• capítulo 1 •

5.1K 263 100
                                    

➴ 𝒀𝒐𝒖𝒏𝒈-𝑰𝑳 𝒑𝒐𝒊𝒏𝒕 𝒐𝒇 𝒗𝒊𝒆𝒘 ❀

       Um fotógrafo não ganha tão bem como em outras profissões, mas também temos um trabalho legal se é feito com amor. Não é só a questão de fotografar uma paisagem, e sim, conseguir transmitir qualquer tipo de sentimento, até os piores deles.
        Sabe oque é um sentimento ruim? O de ter que conversar com um velho chato só pra conseguir um trabalho como fotografa.
         Eu moro com a minha melhor amiga, Areum Soo-Min, uma escritora amadora, mas que fica comigo em todos os momentos, como esse por exemplo.

— Quanto tempo Soo-Min — o velho disse enquanto enchia um copo de whisky — Continua com esses seus livros amadores? Ouvi dizer que não mudou muito desde a faculdade.

— São amadores, igual as suas fotos de mulheres semi-nuas — ela respondeu firme

— Continua arrogante. — o velho retrucou

— Eu tenho meu próprio negócio, e o Senhor?

— Meus negócios, meu dinheiro, minhas regras — ele tomou o whisky em um gole — Parece bom pra mim, e você? Em questão ao dinheiro, vocês duas não parecem ter muito...

— O nosso dinheiro, ou nossos negócios, não são de seu interesse. Por que eu te respeitaria e estenderia minha mão se você mesmo tentou me assediar na época da faculdade?

— Se quer relembrar o passado, por que teve que vir aqui? Você sempre complica tudo Soo-Min, você sempre foi assim, que saco — ele bateu na mesa de madeira — Da próxima vez que vier, que seja no meu funeral.

— Não vou fazer questão de ir.

        Eu me levantei, olhando pra Soo-Min quase implorando pra ela parar de irritar ele...

— Senhor, seria melhor deixar esses assuntos de lado — eu disse

— A primeira vez que você diz algo descente — ele debochou de mim

— O senhor poderia por favor me dar o trabalho de fotógrafa de uma empresa? Preciso que o Senhor me indique.

— Quer que eu te indique?

— Quero, muito. Qualquer empresa, por favor.

        Ele não respondeu. Só gritou para que nós saíssemos da sala dele, e assim fizemos. A esposa megera e irritadiça dele fechou a porta da nossa cara. Já estava de noite, e toda essa discussão deixou a Soo-Min ainda mais irritada.
         Eu abracei ela, e deixei que afundasse o rosto no meu ombro. Esse era o verdadeiro significado de "Ombro Amigo"?.
         Ela murmurava algumas coisas,e tenho certeza de que metade eram palavrões, mas eu não entendia nada. Só acariciava o cabelo dela, repetindo que tudo ficaria bem.
         Fomos pra uma loja de conveniência no centro de Seul. Uma pequena loja que vendia desde doces, á produtos de limpeza, e tudo por um preço bem barato. Era a loja perfeita. A Soo-Min sempre gastava dinheiro com coisas desnecessárias quando se irritava demais. Todos os produtos que ela pegava, ela jogava na cesta com muita raiva.
         Eu seguia atrás dela, tentando manter o controle de algo, até então, e descontrolável: a raiva da Soo-Min pelo velho professor...

— Fotógrafa de meio período o cu seu, você não é mais aluna dele, não precisa ter que implorar pra ele te indicar. Do jeito que ele é, ele vai pegar o seu pagamento, e no fim, você vai trabalhar de graça.

— Se isso acontecer mesmo, pelo menos vou ter mais um trabalho pra colocar no meu currículo. Ganhando por isso ou não. Vai ser bom pra minha carreira.

— Já conheci velhos chatos, mas ele supera todos os que eu já conheci — ela jogou a embalagem de lamen na cesta, e segurou minhas ambas mãos. Arregalei o olhar surpresa — Promete que não vamos envelhecer e ficar igual á ele.

— Claro que não vamos. — coloquei a mão no ombro dela — Somos jovens. E legais.

— É, já somos alguma coisa.

        Ambas soltamos um riso anasalado...

— Soo-Min, você acredita em destino? — ela me olhou apática, como se “destino” fosse a coisa mais idiota que ela já ouviu na vida — Eu acredito se for bonito. — ela me olhou ainda decepcionada — Deixa pra lá

        Ela continuou seguindo do corredor do mercadinho.
        Eu fiquei um pouco pra trás quando recebi uma notificação no meu celular. Era um gmail na minha caixa de mensagens. Não sabia quem era, mas estava endereçada á mim...

𝙈𝙊𝘿𝙀𝙇𝙇𝙀
      𝘵𝘳𝘢𝘣𝘢𝘭𝘩𝘰 𝘤𝘰𝘮𝘰 𝘧𝘰𝘵𝘰́𝘨𝘳𝘢𝘧𝘢 𝘥𝘰 𝘮𝘰𝘥𝘦𝘭𝘰
𝘏𝘸𝘢𝘯𝘨 𝘏𝘺𝘶𝘯 𝘑𝘪𝘯.

𝘴𝘵𝘢𝘵𝘶𝘴: 𝘈𝘤𝘦𝘪𝘵𝘢

       Quase pulei pra cima da Soo-Min pra contar a novidade. Ela jogou um pacote de biscoitos na minha cabeça. Ele abriu. E pagamos por ele.

꧁꧂
𝟙 𝒅𝒂𝒚 𝒂𝒇𝒕𝒆𝒓

        A Soo-Min me ajudou a escolher a roupa que mais me fizesse parece alguém “profissional” pra entrevista com a CEO da Modelle, a Srta Young Mi-Hi.
       Ela escolheu o ponto de encontro. De manhã, bem cedo, no Leelix Café's. Tudo cheira a pão fresco. O lugar era silêncio, só se ouvia os talheres batendo contra as porcelanas, mas quase não faziam barulho quando isso ocorria. Não estava tão cheia, talvez por isso ela achou uma boa ideia nos encontrarmos aqui. Tudo me trazia a sensação de conforto, com os móveis de madeira, e flores simplistas em todos os cantos.
          Ela teclava no tablet dela quase todo o tempo. Ela, havia pedido um café simples, e eu, um espresso. Éramos bem diferentes.
          Como ela não dava sinais de querer começar o assunto, eu comecei primeiro.

— Eu sou a fotógrafa na linha de primavera.

— É a Srta Young Woong-IL, a fotógrafa indicada do deputado?

— Você trocou. É Woong Young-IL. E eu fui aceita pela indicação do meu professor pro deputado.

        Ela me olhou de cima a baixo

— Você é rica?

— Não necessariamente.

— Por um momento, achei que tivesse subornado pra conseguir esse trabalho. Eu sei que o Deputado Kim é só um capacho pra mim. O que faz de você o capacho do capacho.

— Eu já tô sentindo que vou me arrepender de trabalhar pra você.

— Trabalhar pra mim não é o tipo de trabalho que qualquer um consegue ter.

— Eu estou bem ciente disso.

          Ele riu enquanto mirava a atenção pro tablet. Ela clicou as últimas três vezes, e passou o tablet pra mim, aberta em uma imagem de um garoto. Parecia ter a minha idade, ou um pouco mais novo. Esse, era o Hwang Hyun Jin
        Ela se encostou na cadeira, cruzou as pernas e os braços, deixando escapar um suspiro cansado...

— A única coisa que me incomoda — ela admitiu — É o fato de um político ter te contratado sem pedir minhas opinião. Fiquei com medo de que você fosse metida igual ao deputado, mas, por enquanto, acho que não é.

— Eu realmente só me submeti a esse trabalho pra ganhar reconhecimento. O resto não importa.

       Ela ouviu minhas palavras sinceras, e deu de ombros

— E eu com isso? — ela respondeu com arrogância, e logo sorriu — Só tô te tratando assim, por que o trabalho já é seu

— Você ainda vai me enlouquecer completamente.

         Nós nos levantamos e apertamos as mãos em sinal de um acordo formado.
         Eu receberia a agenda de trabalho a partir de manhã. Só naquele aperto de mão, eu revirei meu mundo trinta vezes sem pausas, e agora, eu precisava me acostumar á isso...

𝙋𝙄𝙉𝙏𝙐𝙍𝘼 • 𝐻𝑦𝑢𝑛𝑗𝑖𝑛Onde histórias criam vida. Descubra agora