ela.– Ainda é a mesma sarcástica de sempre.

— Ah é?

— Continua do mesmo jeito que me lembro– digo– Com exceção das vestimentas– aponto pro baby doll de seda que ela usava. Instintivamente, Julie coloca as mãos na frente do peito. Não adianta muito já que a roupa deixava pouco pra imaginação...

— Seu pervertido!

— Eeeeu? Quem pensou besteira foi você!– digo e rio.

— Você também não mudou nada!– ela diz.– Senti sua falta!

— Eu sei!– digo.

E ali estava ela. Sem a menor ideia do que eu sentia por ela. E, pela primeira vez, não me senti mal por desejar ela tão forte como eu desejo. Sinto quase como se ela estivesse disponível e fosse só mais uma paquera.

Mas não era.

— Fiquei triste com sua partida!– ela diz.

— Eu sei mas...eu precisei me afastar. Tudo ainda me lembrava ele. Você entende...

Ela assente.

— Sinto falta dele.– ela diz.

— Também sinto.– digo– Nós três nos divertíamos tanto juntos.

– Sim...– Julie diz– Sabe, sempre imaginei como seria se você namorasse alguém. Poderíamos sair nós quatro. Seria perfeito...– ela diz– Mas não dá mais pra ser assim.

— Não.  Não dá.– digo acabando o sanduíche e dando uma mordida.

Julie's PoV

Algo nele havia mudado.

O cabelo dele havia crescido e estava na altura dos ombros e ele tinha...uma postura mais imponente, mais dura, como se o tempo que passou fora tivesse o deixado mais maduro. Mais adulto.

— Bom, você vai ficar aqui?– pergunto.

— Bom, meu apartamento está em obras. E não consegui vaga em hotel algum...então vim pra ca.

— Ah, sim!– digo.

— Espero não ser um incômodo pra você!– ele diz.

— Sabe que não é. E além do mais, onde você ficaria se não aqui?– pergunto e me viro pra ir embora– Pode ficar, mesmo. O quarto de hóspedes é seu pelo tempo que precisar...

— Respondendo a sua pergunta, ainda tenho uns contatinhos de quando morava aqui. Poderia facilmente pedir abrigo a elas.

Aproveito que estou de costas pra ele e dou um sorrisinho subindo as escadas.

— Eu sei que você ta sorrindo!– ele grita pra mim.

— Senti sua falta...– digo baixinho– senti mesmo.