O dia seguinte já começou ruim, não por conta de alguém. Mas saber que teria que falar com as mesmas pessoas que praticamente jogaram a minha mãe fora me deixava no mínimo inquieta.
Eram podres, machistas, um bando de antiquados que acham que sangue é algo muito mais valioso do que laços, onde poder é rentável e atitudes tomadas em benefício próprio veementemente condenadas. Viva para o clã e se der sorte não terá ninguém tentando pisar em sua cabeça o chamando de inútil.
-Será que dá pra você relaxar por um segundo? - Shoko levantou a mão para me dar um peteleco na testa apenas para em seguida soltar o aparelho de pressão do meu braço - Desisto, faremos de novo depois que você voltar.
-Desculpe é só que... Me tira do sério
-O que eles esperam? - joguei a cabeça para trás passando as mãos pelo rosto e em seguida ajeitando os fios de cabelos soltos - Que eu estivesse esperando por uma oportunidade de fazer parte do incrivelmente ridículo clã deles?
-Pelo contrário, eles devem estar loucos para ter algum controle sobre você. Já que Satoru está fora de cogitação.
A mulher se sentou na própria mesa depois de mudar algumas pastas de lugar.
-O conselho te mantêm na linha e próxima, seu namorado... Bem, eles tentam. Acredito que o natural é apelar para o sangue e tentar reivindicar você de alguma maneira.
-O que soa ainda mais desesperado e idiota - respirei fundo, deixando meu corpo escorregar na cadeira. Shoko riu de leve antes de tratar de mudar de assunto.
- Mas como foi a viagem, sentiu mais alguma coisa depois daquele dia? Fiquei preocupada com a sua mensagem.
A encarei por um segundo antes de voltar o olhar para o chão - Não senti nada, mas Akira me fez marcar uma consulta instantaneamente. Um médico grego disse que provavelmente vou precisar entrar com algum remédio para controle já que as batidas extras aumentaram.
Levantei a mão para sentir meu coração, mesmo depois de anos ainda levava sequelas da alteração que fiz no tempo. Soube logo depois que acordei sobre a lesão e a parada cardíaca num dos órgãos mais importantes do corpo. Na época os médicos me tranquilizaram dizendo que a princípio poderia continuar minha vida sem grandes preocupações, mas de meses para cá tinha alguns momentos em que me sentia algo diferente.
Uma dor que acompanhava cada batimento.
-Gostaria que não comentasse nada com Satoru - disse esfregando as minhas mãos juntas - Depois de ir ao médico e ter os resultados eu falo.
-Mas ele não sente tudo que você sente? - me questionou.
-Só se eu quiser, a conexão vem da minha energia amaldiçoada. Satoru vê apenas o que deixo ele ver.
- E provavelmente não é nada. -Apoiei na lateral da cadeira e me levantei - Preciso ir pra essa maldita reunião, vejo você mais tarde. Me deseje sorte.
-Te desejo paciência, isso sim. - Shoko acenou enquanto caminhei para sair de sua sala.
Como estava fazendo a visita como alguém oficial da escola, precisei me vestir de maneira formal. E por formal se entende o meu uniforme jujutsu.
A cor preta já era padrão, minhas calças ganharam um corte mais justo e moderno tendo o material do lado de fora da perna em couro e a parte interna feita de um tecido mole e confortável. A cintura era alta, mas se escondia debaixo de um modelo de corselet de duas peças, a primeira delas me tomava o torso alcançando até o pescoço deixando os braços e ombros livres para manipular as minhas técnicas, um pequeno detalhe em triângulo invertido na na frente deixava uma pequena parte do meu colo exposto.
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Kairós - (Gojo Satoru x [Nome])
Fanfic*Sequência história Sýndesis* - Saga Sýndesis - Livro 2 Kairós (em grego: καιρός) O momento oportuno em que algo especial acontece. Os acontecimentos vivenciados no primeiro ano em Tóquio agora não passavam de lembranças. Depois de tanto tempo viven...