• capítulo 2 •

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➴ 𝐘𝐨𝐮𝐧𝐠-𝐈𝐋 𝐩𝐨𝐢𝐧𝐭 𝐨𝐟 𝐯𝐢𝐞𝐰❠

       Por conta da minha vida completamente virada agora, poderia jurar que já se havia se passado ao menos uma semana desde a minha conversa com a Srta Mi-Hi, mas isso aconteceu literalmente ontem.
        Estava livre de trabalho pela manhã e pela tarde, resolvi ocupar a minha noite editando as fotos que eu havia tirado semana passada na faculdade de artes cênicas. Sempre deixou tudo pra depois, e o “depois” chegou cedo pra mim.
         Era quase meia dia, e a meia hora atrás eu acabara de tomar um caneca de café escuro como os olhos da querida Mi-Hi. Nunca tomei um café tão amargo.
         O que não saia da minha cabeça, era um nome em específico, “Hwang Hyun Jin”, majoritariamente, o meu “superior”, ou ao perto disso. Nós não havíamos sido apresentados até agora, só o via pelas pesquisas na internet, e as vezes, em bancas de jornais, como agora por exemplo.
        Passei em frente pela banca aberta de jornal no centro da cidade. Vi o nome do Hyunjin como o título da matéria principal. Peguei uma cópia do jornal, e folheei cada página da notícia. Haviam mais cópias como essa. A polêmica envolta do nome dele se espalhou bem rápido pra uma terça-feira de manhã...

𝙃𝙮𝙪𝙣𝙟𝙞𝙣 𝙚 𝙅𝙞𝙣𝙨𝙤𝙪𝙡
𝙢𝙖𝙣𝙩𝙚́𝙢 𝙣𝙖𝙢𝙤𝙧𝙤 𝙟𝙤𝙫𝙚𝙢
𝙚𝙢 𝙨𝙚𝙜𝙧𝙚𝙙𝙤

       Soltei um riso anasalado. Quem liga pra quem ele namora ou não? Ele é famoso, dificilmente ficaria com alguém comum.

— Eu não tô namorando a Jinsoul, ta legal?

        Minha respiração travou por um segundo, quando vi o Hyunjin do meu lado, lendo a mesma matéria que eu. Que do caso, fazia dele o assunto.
        Era como se ele tivesse sido invocado por uma das milhares de propagandas que ele apresenta, e agora, estivesse do meu lado.
        O melhor que eu podia fazer, era agir como uma colega de trabalho, que é o que eu sou pra ele agora.

— Vocês ainda estão se conhecendo?

— Sou tão interessante assim? Por que ela iria querer me conhecer melhor? — ele questionou com o sol invadindo o campo de visão.

       Talvez ele nem conseguisse me ver direito.
       Dobrei o jornal como estava antes, e coloquei de volta na banca.

— A Jinsoul deu um depoimento pra matéria desse jornal. Ela negou veementemente. Dava pra sentir a raiva dela só de ler. Os artigos não falaram muito de você. Te chamam de “namorado da Jinsoul” e esquecem que você é um modelo nacional — talvez eu tenha dito mais do que devia

        Ele me olhou confuso com o cenho franzido.
        Coloquei as mãos nos bolsos e encolhi os ombros. Já tirei foto de outras pessoas famosas pra capas de revistas. Mais famosos que ele. Então por que dessa vez eu me sentia tão nervosa?

— O que foi? — tentei tirar uma resposta dele

— Então você sabe quem eu sou?

— Sim — dei uma resposta rápida — Era pra guardar segredo?

      Ele não riu, ao contrário, ficou me encarando.
      Hyunjin agia tão formalmente, mesmo com o nome dele manchado pelas agências, ele atuava como se os rumores não existissem e não importassem.

       Ele balançou a cabeça, afastando pensamentos.

— Só digo que — ele estendeu uma mão pra reformular a fala — É estranho que você ache injusto eu ser esquecido na matéria e ser lembrado só como o namorado da Jinsoul, que por sinal, é mentira. Eu tô acostumado com o meu nome ser vinculado com o de outras pessoas, então eu tô bem. Com o tempo eu me acostumei. Pra Jinsoul, eu sou um namorado, e pra você, eu sou um lunático.

      Abri minha boca, mas não pensei em uma boa resposta. Então juntei minhas mãos e respirei fundo.

— Eu não diria lunático. Esquisito soa melhor pra você — ele subiu as sobrancelhas — Me passa o seu número. Te ligo quando quiser te ver de novo.

— Me passa o seu — ele estendeu a mão, pedindo meu celular — Eu te ligo quando não tiver nada pra fazer.

        Justo.
       Abri o contato do meu número, e entreguei meu celular.
       Ele anotou o número no próprio celular, e salvou meu contato.
       Ele era delicado, mas esquisito demais. Só salvou meu número e foi embora indo na direção contrária.
        Fiquei sem rumo. Nunca terminei uma conversa sem me despedir da outra pessoa. Essa foi a primeira vez.

➴ 𝐌𝐢-𝐇𝐢 𝐩𝐨𝐢𝐧𝐭 𝐨𝐟 𝐯𝐢𝐞𝐰 ❠

       desde pequena, a cafeína sempre me fez mal. Igualmente a pessoas carentes demais. Largadas demais. Dramáticas demais, e poetas demais.
        E igualmente a tudo que me faz mal, eu convivo.
        A única cafeteria que presta em Busan, é a Leelix Café's. A dona é uma senhora de sessenta e poucos anos. Ela é gentil e atenciosa, por mais que as únicas palavras que trocamos uma com a outra seja sobre o “crédito ou débito”.
        As colunas nas paredes eram de tijolos claros, decoradas com fotografias de paisagens ou as próprias comidas do Café.
        American coffee
        Escolhi e paguei em dinheiro. Pra viagem.
        Recebi em uma embalagem descartável, com meu nome assinado. Olhei as fotografias nas paredes uma última vez, e ao contrário das outras semanas, um estava diferente.
         Era uma fotógrafia grande da silhueta de uma mulher contra o Sol. Os ombros estavam nus e o cabelo preso e bagunçado. Pelo pouco que eu conseguia ver, a silhueta não me era estranha.
         “W.Y.” era o nome da foto.

— Essa foto é rudimentar demais — soltei um riso anasalado

       Até mesmo a velha senhora, que da qual nunca troquei mais de três palavras, se aproximou de mim

— Algo de errado senhorita? — ela perguntou gentilmente

— Essa foto. Você sabe quem tirou?

— Meu filho tirou essa foto. Ele tira fotos por diversão. Ele está no último ano da KArts.

— Quero levar o quadro. Vou emoldurá-lo.

        Ela me olhou boquiaberta, e riu como se fosse uma piada. Pela minha expressão, não era. Ela calou o riso no mesmo instante.
        Ajudei a tirar a foto da parede. Era um pouco grande demais pra uma foto convencional, do tamanho do meu tronco inteiro.
         Com a foto nas minhas mãos agora, a pequena placa com o nome do quadro agora não tinha nada o que nomear na parede.

— O que seria “W.Y”?

Ah, é o nome da moça na foto. Ela ajudou meu filho a tirar essa foto ao pôr do Sol. “W.Y” é abreviação de Woong Young-IL.

        Fiquei impressionada. Primeiro, boquiaberta. Logo pensei “Seria estranho ter uma foto dos ombros semi-nus da fotografa da minha empresa emoldurados na parede do meu escritório?” sorri de canto, e agradeci a velha senhora por me dar o quadro.
         Iria emoldurá-lo, e pendurar o quanto antes.

𝙋𝙄𝙉𝙏𝙐𝙍𝘼 • 𝐻𝑦𝑢𝑛𝑗𝑖𝑛Onde histórias criam vida. Descubra agora