Realidade encontra Teoria

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Novamente me vi afundando no lago de brilhantes, um azul profundo iluminado apenas pelas esferas luminescentes que kairós mantinha flutuando em seu leito denso. Algumas maiores e coloridas outras pequenas e pálidas como pérolas, uma galáxia inteira refletida em escolhas.

Senti um aperto em minha mão então me lembrei que não estava sozinha, olhei por um instante nossas mãos entrelaçadas antes de reparar no olhar do meu acompanhante. Satoru tinha as pupilas se mexendo numa velocidade tremenda, até mesmo ele com sua capacidade enorme de processar dados devia estar tendo dificuldade lendo os milhões de caminhos e realidades que se ramificavam na linha das oportunidades.

Chrono se entrelaçou ao fio do destino contornando o braço dele até quase alcançar o ombro, diminuindo a velocidade das informações que chegavam a ele.

— Melhor? — perguntei e seu aperto se suavizou.

— Sim, obrigado — respondeu passando de leve a mão na lateral da cabeça — Estamos mesmo no fio?

— Dentro do que acredito ser ele, sim. — respondi — Trocamos nossas energias amaldiçoadas algumas vezes, meu palpite é que esse lugar nasceu disso.

Apertei sua mão entre a minha e indiquei com a cabeça para me acompanhar, conforme andávamos as esferas se mexiam, repelidas, como se fossemos ímãs de polos iguais.

— Seu Vazio Ilimitado ou o meu Palácio das Eras, são expansões de domínio das nossas técnicas; espaço e tempo. Esse lugar, esse espaço é outra coisa.

— Um domínio inato. Um território metafísico que existe na mente ou coração do feiticeiro. — Satoru completou e após olhar em volta por um instante continuou — Nesse caso dos feiticeiros porque quando juntas a minha energia e a sua se tornam um.

— É meu melhor palpite. — concordei.

Olhei para o horizonte infinito ainda tínhamos alguns anos de escolhas para voltar. Sons eram mínimos e pareciam ressoar das esferas luminosas numa estranha e silenciosa sinfonia.

— Antes de tudo acontecer pesquisamos sobre o início — disse e vendo que Satoru ficou confuso completei — Akio-san e eu. Para entender o motivo das técnicas se completarem.

Lembranças dos dias de pesquisa com Akio-san voltaram a minha mente, bibliotecas empoeiradas, paginas velhas com texto indecifráveis; mais dúvidas do que respostas sendo encontradas. — Não encontramos muito, mas na época tudo apontava para uma única conclusão: ambos poderes pertenciam a um único feiticeiro.

Satoru estava em silêncio, mas mesmo pelo fio, sentia os pensamentos correndo por sua mente já naturalmente acelerada.

— Houve alguém forte o suficiente para os separar, nos arquivos apareceu Ryomen Sukuna algumas vezes, mas nunca sozinho. — e continuei — Um segundo nome acompanhado do título de Imperatriz do Fim.

— Amarate. — o homem virou a cabeça para me olhar e eu acenei com a cabeça confirmando — Era um dos três grandes espíritos vingativos. Pelo que sei foi selada antes de ter início a caçada atrás de Sukuna e não houve mais relato nenhum depois disso. Como um shikigami pode ter relação conosco?

— Existe uma diferença entre shikigami e shinigami; Akio-san não desconsiderou um erro na reprodução dos manuscritos. Imagine governar sobre a morte por mais tempo do que o mundo é mundo... Até que então, surge alguém que ignora todas suas regras.

— Vingança, egoísmo, orgulho. Uma criatura como essa já não precisa de muito incentivo para matar, então com motivos; é fatal. — parei de andar por um segundo — Mas nunca tivemos a oportunidade de confirmar nada disso, são apenas hipóteses.

Kairós - (Gojo Satoru x [Nome])Onde histórias criam vida. Descubra agora