↞ Quebra do Destino

1K 174 27
                                    

*** - mudança de POV e/ou cenário



Me encontrava num estado completamente entorpecido, as pálpebras pesadas mal me deixavam enxergar o local onde estava. O pouco que via estava turvo e sem formas definidas, tinham fios ligados ao meu corpo e além deles tiras grossas de couro pareciam me prender a um tipo de cama de hospital. — Parece que nossa convidada de honra acordou — a voz chegou abafada aos meus ouvidos, mas reconheci como sendo da mulher que se chamava Vega. Tentei me mexer, mas não consegui, sequer tinha forças para movimentar os dedos. Uma risada ácida e sarcástica escorregou pelos lábios pintados de vermelho da mulher.

— Não tente fugir querida, precisamos de você para cumprir com o grande propósito de Prometheus e Deucalião a salvação desse mundo condenado. Essas raízes que apodrecem e causam caos. — a mão dela alcançou minha cabeça num afago doentio — Vocês usuários de jujutsu são uma praga e cabe a nós a grande missão de os eliminar da face da terra. Eliminando a semente antes mesmo de ser plantada.

Tengen, não tomava muito conhecimento para deduzir o que eles queriam, minha habilidade de manipular o tempo. Mais precisamente o poder de voltar no tempo.

— É inútil... Não posso mexer com o passado. — minha voz saiu falha e pausada já que meu peito estava apertado deixando ainda mais difícil qualquer comunicação.

Vega então colocou a mão na minha testa — Não se rompermos esse pequeno inibidor moral que você guarda bem aqui, eu já te falei. Sei tudo sobre você.

Nesse momento, disparos foram efetuados na sala e na canto mais distante havia um homem com a arma em punho mirando decisivamente na direção da mulher.

— Não é a maneira que as coisas deveriam ter acontecido, mas não posso deixar que faça isso Vega. — sua voz era grossa e trouxe alguma sensação desconhecida no timbre.

— Pacome — Vega levantou os braços e se afastou de mim — Ou deveria dizer Theodore Kismet? Perguntei-me por quanto tempo você manteria esse teatro tolo, suponho que queira cumprimentar a sua filha.

O homem parecia ter se livrado de todo sentimento, pois não se mexeu, manteve o dedo no gatilho e a mulher na mira.

Vega tentou dar um passo, mas ele disparou um tiro no chão próximo aos seus pés — Não disse que podia se mexer. Tire as amarras da garota.

— Tão frio — comentou movendo as mãos em direção das amarras e começando a me soltar — Está com vergonha? Posso deixar vocês sozinhos por alguns poucos segundos. Isso é... Antes de eu te matar.

Ainda estava com resquícios da droga no meu sistema então mesmo solta não havia muito o que eu podia fazer. Nem sequer tinha consciência o suficiente para reagir a recém-informação recebida sobre a identidade de Pacome. Isto é se houvesse algo para se reagir.

Honestamente Vice-Diretor Telles e Akio-san pareciam se encaixar muito mais na categoria pai do que um homem que eu não conhecia. Foquei minha visão e forcei as pernas e braços para fora da maca, perdi o equilíbrio, mas de alguma forma o mais velho estava por perto para servir de apoio.

Foi nesse momento que a porta se abriu com uma explosão que nos fez ser jogados para trás, da cortina de fumaça que se ergueu havia uma distinta silhueta masculina. Pensei por um segundo ser alguém que veio ao meu resgaste, um príncipe de cabelos brancos.

Porém, o aperto que veio depois foi instantâneo. As vestes escuras revelaram ser do comandante de olhar ametista, Ryker tinha os cabelos desalinhados, uma expressão maníaca e deixava um rastro de vermelho por onde passava.

— Você é um desgraçado Pacome, realmente me deu algum trabalho. Precisei usar um bom soldado para abrir a porta e não destruir a instalação. — o comandante pareceu sacudir o terno — É uma pena, eu gostava desse.

Enquanto no chão vi uma luta se desdobrar entre Pacome e Ryker, embora fosse visível a vantagem do comandante o outro tentava se manter. Enquanto isso Vega andou tranquilamente até mim.

— Por mais que quisesse conversar mais, chegou a hora de fazer o que estamos aqui para fazer. — a mulher tomou um bom punhado dos meus cabelos e o puxou me arrastando pelo chão liso da sala — Desculpe [Nome], mas você tem que morrer.


***


Akio parou num galpão velho após seguir as direções de Miller, foi lá que descobriu estar o terceiro dos sobreviventes gregos e antigos colegas de [Nome]. Aparentemente quando as coisas saíram do panejado pelo grupo, medidas provisórias foram imediatamente tomadas. Isso incluía uma monitoração precisa dos movimentos da Corporação Gaia.

O lugar era mal cuidado, repleto de ferrugem e tinha até um cheiro estranho, mas não é como se o grupo agora jurado de morte pudesse se hospedar normalmente num hotel. Conversavam entre si, combinando os próximos movimentos. Ayla, a antiga professora, repassava as informações traduzidas para o assistente rebelde e o aluno inesperado.

Satoru Gojo ouviu com atenção o que foi dito, porém, o garoto geralmente falante estava quieto causando uma estranheza inesperada em Akio-san. Aquilo não se parecia em nada com o aluno que conhecia.

Se Satoru fosse questionado, ele provavelmente admitiria. Havia algo de estranho, algo que nem ele mesmo conseguia entender. Mesmo que, ondas sonoras alcançassem seus ouvidos existia um silêncio perturbador que ecoava com as camadas mais profundas de seu âmago. O deixava inquieto e apreensivo de uma maneira que nunca havia se sentido antes; esteve vivenciando sentimentos que nunca chegara perto de imaginar sentir.

Como o medo.

Sorrateiro, se enlaçou naqueles mesmos fios que o ligavam a [Nome] e o mantivera preso numa teia de incertezas. O que era aquela promessa, até onde sua vida era sua e não parte de algo maior. Seu interior e personalidade eram inteiramente seus, ou ele não passava de uma réplica de alguém que já foi um dia.

Insegurança.

Se a garota morresse ele realmente teria sua vida ceifada sem escolha? Era jovem, tinha suas ambições e não queria morrer, tão pouco queria que [Nome] morresse. Satoru passou as mãos pelos cabelos claros os bagunçando, completamente frustrado.

Foi nesse momento que o destino gritou em seu ouvido, não via nada, não sentia nada além de uma dor excruciante. Não soube dizer em que momento caiu de joelhos no chão, mas curvado sobre o próprio corpo em desespero mantinha a testa apoiada contra o solo sujo do galpão.

Um lampejo de vermelho o fez entender, aquela dor não era só dele, aquele pequeno fio vermelho que unia o espaço-tempo estava prestes a se romper.






N/A - 2/10: Hooray! Mais ou menos porque esses dois sempre parecem estar sofrendo, mas logo logo o "destino alternativo" acaba e voltamos a programação boiola.

Vou retomar as regulares aos poucos .

Obrigada por me esperarem!

Até mais, Xx!

Kairós - (Gojo Satoru x [Nome])Onde histórias criam vida. Descubra agora