• capítulo 10 •

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➴ 𝐘𝐨𝐮𝐧𝐠-𝐈𝐋 𝐏𝐨𝐢𝐧𝐭 𝐨𝐟 𝐯𝐢𝐞𝐰 ❠

     Bati três vezes na porta de madeira, esperei por pouco tempo.
     Já fiquei nervosa outras vezes, mas nunca por esperar uma pessoa do outro lado de uma porta. Talvez ele não quisesse realmente me ver, talvez tudo isso fosse um erro e eu só esteja me empurrando pra morte certa, eu talvez ele só me cumprimente como uma pessoa normal, que foi exatamente o que ele fez quando a abriu a porta e eu só conseguia encará-lo com mil pensamentos na minha cabeça.
     Juntei minhas mãos, me curvei como cumprimento, e esperei que ele começasse a falar primeiro, por que eu não fazia ideia do que dizer.

— Eu disse que precisava te entregar uma coisa, e realmente precisava

     Ele estendeu a mão, segurando uma caixa lilás com uma fita branca. Era um presente, mas não era meu aniversário ou natal.
     Ele continuou.

— Isso é por eu ter quebrado sua câmera por acidente em Jeju

     Eu agradeci e abri a caixa aos poucos. Entreguei a fita ao Hyunjin e tirei a câmera da caixa de presente. Senti meus olhos brilharem no primeiro segundo que a vi.
      Era uma câmera digital cybershot, a alegria de qualquer um que viva da fotografia.

— Como conseguiu comprar isso? É cara demais — perguntei analisando cada parte da câmera

— Achei em uma loja de departamento em Gangnam

— É incrível. Ainda não tinha sido inventada quando comprei aquela câmera antiga

     Tirei o protetor de lente, e liguei a câmera, que esticou a lente de zoom pra frente com um som robótico. Apontei pro Hyunjin, vendo ele através da câmera. A qualidade era incrível. Ele sorriu e acenou pra câmera.
      As configurações de HD interno eram bem mais extensas de entender.
       O Hyunjin colocou as mãos nos bolsos da calça de moletom.

— Quando uma empresa contrata você, normalmente eles tem um vasto acesso a sua vida — concordei, por mais que não prestasse atenção no que ele dizia — Em relação a Modelle, eles seguem os mesmos parâmetros. Sua escola de infância, seus antigos trabalhos, seu número pessoal de contato. A única pessoa que tem acesso a isso, é a Mi-Hi. Ela soube da sua antiga escola, e da sua família.

       Meu sorriso fugiu do meu rosto. Coloquei a câmera de volta na caixa, e fechei a tampa

— Ela sabe? — questionei

— Você disse que se encontraram hoje. Ela não te contou sobre nada?

      Ela havia me dito muitas coisas, mas nada sobre mim, só sobre ele. Mas só neguei isso em silêncio.
      Ele cruzou os braços, e parecia procurar um bom jeito de seguir com essa conversa sem ser constrangedor por alguma razão.

— Você estudou no Colégio Sungkyunkwan quando era pequena. E se submetia a algumas coisas por dinheiro. Foi o que a Mi-Hi descobriu sobre você

      Não me incomodava o fato de que ele soubesse, o que me incomodava, era o fato de que aquela época ainda me persegue, e agora, eu me sentia completamente exposta na frente dele.
       Sentia como se tivesse voltado na época do colégio. Não sentia isso a muito tempo.

— Muitos adolescentes precisam descontar a raiva. É uma coisa comum, pelo menos ganhava alguma coisa por isso.

— Ninguém deveria ganhar dinheiro pra ser espancado abruptamente

— Isso é óbvio — senti um nó subir pela minha garganta — As pessoas que me pagavam por isso, só acreditavam em mim depois do primeiro golpe. Me pagava pra me manter calada. Aquela época durou em média cinco meses. Todos foram denunciados pro Conselho Educacional.

      Acho que tudo era um pretexto. Ele não acreditaria nessa história se não fosse contada por mim.

— Como se sente sabendo que fui paga pra isso? Você odeia esse tipo de coisa.

— Claro que odeio.

— Se tudo foi resolvido, então não tem com o que se preocupar.

— Eu posso muito bem fingir que você não se submeteu. Mas eu não quero isso. Mesmo que tenha passado, ainda aconteceu, e não deixaram de acontecer só fingindo ignorar.

— Por que você se preocupa tanto comigo?

— Por que eu quero

     Ele tirou as mãos do bolso, junto com o laço que eu havia entregado antes.
     Ele pegou a caixa das minhas mãos, e deu um jeito de refazer o laço na caixa, e me entregou de volta. Por alguma razão, tudo o que ele fazia, era gentil comigo.

— A Mi-Hi também me contou. Foi você que apagou as fotos íntimas da Yeji. Descobriu quem vazou as fotos?

      Senti meu rosto avermelhar

— Estava no computador da equipe de fotografia em Jeju. Um cara que perseguia a Yeji pra todo canto. Sabia que tinha alguma coisa de errado com ele. Só apaguei as fotos e avisei a Yeji. Não sabia que queriam manter isso em segredo dela, peço desculpas por ter contado.

— Não tem problema. Você salvou a Modelle de uma grande polêmica.

      Dei de ombros

— Talvez eu tenha feito a coisa certa dessa vez

— Você sempre faz

      Ele acenou, e voltou pro quarto de hotel, fechando a porta.
      Conseguia ouvir e sentir meu coração bater dentro de mim. Abracei a caixa de presente contra o peito, e me apoiei na parede.
      Droga.

𝙋𝙄𝙉𝙏𝙐𝙍𝘼 • 𝐻𝑦𝑢𝑛𝑗𝑖𝑛Onde histórias criam vida. Descubra agora